segunda-feira, 28 de novembro de 2022

A PERDA GESTACIONAL E O SONHO DE SER MÃE

Por Evangelista Torquato (*)

O vínculo da mãe com o (a) seu/sua filho (a) nasce antes mesmo do (a) bebê sair de dentro da barriga. É uma relação construída por meio das sensações, das mudanças no corpo, da imaginação e dos planos. Por isso, a perda gestacional, ou seja, a perda do (a) filho (a) ainda na barriga, e a neonatal destroem tudo que é esperado pela ordem do ciclo vital. Interrompe um projeto de vida e a concretização de um sonho.

A gestação é um dos momentos mais aguardados pelas mulheres que sonham com a maternidade. No entanto, algumas têm esse projeto interrompido por complicações na gravidez. Entre as causas genéticas, a maior taxa de óbito neonatal ocorre quando o feto possui alterações no número ou na estrutura dos cromossomos, são as aneuploidias.

Essas alterações podem ser herdadas pelos pais, quando eles possuem uma alteração estrutural que neles não causam nada, mas que pode causar o desequilíbrio nos embriões. Por isso, a investigação genética é tão importante para que possamos orientar os (às) pacientes quanto ao risco de recorrência.

Além disso, é necessário preparar a mulher para a gravidez. Muitas vezes, o seu corpo não está pronto para a gestação e, dessa maneira, o bebê não encontra um ambiente intrauterino adequado para o seu desenvolvimento.

Outras situações também causam a perda gestacional, como causas imunológicas maternas, alterações anatômicas da cavidade uterina, causas infecciosas, ambientais, endocrinológica e hematológicas.

De modo geral, a principal maneira de prevenir tudo isso é por meio de um planejamento reprodutivo bem feito com consulta pré-concepcional e pré-natal para excluirmos todas as possibilidades de causa da perda neonatal.

Como profissionais, devemos buscar o conhecimento, o preparo e o olhar humanizado para essas perdas, que sabemos bem, não são fáceis. Ao enfrentar uma perda gestacional, o casal precisa saber que não está sozinho e que pode encontrar forças na família, nos (as) amigos (as), na equipe médica e em outras pessoas de sua confiança. Cada caso deve ser avaliado pelo (a) médico (a), que definirá com os envolvidos o momento ideal para tentar a próxima gestação. 

(*) Ginecologista com atuação em reprodução humana.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/11/2022. Opinião. p. 16.

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