Por Artur Bruno (*)
Na primeira metade do século XVII os
holandeses ocuparam vastas áreas do que hoje é o nordeste brasileiro. O
território que compõe o nosso estado não era interessante para os ocupantes,
pois os nossos solos eram pobres e as secas frequentes. Havia uma expectativa
de encontrar prata, mas se frustraram na busca de minérios valiosos. No
entanto, era necessário garantir o espaço na disputa com os portugueses e
fundaram um forte denominado Schoonenborch, em homenagem ao governador holandês
das terras nordestinas. Em 1649, o forte foi construído nas margens do riacho
Pajeú, em uma ondulação que os indígenas denominavam de Marajaitiba, local onde
se instalou o quartel sede da décima região militar.
O forte foi abandonado quando os holandeses
foram expulsos do Brasil e, em seguida, ocupado pelos portugueses, que o
denominaram Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. A partir daí, surge um
vilarejo que daria origem à nossa cidade. Em 13 de abril de 1726, a monarquia
portuguesa oficializou a vila, daí o aniversário da nossa urbe ser comemorada
nesta data.
O imperador D. Pedro I, em 1823, promove a
vila ao status de cidade e a escolhe como capital da província do Ceará. Era um
ato de ousadia, pois as vilas de Aracati, Icó, Sobral, dentre outras, eram mais
relevantes naquele período onde a economia local dependia do boi e do algodão.
Fortaleza, através da política, conseguiu desbancar Aracati, que, através do
charque e de mais proximidade com as províncias mais ricas de Pernambuco e
Bahia, apresentava melhores condições de se tornar a capital. As lideranças da
nossa cidade conseguiram convencer o império de fechar a alfândega de Aracati,
em 1851, e fortaleceram Fortaleza para exportar e importar produtos. Com a
estrada de ferro Fortaleza-Baturité, em 1870, ocorre a consolidação dessa
liderança. Era a Fortaleza da Belle Époque.
No início do século XX a cidade era
inexpressiva no Brasil, pois tínhamos em torno de 50 mil habitantes. A
urbanização vai se agigantar com a crise agrícola, a industrialização e,
sobretudo, com as grandes secas que expulsaram contingentes expressivos para a
capital.
Com 299 anos, a loura desposada do sol,
segundo o poeta Paula Ney, enriqueceu, tornando-se a capital de maior PIB do
Nordeste e a oitava do país. Não obstante, é a terceira em mais quantidade de
pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, a oitava de pior renda per capita
e a quinta de maior concentração de renda. O nosso desafio, portanto, é de
tornar a cidade menos desigual e com mais oportunidade para os que mais
precisam.
(*) Historiador e
professor. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/04/25. Opinião. p.17.
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