quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

100 ANOS APÓS...


Por Weiber Xavier (*)
A pandemia de 1918, conhecida como "gripe espanhola" afetou cerca de quinhentos milhões de pessoas, dizimando cerca de um terço da população mundial, aproximadamente 50 a 100 milhões de pessoas, a mais letal doença na história da humanidade. Na época não se sabia a causa e alguns a referiam como uma "praga bíblica". Hoje se sabe através do conhecimento das sequências genéticas de espécimes congelados a causa viral (vírus da influenza H1N1) dessa tragédia.
Apesar do avanço das técnicas genéticas e biologia molecular, no diagnóstico e conhecimento imunológico, algumas questões permanecem desafiadoras, particularmente com o aumento da população mundial e o seu fácil deslocamento.
O vírus da influenza H1N1 causa uma broncopneumonia de evolução rápida e letal levando à insuficiência respiratória grave, necessitando de ventilação mecânica e cuidados de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Na análise de estudos sobre a epidemia de gripe por H1N1 de 2009 dentre as características clínicas dos pacientes observou-se que 15 a 30% dos pacientes infectados foram hospitalizados, dos quais 25% dos pacientes precisaram de cuidados intensivos (UTI), com uma mortalidade observada entre 14 e 28%. 
Cerca de 65% dos pacientes admitidos à UTI necessitaram de intubação e utilizaram uma média de oito dias de ventilação mecânica. Estima-se um aumento de até 45% dos recursos em UTI numa possível próxima epidemia. 
Uma demanda considerável para os nossos já sobrecarregados hospitais.
Os recursos que podem ser necessários em UTIs para administrar uma possível nova pandemia causam preocupação, particularmente em nosso meio, onde já vivenciamos limitação de leitos de UTI e recursos em saúde.
A possibilidade de que mais de 2 milhões de pessoas precisem repentinamente de cuidados intensivos com suporte ventilatório é um lembrete assustador dos desafios da pandemia de gripe.
100 anos após, estamos preparados para uma nova pandemia?
(*) Médico e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/12/2018. Opinião. p.14.

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