quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

ANSIEDADE


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Perguntas que Não Devem/Podem Ser Feitas
Eficácia e Segurança dos Antidepressivos e Psicoterapia para Crianças e Adolescentes
O transtorno de ansiedade infantil é um dos diagnósticos de desordem mental mais frequentes, com uma taxa de prevalência de 15% a 20% e está associado a comprometimento significativo na criança e no adolescente.
Existem várias opções de tratamento para transtornos de ansiedade infantil, incluindo psicoterapia, farmacoterapia e abordagens de tratamento combinado, porém nenhum deles tem se mostrado de eficácia, comprovada.
Diante desse quadro onde as estatísticas apontam que cerca de um em cada quatro americanos terá um transtorno de ansiedade em algum momento de sua vida, seria bom começarmos a pensar na frequência de tal nosologia.
Esses presságios são tão graves quanto as demais inseguranças aportadas com o progresso científico e tecnológico desta contemporaneidade.
Sublinho. Os transtornos de ansiedade são problemas de saúde mental frequentemente vistos em crianças e adolescentes, e não sabemos o que dizer de sua importância/repercussão na vida adulta. A idade média em que os sintomas de ansiedade começam é a de 11 anos. Aproximadamente 5% a 13% das crianças menores de 18 anos apresentam transtorno de ansiedade.
Conferir em: (Arch Pediatr. Adolesc. Med. 2010; 164 (10): 984. doi: 10.1001 / archpediatrics.2010.179). (JAMA Pediatr. Published online August 31, 2017 doi:10.1001/jamapediatrics.2017.3036).
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Existem vários tipos de transtornos de ansiedade. Os sintomas nas crianças incluem preocupação grave e incontrolável com vários aspectos de sua vida. Essas manifestações podem incluir timidez; não desejar conversar com pessoas adultas; falta à escola; medo; pânico; sudorese; tremores; dificuldade em respirar, e sentir que algo terrível vai acontecer; dor torácica; coração acelerado; tonturas; náuseas; dor abdominal e dores de cabeça; além de outros que, quando não bem equacionados, podem levar a distúrbios de saúde mental em adultos, como depressão e uso de drogas, além de aumento das taxas de suicídios consumados ou tentados.
Muitas crianças têm preocupações e medos que podem ocorrer em determinadas idades ou estágios de desenvolvimento. Isso é normal. Mas, os transtornos de ansiedade são mais graves e persistentes...
Diante desse quadro, principalmente nas crianças e jovens das camadas populacionais mais afluentes, onde a competição é cada vez mais acirrada, acredito que a medicalização desse desconforto existencial não poderá ser aquilatada jamais por condutas psicoterápicas associadas ou não à epidemia de emprego dos antidepressivos, de resultados incertos e inócuos, e sim nosso foco de atenção deveria ser deslocado para os aspectos preventivos psicossociais.
Não sei como as Instituições e a Literatura Médica Oficial não patrocinam melhores estudos para a profilaxia desse considerado mal do século atual. Ou há perguntas que não devem ser feitas? Valho-me do habeas corpus da idade, após mais de cinquenta anos de prática pediátrica. Será que a ditadura do Mercado serviria para controlar essa ansiedade globalizada? Fica o aviso.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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