terça-feira, 25 de maio de 2021

QUEDA DA ESPERANÇA DE VIDA NO CEARÁ POR COVID-19

O jornal O POVO, em sua edição de 20/4/2021 (Cidades. p.15), publicou a matéria com a manchete "Expectativa de vida no Ceará pode reduzir 2 anos por conta da pandemia", que certamente causou a apreensão em muitos leitores desse importante veículo da mídia cearense.

A matéria em epígrafe foi fruto de um artigo "pre-print" intitulado "Reduction in the 2020 Life Expectancy in Brasil after Covid-19" ou (Redução da expectativa de vida 2020 no Brasil após a Covid-19), cuja primeira autora é a prestigiada pesquisadora Márcia Castro, portadora dos diplomas de Mestrado em Demografia pelo Cedeplar e doutorado (PhD) em Demografia pela Universidade de Princeton.

A brasileira Márcia Castro é professora de Demografia e Chefe do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard.

A vida média dos brasileiros poderá sofrer queda por conta da pandemia de Covid-19. O estudo estimou um declínio na expectativa de vida do brasileiro da ordem de 1,94 anos, resultando em regressão da mortalidade no Brasil aos níveis de 2009, pondo fim um ciclo de décadas de constante crescimento da esperança de vida ao nascer.

Especificamente para o Ceará, segundo Castro et al., a estimativa é de um declínio de 2,09 anos, passando a expectativa de vida de 74,68 anos para 72,59 anos, em decorrência da presente pandemia; para o estado de São Paulo a retração ficaria em 2,17 anos.

No mesmo dia 20/04/2021, o UOL, de São Paulo, publicou postagem dando conta de que a expectativa de vida ao nascer no estado paulista diminuiu um ano em 2020, caindo de 76,4 anos em 1979 para 75,4 anos em 2000, de acordo com um estudo divulgado pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), retrocedendo ao nível observado há sete anos, entre os anos de 2012 e 2013.

Considerando que o estado de São Paulo, até 2019, experimentava a cada ano um aumento de mais ou menos dois meses em sua esperança de vida ao nascer, a diferença de 1,17 verificada nos valores dos dois estudos é de grande monta.

Ambas as fontes são consideradas confiáveis e cientificamente respeitadas, mas os achados tão díspares podem ser resultantes de diferenças metodológicas ou nos dados originais levantados em cada trabalho.

Passada a pandemia, convém quantificar o quanto se perdeu em anos de vida dos brasileiros em geral e dos cearenses em particular. 

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor titular de Saúde Pública-Uece

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/04/2020. Opinião. p. 21.

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