Por Kathiane
Lustosa (*)
A endometriose é uma das doenças
ginecológicas mais complexas e desafiadoras, afetando cerca de 10% das mulheres
em idade reprodutiva. Apesar de sua alta prevalência, o diagnóstico tardio e as
dificuldades no acesso ao tratamento continuam sendo desafios significativos. O
movimento Março Amarelo desempenha um papel essencial na conscientização sobre
essa condição, ressaltando a importância do reconhecimento precoce dos sintomas
e da assistência médica adequada.
Nos últimos anos, avanços significativos
foram alcançados na compreensão dos mecanismos inflamatórios e imunológicos
envolvidos na endometriose, abrindo caminho para novas abordagens terapêuticas.
Estudos recentes indicam que biomarcadores plasmáticos podem viabilizar um
diagnóstico menos invasivo, reduzindo a necessidade de procedimentos cirúrgicos
exploratórios. Além disso, inovações tecnológicas, como a cirurgia robótica,
estão aprimorando os resultados cirúrgicos, oferecendo maior precisão e recuperação
mais rápida para as pacientes. Outro aspecto promissor é a investigação da
relação entre a microbiota intestinal e a endometriose, que pode representar um
novo alvo terapêutico no futuro.
Os impactos da endometriose vão muito além
dos sintomas físicos. A dor crônica, as dificuldades para engravidar e a falta
de compreensão sobre a doença geram desafios emocionais e profissionais para as
pacientes. Muitas mulheres enfrentam preconceito e desinformação, o que pode
dificultar ainda mais o diagnóstico e o tratamento adequado. Por isso,
iniciativas como o Salvata Experience, evento sobre saúde feminina voltado para
profissionais da área, que ocorrerá nos dias 28 e 29 de março, em Fortaleza, são
fundamentais para fomentar o debate e disseminar informação qualificada.
Discutir a endometriose é um compromisso
com o avanço da medicina e com o bem-estar feminino. A conscientização e a
disseminação de informação de qualidade são essenciais para que mais mulheres
tenham acesso ao diagnóstico precoce e a tratamentos eficazes. Somente com
educação e investimento em pesquisa será possível garantir um futuro com mais
qualidade de vida para aquelas que convivem com essa condição.
(*) Médica ginecologista
e diretora da Clínica Salvate.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/03/25. Opinião. p.20.
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