Por Oswaldo Gutiérrez (*)
Parece
que foi há pouco tempo, transporto-me a 1958, quando cheguei em Fortaleza para
cursar a Faculdade de Medicina da UFC. Qualquer apreensão com o futuro vai
desaparecendo pela recepção carinhosa da turma com a qual permaneço unido até
hoje. Em nossos encontros comemorativos, relembramos com saudade, os momentos
alegres e também os difíceis dos seis anos de vida acadêmica. Quem não se
lembra, nas disciplinas básicas, do assombro de nossos olhos ao primeiro
contato com o corpo humano, no anfiteatro de Anatomia? Das angústias com as
provas de Fisiologia que ocorriam a intervalos semanais? E dos temidos exames
finais de Bioquímica? Hoje, lembramos de tudo isso com emoção aliviada.
No
terceiro ano do curso, passamos a frequentar enfermarias, ambulatórios,
emergências e laboratórios do Hospital Universitário. Três anos depois,
chegamos ao internato, período em que sedimentamos os conhecimentos adquiridos
no currículo médico. No contato direto com o paciente, vivemos o entusiasmo em
aprender a arte do fazer médico. Nesse momento, alguns dentre nós já começaram
a pensar que área médica escolheriam em sua vida profissional.
Ao
final do internato, concluído o curso, veio a grande emoção coletiva da
esperada formatura, em que recebemos o Diploma Médico na Concha Acústica da
UFC. Terminado o ano de 1963, a maioria dos colegas parte em busca de hospitais
de prestígio com a finalidade de realizar residência médica, tão necessária à
consolidação do que aprendemos ao longo do curso e, claro, importantíssima para
o exercício de nossa profissão.
Há,
então, uma ruptura do nosso dia a dia, mas o tempo de convivência deixara
sentimentos de amizade duradoura, que celebramos com alegria e rememorações.
Hoje, comemoramos 55 anos de formatura, mais de meio século de cumprimento de
nossa missão na sociedade como médicos.
A
saudade de nossos colegas que já se encantaram é infinita como infinito o tempo
que eles hoje vivem. Que a turma de 1963 possa continuar sempre unida,
relembrando o passado de aprendizagem e vivendo o presente de consolidação de
nossos valores, como a amizade que nos une e a ética que respeitamos durante o
exercício da nossa profissão.
(*) Médico, professor da Faculdade
de Medicina da UFC e membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/12/2018. Opinião. p.20.
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