terça-feira, 1 de dezembro de 2020

SAÚDE, SENHOR PREFEITO DE FORTALEZA!

         No começo do próximo ano, a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção passará a ser administrada por um novo prefeito, proclamado vitorioso na refrega eleitoral acontecida em novembro.

Problemas de diferentes matizes espreitam avidamente a chegada do próximo gestor-mor da nossa urbe. Transtornos, dantes meramente crônicos, tanto sociais como econômicos, foram duramente agravados e agudizados na vigência da pandemia por SARS-CoV-2 que nos açoita desde os idos de março, quando aqui aportou o primeiro caso da Covid-19.

Naturalmente que o Setor Saúde, independente do estrago produzido pelo novo coronavírus, dentre as prioridades tecnicamente definidas, emerge como uma situação preocupante e um importante desafio a ser enfrentado pelo alcaide municipal a ser empossado, que terá que promover políticas públicas efetivas em um cenário econômico pouco alentador para os anos vindouros.

Os indicadores de saúde tradicionais, como a mortalidade infantil e a esperança de vida, que apontavam uma evolução favorável da Saúde Pública dos fortalezenses, podem revelar uma reversão da sua tendência positiva à conta do incremento das mortes prematuras e do desarranjo da economia decorrentes da Covid-19.

Considerando a iniquidade social da distribuição das doenças e dos agravos nas classes sociais e nos bairros da capital cearense e dos municípios que a circundam, tem-se que esse aspecto sinaliza a necessidade de intervenção inter-setorial para atenuar tais distorções. Isso se aplica igualmente às violências e as doenças infecciosas, tão prevalecentes em nosso meio, que precisam ser confrontadas considerando os seus determinantes sociais.

A já descontrolada demanda de serviços assistenciais, que se espelhava nas filas de espera por procedimentos médicos e na vexaminosa e indigna permanência de pacientes acomodados nos corredores hospitalares, será exacerbada como resultado da suspensão oficial de atendimentos eletivos e de natural queda da procura por cuidados dos usuários temerosos de contrair a Covid-19.

É bem verdade que a favor do futuro gestor está a capacidade instalada do Setor Saúde de Fortaleza, muito fortalecida nos últimos anos, mas dele será muito cobrado o uso eficiente dos recursos se desejar o reconhecimento público.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Professor titular de Saúde Pública-Uece

*Publicado In: O Povo, de 30/11/2020. Opinião. p.21.

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