quarta-feira, 26 de outubro de 2022

GREGOS, DEUSES, MITOS E NOSSOS DIAS

Por Paulo Roberto Carvalho de Almeida (*)

A Grécia antiga tem influenciado muitos povos, desde a antiguidade até os dias atuais. Os gregos tinham uma mitologia muito rica, inúmeros deuses e deusas, que também eram mitos. Entre eles, havia um, considerado deus supremo, senhor dos céus e da luz, que despejava raios e fazia chover, o que fazia brotar, na terra, a vida. Seu nome era Zeus. Daí alguns dizem, ter se originado a palavra Deus. Outro deus-mito – parente do primeiro, pois eram da mesma natureza – controlava o mundo subterrâneo, da escuridão e das sombras. Era chamado Hades, senhor do que depois se chamou inferno. Era o mito da morte, que se opunha à vida. Houve muitas versões desses mitos/deuses ao longo da história. Hitler foi um deles. Alguém tem dúvida de qual foi sua inspiração?

Na alegoria da caverna de Platão, seres prisioneiros de si mesmos enxergam eles próprios e objetos do mundo real como sombras, pois o fogo que ilumina a caverna está distante e rodeado de obstáculos. Assim, aquelas imagens distorcidas e veladas pareciam-lhes ser a primeira e única representação do mundo possível.

A Psicologia, principalmente junguiana, traz os conceitos de luz e sombra como elementos da Psique. Cada um de nós porta em si arquétipos milenares que, de alguma forma não completamente compreendida pelo racionalismo científico, fazem parte de nós, nos constroem e/ou, nos destroem. A tomada da consciência da sombra que existe em todos nós é um passo essencial no caminho do autoconhecimento. O desafio é tentar compreendê-la e integrá-la à luz da consciência, na realização de si mesmo.

Numa variação antropológica do mesmo tema, há a lenda dos dois lobos, dos índios cherokees. Nela, o pequeno índio sente-se confuso em situações do dia a dia, dividido entre sentimentos conflitantes: de um lado, ódio, raiva, crueldade, inveja, egoísmo, ressentimento, intolerância e desejo de violência; do outro, amor, serenidade, humanidade, empatia, generosidade, compaixão e desejo de paz. Pergunta, então, ao ancestral nativo:

– Vô, disseram que tenho dentro de mim dois lobos, um bom e um mau. Mas como vou saber qual o lobo que vai ser o mais forte? O que vai me dominar?

E a resposta do ancestral:

– O que você alimentar!

Nos tempos atuais (como em todos os tempos), temos uma escolha. Qual alimentar?

(*) Médico patologista e professor da UFC. Musicólogo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/09/2022. Opinião. p.19.

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