Márcia Alcântara Holanda (*)
Admiro a abordagem que os organizadores do livro: "Você pode me ouvir, doutor? - Cartas para quem escolheu
ser médico", de Álvaro Leite e João
Macedo, porque de modo abrangente e sensível, fala do problema que é a relação médico-paciente.
Hoje desgastada pela rapidez com que se impõe as consultas médicas das
instituições pública e planos de saúde.
A Telemedicina atende bem ao que o livro nos ensina, e muito mais.
Entretanto, é desconcertante o vozerio que as entidades de classe produzem
contra esse meio de comunicação que aproxima mais o médico do paciente.
Constatei isso na minha vivência, e cito o exemplo de uma
paciente que mora nas proximidades do açude Arneiroz e que é portadora de asma
grave. Há um mês veio daquele local para Fortaleza em forte crise, sofrendo
muito durante a viagem, para uma consulta presencial. Aqui, resolveu-se a
crise, realizou-se espirometria, confirmou-se o diagnóstico e uma receita lhe
foi dada com a instrução de manter contato permanente via WhatsApp, inclusive
de exibir vídeos a fim de se ver daqui, como estava a respiração, saturação de
oxigênio, até os sintomas desaparecerem. Além disso, passei a conhecer sua
família. Verifiquei o uso correto dos medicamentos inalatórios para controle
das crises. Até o ambiente de casa pôde ser avaliado e controlado.
Essa experiência tem servido para acompanhar as evoluções
de outras doenças, tanto nos que vem do interior, como nos da Capital.
A satisfação desses pacientes é enorme e a relação entre
nós favorece a sensação de segurança da minha parte, e da deles, pois já
confessaram algumas vezes que se sentem assim. Um amigo cirurgião já colaborou
na realização de um complicado ato cirúrgico à distância.
Não há, então, porque não utilizar na Medicina as novas tecnologias
de agora e do futuro: consultas à distância, uso da inteligência artificial nos
procedimentos invasivos ou não, e no fortalecimento da relação médico-paciente.
E mais: é premente que se adote a Telemedicina no currículo dos futuros
médicos.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/04/2019. Opinião.
p.22.
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