Márcia Alcântara Holanda (*)
"Vício é um hábito repetitivo que, leva a pessoa e seus
conviventes a terem prejuízos físicos, emocionais ou sociais". "Vício é
uma doença bio-psico-social", diz a
OMS.
Digo que sou uma caixa de
vícios, atualmente fechada, mas que poderá por algum motivo físico ou
emocional, voltar a se abrir, por não ter cura.
Para mantê-la assim, fui
psicanalisada e estudei o fenômeno vício, cientificamente, por leituras e
cursos Mooc como: The Addicted Brain por Michael Kuhar da Emory University e
Synapsis Neurons and Brain de Idan Segev da Hebrew University of Jerusalen.
Uma questão vital para se
alcançar esse controle, é saber porque se fica viciado. Os fatores mais
frequentes que levam alguém ao vício, são: ser filho de pais viciados ou
ausentes, ter sofrido traumas emocionais ainda no útero ou na infância, ter
baixa da autoestima e outros mais.
O protagonista de nossos
vícios é o neurônio, célula nobre do Sistema Nervoso central.
A Neurociência diz que
essa célula, tem "inteligência" própria, muda de acordo com assédios
bio-psico-social. Remodelam-se, renascem, geram novos, de acordo com hábitos de
cada um de seus donos.
As drogas são até agora as
campeãs em gerar vícios, mas um novo elemento surge agora, via tecnologia da
comunicação. São as telinhas dos smartphones, iPads, computadores e TV
provocando vícios que levam ao atraso do desenvolvimento pessoal e do
aprendizado comum das crianças. Um artigo do The New York Times republicado
pela Folha de S.Paulo no último dia 25, diz que experts da tecnologia afastam
seus próprios filhos de tablets e smartphones, porque há evidências de que o
uso descontrolado desses aparelhos viciam muito crianças e adolescentes. Além
desse atraso, ainda geram nelas, doenças psíquicas, como ansiedade, depressão,
obesidade e outras.
O estimulo das telinhas,
promovem nos neurônios o desencadeamento de prazeres efêmeros, semelhantes aos
das drogas e levam à compulsão para com seu uso doentio.
Bill Gates e Steve Jobs
não permitiram que seus filhos usassem iPads e smartphones, antes de
ultrapassarem a adolescência. Precisamos logo agir, antes que as telinhas dizimem,
sem piedade, o aprendizado necessário à vida e o bom controle emocional das
gerações por vir.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de
Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/12/2018. Opinião.
p.17.
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