quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

TELINHAS, TELAS, TELONAS E OS VÍCIOS


Márcia Alcântara Holanda (*)
"Vício é um hábito repetitivo que, leva a pessoa e seus conviventes a terem prejuízos físicos, emocionais ou sociais". "Vício é uma doença bio-psico-social", diz a OMS.
Digo que sou uma caixa de vícios, atualmente fechada, mas que poderá por algum motivo físico ou emocional, voltar a se abrir, por não ter cura.
Para mantê-la assim, fui psicanalisada e estudei o fenômeno vício, cientificamente, por leituras e cursos Mooc como: The Addicted Brain por Michael Kuhar da Emory University e Synapsis Neurons and Brain de Idan Segev da Hebrew University of Jerusalen.
Uma questão vital para se alcançar esse controle, é saber porque se fica viciado. Os fatores mais frequentes que levam alguém ao vício, são: ser filho de pais viciados ou ausentes, ter sofrido traumas emocionais ainda no útero ou na infância, ter baixa da autoestima e outros mais.
O protagonista de nossos vícios é o neurônio, célula nobre do Sistema Nervoso central.
A Neurociência diz que essa célula, tem "inteligência" própria, muda de acordo com assédios bio-psico-social. Remodelam-se, renascem, geram novos, de acordo com hábitos de cada um de seus donos.
As drogas são até agora as campeãs em gerar vícios, mas um novo elemento surge agora, via tecnologia da comunicação. São as telinhas dos smartphones, iPads, computadores e TV provocando vícios que levam ao atraso do desenvolvimento pessoal e do aprendizado comum das crianças. Um artigo do The New York Times republicado pela Folha de S.Paulo no último dia 25, diz que experts da tecnologia afastam seus próprios filhos de tablets e smartphones, porque há evidências de que o uso descontrolado desses aparelhos viciam muito crianças e adolescentes. Além desse atraso, ainda geram nelas, doenças psíquicas, como ansiedade, depressão, obesidade e outras.
O estimulo das telinhas, promovem nos neurônios o desencadeamento de prazeres efêmeros, semelhantes aos das drogas e levam à compulsão para com seu uso doentio.
Bill Gates e Steve Jobs não permitiram que seus filhos usassem iPads e smartphones, antes de ultrapassarem a adolescência. Precisamos logo agir, antes que as telinhas dizimem, sem piedade, o aprendizado necessário à vida e o bom controle emocional das gerações por vir.
 (*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/12/2018. Opinião. p.17.

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