domingo, 13 de novembro de 2022

SEIOS

(De Adolpho Araújo – o soneto... já se vê...)

Quando os vi sob a renda, comparei-os

a dois enamorados tico-ticos,

de delicados e pontudos bicos,

de amorosos e tímidos anseios...

 

Porque são mesmo uns pássaros pudicos,

esses bi-claros e nervosos seios,

cheios de seiva de uberdade ricos,

ricos de pólen, de opulência cheios...

 

Pesa-me muito vê-los algemados

entre os espartilho que os prende e os isola

entre rendados, crivos e brocados.

 

Porque é um pecado, certo, dos mais graves,

trazer trancado dentro da gaiola,

este casal de inofensivas aves.

 

Nota: Esse soneto foi publicado em uma coletânea de um grupo paulista “Café Literário”, sem quaisquer referências sobre esse poeta. Pelo teor dos versos e pela grafia do nome creio que deva ser nascido no século XIX.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Editor do Blog


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