Por jornalista Tarcísio Matos,
de O Povo
Doze é melhor que uma
dúzia
Educação no trato é tudo num mundo que nem
esse, onde bom dia e boa noite, com licença aí e foi mal passam longe das oiças
do coração. Com Mundico de Solimar, no entanto, a deferência respeitosa toma
ares de lei. Tudo é ‘pedido de colega’, ‘posso dar o grau?’, ‘cuma-lhe vai?’.
Um cavalheiro – o derradeiro assim que nem ele, pelo menos que eu tenha
notícia, foi Dom Hélder do meio pro fim.
Afinado
de tal sorte com as gentilezas, até pra mandar o outro se lascar ele envolve o
verbo de eufemismos ao ponto de o desafeto se desmanchar em desculpas,
sentindo-se o próprio ofensor. As penúltimas dele: “Cunha, com todo respeito -
um republicano fí duma égua”; “Renan, filósofo francês do século 19: gabarito.
O hodierno da casa - o tipo da pessoa!”
A
última de mestre Mundico de Solimar. Diante dos desastres prováveis advindos
das reformas trabalhista e previdenciária do governo Temer, mandou brasa:
- O senhor é um fí duma égua, mas no bom sentido!!!
Amor e Alzheimer
Pense num amor
roxo! Mas, não correspondido, o que fez Dadau? Empurrou o pau na cana. Já no
ponto de tanto beber, buscou auxílio. A velha Mimosa deu vários conselhos: 1º)
Outra paixão. “Cace uma cunhã que vá com a sua natureza, entendeu?” Dadau
compreendeu, mas, quedê forças pra tirar a ex-criatura da cabeça? 2º)
Espairecer. “Namore, fresque, se amigue, se amancebe...” Nada! - A força do
pensamento é fundamental! Querer é poder – afirmava a terapeuta. 3º) Oração
salvadora. “Faça a prece para o esquecimento de antigo amor: Senhor, ouve a
minha oração e escuta o pedido aflito de meu coração que sangra e se arromba
por perder o amor que acalentava...” Nada! 4º) Simpatia na pessoa. “Faça aquela
que é tiro e queda: pedra azul no bolso, entre na igreja, num domingo, e ore ao
arcanjo Miguel logo na entrada, pedindo iluminação e felicidade”. Nada!
Pedindo
já penico, em frente ao Frotão da Parangaba, exclamou tão fervorosamente que
Jesus dignou-se a aparecer, na figura de vendedor de coxinha:
- Só tem um jeito de tirar essa mulher da minha vida,
Mestre!
O
galileu, prestimoso, pergunta qual a solução. Dadau, contemplando o Senhor
embevecidamente, diz:
- Um Alzheimer caprichado!
Doze é melhor que uma
dúzia
Ensina o ditado
que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não menos verdadeiro é o
que acentua: “O homem que urina não sabe o valor de uma mijada”. Melhor é o que
prega: “Pelo que eu sei da Praça Onze, só restam uns Nove hoje em dia lá...”
Sem contar aqueloutro: “Elefante com medo de rato é como um caçote com medo dum
rola-bosta”. Genial mesmo é o que destaca: “Tanto faz correr como saltar, e
tanto faz meter o pé na carreira como pular”.
Com
estes raciocínios, anuncio-lhes o pensamento biritativo-cartesiano do pinguço
João Leudo, morador dos confins de Quintino Cunha:
- Doze é melhor que uma dúzia. Quem disser que não,
desconhece quanto vale 6 mais 6! Ou 4 vezes 3. Sabe lá, 10 mais 2...
Fonte: O POVO, de 18/03/2017.
Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.8.
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