quinta-feira, 18 de abril de 2019

TELEMEDICINA, DA CADEIRA AO WHATSAPP


Márcia Alcântara Holanda (*)
Admiro a abordagem que os organizadores do livro: "Você pode me ouvir, doutor? - Cartas para quem escolheu ser médico", de Álvaro Leite e João Macedo, porque de modo abrangente e sensível, fala do problema que é a relação médico-paciente. Hoje desgastada pela rapidez com que se impõe as consultas médicas das instituições pública e planos de saúde.
A Telemedicina atende bem ao que o livro nos ensina, e muito mais. Entretanto, é desconcertante o vozerio que as entidades de classe produzem contra esse meio de comunicação que aproxima mais o médico do paciente.
Constatei isso na minha vivência, e cito o exemplo de uma paciente que mora nas proximidades do açude Arneiroz e que é portadora de asma grave. Há um mês veio daquele local para Fortaleza em forte crise, sofrendo muito durante a viagem, para uma consulta presencial. Aqui, resolveu-se a crise, realizou-se espirometria, confirmou-se o diagnóstico e uma receita lhe foi dada com a instrução de manter contato permanente via WhatsApp, inclusive de exibir vídeos a fim de se ver daqui, como estava a respiração, saturação de oxigênio, até os sintomas desaparecerem. Além disso, passei a conhecer sua família. Verifiquei o uso correto dos medicamentos inalatórios para controle das crises. Até o ambiente de casa pôde ser avaliado e controlado.
Essa experiência tem servido para acompanhar as evoluções de outras doenças, tanto nos que vem do interior, como nos da Capital.
A satisfação desses pacientes é enorme e a relação entre nós favorece a sensação de segurança da minha parte, e da deles, pois já confessaram algumas vezes que se sentem assim. Um amigo cirurgião já colaborou na realização de um complicado ato cirúrgico à distância.
Não há, então, porque não utilizar na Medicina as novas tecnologias de agora e do futuro: consultas à distância, uso da inteligência artificial nos procedimentos invasivos ou não, e no fortalecimento da relação médico-paciente. E mais: é premente que se adote a Telemedicina no currículo dos futuros médicos. 
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/04/2019. Opinião. p.22.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog