Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Perguntas que Não
Devem/Podem Ser Feitas
Eficácia e Segurança
dos Antidepressivos e Psicoterapia para Crianças e Adolescentes
O
transtorno de ansiedade infantil é um dos diagnósticos de desordem mental mais
frequentes, com uma taxa de prevalência de 15% a 20% e está associado a
comprometimento significativo na criança e no adolescente.
Existem
várias opções de tratamento para transtornos de ansiedade infantil, incluindo
psicoterapia, farmacoterapia e abordagens de tratamento combinado, porém nenhum
deles tem se mostrado de eficácia, comprovada.
Diante
desse quadro onde as estatísticas apontam que cerca de um em cada
quatro americanos terá um transtorno de ansiedade em algum momento de sua vida,
seria bom começarmos a pensar na frequência de tal nosologia.
Esses presságios são
tão graves quanto as demais inseguranças aportadas com o progresso científico e
tecnológico desta contemporaneidade.
Sublinho. Os
transtornos de ansiedade são problemas de saúde mental frequentemente vistos em
crianças e adolescentes, e não sabemos o que dizer de sua
importância/repercussão na vida adulta. A idade média em que os sintomas de
ansiedade começam é a de 11 anos. Aproximadamente 5% a 13% das crianças menores
de 18 anos apresentam transtorno de ansiedade.
Conferir em: (Arch Pediatr. Adolesc. Med.
2010; 164 (10): 984. doi: 10.1001 / archpediatrics.2010.179). (JAMA Pediatr.
Published online August 31, 2017 doi:10.1001/jamapediatrics.2017.3036).
*******
Existem vários tipos de
transtornos de ansiedade. Os sintomas nas crianças incluem preocupação grave e
incontrolável com vários aspectos de sua vida. Essas manifestações podem
incluir timidez; não desejar conversar com pessoas adultas; falta à escola;
medo; pânico; sudorese; tremores; dificuldade em respirar, e sentir que algo
terrível vai acontecer; dor torácica; coração acelerado; tonturas; náuseas; dor
abdominal e dores de cabeça; além de outros que, quando não bem equacionados,
podem levar a distúrbios de saúde mental em adultos, como depressão e uso de
drogas, além de aumento das taxas de suicídios consumados ou tentados.
Muitas crianças têm
preocupações e medos que podem ocorrer em determinadas idades ou estágios de
desenvolvimento. Isso é normal. Mas, os transtornos de ansiedade são mais
graves e persistentes...
Diante desse quadro,
principalmente nas crianças e jovens das camadas populacionais mais afluentes,
onde a competição é cada vez mais acirrada, acredito que a medicalização desse
desconforto existencial não poderá ser aquilatada jamais por condutas
psicoterápicas associadas ou não à epidemia de emprego dos antidepressivos, de
resultados incertos e inócuos, e sim nosso foco de atenção deveria ser
deslocado para os aspectos preventivos psicossociais.
Não sei como as
Instituições e a Literatura Médica Oficial não patrocinam melhores estudos para
a profilaxia desse considerado mal do século atual. Ou há perguntas que não
devem ser feitas? Valho-me do habeas corpus da idade, após mais de
cinquenta anos de prática pediátrica. Será que a ditadura do Mercado serviria
para controlar essa ansiedade globalizada? Fica o aviso.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
Nenhum comentário:
Postar um comentário