domingo, 14 de abril de 2024

O QUE FAZER COM US$ 1 BILHÃO

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Em seu livro "A vida não é útil", Ailton Krenak, primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, cita o nativo norte-americano Wakya Manee, ao dizer: "Quando o último peixe vivo estiver nas águas e a última árvore for removida da terra, só então o homem perceberá que ele não é capaz de comer seu dinheiro." Os indígenas muito nos ensinam.

Em seu compêndio "O índio brasileiro e a Revolução Francesa", Afonso Arinos retrocede a 1625 e cita a obra "Histoire de la religion des Turcs", de Michel Baudier, que, evidentemente inspirado por Montaigne, afirmou: "Os Tupinambás [...], entrando no Louvre viram vários mendigos seminus, trazendo impressas nas faces as horrendas marcas da fome, os quais estavam deitados lá perto sobre imundície, e, do outro lado [...] cortesãos, uns cobertos de ouro, outros faiscantes de pedrarias: eles perguntaram se os que estavam deitados no lixo não eram tão homens como os outros. Disseram-lhes que sim. Então eles retrucaram com espanto que estes homens pobres se deviam lançar sobre os bem-vestidos e arrancar-lhes, à força, uma parte dos seus bens. Que em um país a igualdade dos bens necessários à vida não permitia que vários abusassem assim das riquezas, para deixarem sofrer os outros à mercê da fome e da sede."

O "Jornal Nacional", em 29/02/2024, noticiou que, em reunião, os alunos da Albert Einstein College of Medicine ouviram: "Eu estou feliz em anunciar que a Faculdade não cobrará mais mensalidade." A Professora Ruth Gottesman seguiu seu marido David, que havia falecido em 2022 e lhe dissera: "Encontre um sentido para o dinheiro que você herdará. Faça o que achar certo." Ruth, então, doou US$ 1 bilhão, quase R$ 5 bilhões, à entidade. Ela tem 93 anos, 55 deles a trabalhar lá. Para os alunos, a doação foi a realização de um sonho: aprender a salvar vidas. Ruth mostrou que investir na Educação será sempre a melhor escolha para a transformação da sociedade e, a partir de agosto de 2024, ninguém pagará por sua formação.

Exemplares atitudes nos educam: somos vulneráveis, transitórios e precisamos uns dos outros para tornar o mundo melhor.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/03/24. Opinião, p.18.


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