quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O VÍRUS VIAJANTE

Por Alessander Sales (*)

Passadas duas intensas ondas da pandemia de Covid-19, contamos mais de meio milhão de mortos. Hoje, após divergências estéreis, aceleramos a vacinação buscando a imunidade coletiva capaz de conter novas mutações virais. Mas enquanto isso não se concretiza, devemos aperfeiçoar o controle sanitário das atividades que, por sua própria natureza, mais disseminam o vírus.

Variantes virais surgem em diferentes países e, rapidamente, espalham-se pelo globo em aviões que transportam os hospedeiros. Em nosso país continental, no entanto, não controlamos os voos internos.

Pessoas voam para qualquer destino nacional em cabines lotadas e sem distanciamento entre os assentos, devendo apenas usar máscaras e medir a temperatura corporal e assim, até sem saber, espalham essas variantes que, em poucos dias, geram transmissões comunitárias reinstaurando o vicioso ciclo pandêmico.

Exigir exame negativo para Covid-19 desses viajantes ampliará nossa testagem, a detecção dos infectados e a própria segurança nos voos. Por outro lado, isso não causa danos ao setor aéreo que, mais seguro, atrairá passageiros receosos que atualmente evitam esse modal de transporte.

É uma medida inteligente e pouco onerosa que beneficia tanto os que testam negativo, e portanto viajam tranquilos, como os positivados que isolados para tratar a doença não produzirão novos contágios, o que acaba por proteger a todos.

Não custa lembrar que essa exigência já existe para passageiros, inclusive brasileiros, em voos internacionais que se destinam ao Brasil, não tendo sentido dispensá-la em voos nacionais.

teste obrigatório pode ainda incentivar a vacinação, premiando os já imunizados com um passaporte de viagem.

O controle da pandemia é complexo, envolvendo fatores comportamentais, incentivos e contenções, sendo irrazoável não adotar ações simples e eficientes que protegem a saúde de todos. Se queremos realmente melhorar o controle da pandemia, devemos apoiar iniciativas que constroem, com racionalidade, medidas disseminadoras de segurança e não de novos vírus mais contagiosos e letais.

Um controle sanitário eficiente de nossos voos já deveria ser, depois de duas ondas, um sedimentado consenso e não uma infrutífera disputa judicial que, sem decisões positivas, atrasa a superação da crise ao manter todos em constante e grave risco.

(*) Procurador da República.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/8/21. Opinião, p.19.


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