segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A CIÊNCIA ECONÔMICA, TEORIA VS. PRÁTICA

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

ciência econômica desde o seu nascedouro se utiliza de diversos instrumentos, tirados da física, da matemática (em seus diversos ramos), da estatística, da econometria, da geometria, da geografia e muitos outros, para suas análises e previsões.

Os modelos matemáticos, por exemplo, para explicar o comportamento dos sistemas econômicos, começaram a aparecer já no início do século XIX. Mas foi já quase no fim daquele século que apareceu o primeiro modelo matemático para analisar o "equilíbrio do sistema econômico". De fato, em 1874, a publicação do livro "Elementos de Economia Política Pura", de Marie-Ésprit Leon Walras, iniciou na ciência econômica o uso de modelos de equilíbrio geral.

O uso da matemática para explicar fenômenos econômicos tem sido a tônica dos "cientistas econômicos" modernos. Alguns caem no exagero de pensar que a matemática explica tudo. Esquecem que esta ciência é, apenas, um instrumento de análise.

Não existe modelo econômico-matemático que em seu bojo não contenha hipóteses sobre o comportamento não só dos agentes, como do próprio sistema econômico como um todo. Tais hipóteses nem sempre refletem a realidade a ser analisada. E é aí que o "modelo" peca.

Por outro lado, existe na ciência econômica um pressuposto básico: a ideia de que o ente econômico é racional, enquanto agente. O que nem sempre se verifica.

Também existe, nos modelos matemáticos aplicados à economia, o pressuposto do "ceteris paribus" , o que é uma tremenda condicionante.

Sobre este tema um artigo do economista Alexandre S. Cialdini publicado no O POVO de 11/08/2022, traz uma interessante discussão sobre a ciência econômica atual: o ente econômico age de maneira comportamental ou ele sempre procura o "experimento"?

Acredito que não há resposta única para tal dilema. E é interessante notar que atualmente os modelos econômicos mais sofisticados são aqueles voltados para o comportamento dos investidores.

Justamente aqueles entes econômicos que, hoje, mais afetam o comportamento de qualquer sistema econômico. Como predizer-lhes o comportamento se eles acordam sem saber o que fazer naquele dia?

Mas, há de se ter conhecimento, como o fez o Dr. Cialdini, que existem economistas que não se deixam enveredar pelo "matematicismo" enganoso, haja vista que aqueles que o utilizam o fazem para mostrar "conhecimento", não para mostrar o que realmente interessa: para onde e para quem o sistema econômico se desenvolve.

Aqui vale a pena parafrasear o Prof. Nicholas Georgescu-Rogen, um dos luminares da ciência econômica: "Quem se diz economista matemático é o acadêmico que não sabe economia para ser economista e não sabe matemática para ser matemático."

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC

Fonte: O Povo, de 20/9/22. Opinião. p.20.

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