Por Pe.
Reginaldo
Manzotti (*)
No mês de fevereiro, a Igreja Católica
traz como temática a Sagrada Família, pois foi nela que Jesus viveu antes de
começar a sua vida pública, o modelo e o ideal de toda família humana.
Aproveito para refletir sobre os valores
que devem nortear a vida familiar, com destaque para a figura do casal, que é o
elo fundamental de toda a estrutura familiar. O casamento, como sacramento,
representa o compromisso de amor, respeito e fidelidade, que serve de base para
o fortalecimento das relações entre os membros da família.
Assim como a Sagrada Família, a família
cristã católica é chamada a ser um testemunho de vida, vivendo de acordo com os
ensinamentos da Palavra de Deus. Não são necessárias grandes coisas para ser
discípulo de Jesus, na família. Quando o marido é um bom esposo e pai, a esposa
é uma boa mãe, e os filhos formam um elo de unidade e cumplicidade, a família
se torna uma verdadeira expressão do amor divino. O mundo precisa disso.
Nas Sagradas Escrituras, desde o livro
do Gênesis, somos chamados a compreender o papel do homem e da mulher como
complementares. Ambos devem estar preparados, curados e equilibrados para um
relacionamento saudável. Claro, ninguém é perfeito! Não devemos esperar a
perfeição para nos entregarmos ao matrimônio. Precisamos pedir a Deus: "Senhor, quero estar
curado para entrar em um relacionamento."
Deus tirou a carne da carne, não devemos
cair na teoria de que a mulher é inferior, porque foi criada posteriormente. O Gênesis
revela a igualdade entre Adão e Eva, mostrando que, na criação, nada era
completo até que ambos se unissem, sendo imagem e semelhança de Deus. Parece
que isso se perdeu ao longo do tempo.
Muitas pessoas têm medo de casar-se por
carregar o estigma de que o casamento será infeliz. Elas já não acreditam mais
na felicidade a dois e pensam que é melhor ser solteiro, "ficante",
ter relacionamentos passageiros, namoros aqui e ali, do que assumir um
compromisso. Contudo, casamento dá trabalho, família dá trabalho, ser padre dá
trabalho, ser celibatário também exige esforço. Mas a grande questão é: o que
queremos para nossa vida? Lembremos de uma coisa: está na essência do ser
humano o desejo de amar. A solidão não faz parte da nossa natureza.
Quando tentam pegar Jesus de forma
sorrateira, como é descrito no Evangelho (cf. Mc 10, 2-12), perguntando sobre o
casamento, ele explica: "No começo, não era assim". Moisés já havia dado um passo importante em defesa do
casamento, pois, antes dele, as pessoas se divorciavam por qualquer motivo. Se
o marido não gostasse da expressão 'azeda' de sua esposa ao acordar, ele se
divorciava.
Moisés então deu um passo, protegendo as
mulheres, dizendo que não seria aceitável o divórcio por qualquer razão. Era
necessário, então, escrever uma carta explicando o motivo. Mas Jesus vai além e
diz: "no início, Deus não queria o divórcio". Ele remonta à essência
do Gênesis, quando o homem e a mulher se tornam uma só carne. Por isso, a
preservação da família é tão importante.
A Igreja tem como missão
dar suporte emocional aos casais, para que não cheguem ao extremo do
divórcio. Não se trata de insistir em um discurso de condenação ("é
pecado, é pecado"), mas sim de incentivar os casais a se nutrirem de Deus,
do perdão e dos valores cristãos, pois assim a família permanecerá unida.
Porém, quando os casais se afastam de Deus, se fecham ao diálogo e não praticam
o perdão, a separação se torna inevitável.
Deus, desde o início, criou o homem e a
mulher para a felicidade. É possível ser feliz no matrimônio. O casamento é uma
bênção, e os filhos são dons de Deus. Envelhecer juntos não é apenas
romantismo, mas uma decisão diária de amar, de ser resiliente nas dificuldades,
de perdoar os erros do cônjuge e de valorizar mais as qualidades do que os
defeitos. Também é essencial abandonar a comparação com os estereótipos de
beleza.
Cada pessoa tem sua própria beleza. A
comparação nunca traz benefícios. Decidir amar todos os dias, vendo as rugas
aparecerem e as fragilidades surgirem, é escolher amar verdadeiramente aquele
com quem você decidiu envelhecer lado a lado.
Que a Sagrada Família de Nazaré, abençoe
todas as famílias!
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 22/02/2025. Opinião. p.18.
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