terça-feira, 30 de abril de 2019

NOSSAS DESPEDIDAS AO AC. SÉRGIO GOMES DE MATOS


Eu conheci o Ac. Sérgio Gomes de Matos quando ainda era estudante de Medicina e frequentei algumas sessões clínicas na Casa de Saúde São Raimundo, onde ele integrava, como clínico geral e pneumologista, o “staff” médico daquele afamado nosocômio, que então contava, em seu corpo clínico, com a participação de alguns expoentes da Medicina cearense (e.g. Haroldo Juaçaba, Pontes Neto, Paulo Marcelo Martins Rodrigues, Régis Jucá, Eduilton Girão, Pedro Henrique Saraiva Leão).
Na década de 1980, o Dr. Sérgio Gomes de Matos manteve e assinava uma coluna semanal “Informes Médicos”, em jornal de grande circulação local, que funcionava como uma crônica dos fatos e dos médicos na terra alencarina. Fiquei lisonjeado, quando ainda era eu um recém-chegado da pós-graduação (especialização e mestrado) na Faculdade de Saúde Pública da USP, e vinha trabalhando com estatísticas da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, fui citado por ele em sua coluna como um dos médicos de maior destaque do ano em curso, por conta da contribuição que eu estava oferecendo para se conhecer melhor a situação de saúde no Ceará. Mesmo que fosse um julgamento tendencioso, de parte de alguém generoso, fui por ele ombreado aos grandes nomes de nossa Medicina quando sequer tinha cinco anos de formado.
Sérgio Gomes de Matos era conhecido por suas majestosas perorações e recordo bem do elóquio por ele proferido, em 14/11/2005, quando da sua admissão na Academia Cearense de Medicina (ACM), como Membro Titular, ocupante da cadeira 52 dessa arcádia. Nesse sodalício, ao longo de pouco mais de treze anos, assumiu diversos cargos, em sucessivas gestões, oferecendo o primor do seu beletrismo em documentos oficiais, que evidenciavam a sua erudição, e o domínio da audiência em sua atuação como mestre de crimônia em eventos acadêmicos.
Desde quando fui admitido na ACM, como Membro Titular, em fevereiro de 2009, recebi do Ac. Sérgio Gomes de Matos continuados estímulos para o labor acadêmico, pois, rotineiramente, sugeria o meu nome para o cumprimento de tarefas pontuais, pondo crédito nos atributos que ele me julgava detentor. Ele, por hábito me rotulava de polígrafo e polímata; ele tinha razão apenas quanto ao primeiro rótulo, que pode ser quantificado e conferido em meu currículo na Plataforma Lattes do CNPq, porém a qualificação de polímata seria melhor apropriada a ele próprio, um ledor voraz, que, por pura modéstia, evitava ostentar seus méritos.
Quando se discutia a criação da Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES), a pequena resistência à inclusão do seu nome no quadro de acadêmicos-fundadores, por não ter um livro publicado, foi logo relevada diante do reconhecimento da propalada virtuosidade dos seus escritos, mormente na forma de ensaios, crônicas e discursos, esparsos nos Anais da ACM e em obras de outros autores, dentre as quais vale realçar a inserção de textos dele em três publicações sob o nosso copyright.
Ele era, de certa forma, um animador cultural, que torcia pelo êxito dos seus amigos e colegas e gostava de presentear com livros. Em nosso caso particular, apreciava assinalar o quanto valorizava o meu ingresso no Instituto do Ceará, que considerava o mais importante equipamento cultural do Ceará, ao tempo em que manifestava o seu apoio à minha intenção de admissão na Academia Cearense de Letras se eu apresentasse essa postulação.
A abrupta e inesperada partida do Ac. Sérgio Gomes de Matos deste mundo menor, em 24/04/2019, deixa um sentimento de saudades naqueles que foram beneficiados ao conviverem com ele, notadamente entre os que o tinham como irmão em nossas confrarias.
Ac. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da ACM e da ACEMES

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