domingo, 6 de junho de 2021

A ‘MARECHALA DO AR’

A jornalista Natuza Nery escreveu no jornal A Folha de São Paulo online, em 2013, que Sra. Dilma Rousseff, quando no exercício da presidência, não tolerava “turbulências – nem as corriqueiras agitações da política nacional nem as literais: ela detesta quando o avião presidencial sacode em pleno ar”.

Foi por medo do balanço que a ex-presidente se habituou a conferir, pessoalmente, o plano de voo antes da decolagem, como se fosse um controlador de tráfego aéreo.

Ela examinava as cartas meteorológicas e insistia em tentar apreender os dados do painel da cabine do piloto, enigmáticos e complexos para qualquer não iniciado.

Comumente, a mais de mil metros de altura, Dilma exibia nos ares o seu estilo autoritário de chefia em terra, dirigindo-se ao tenente-brigadeiro do ar e comandante do avião presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB), com sentenças admoestadoras, tão próprias da sua conhecida arrogância:

– Por que o avião está sacudindo?

 – Que curva é essa?

– Eu não quero ir mais rápido se for para passar por turbulência.

Quando o Airbus balançava, Dilma acionava o estrelado militar por um botão situado ao lado de sua poltrona. Na dependência da trepidação, a campainha tocava com muito vigor.

Uma vez, ela viajava de Brasília a Porto Alegre quando um detalhe intrigante despertou a atenção de uma acompanhante. Ao invés de uma linha reta, a trajetória da aeronave descrita no gráfico revelava um zigue-zague porque a presidente insistiu para que o piloto fugisse de qualquer zona capaz de produzir turbulência.

Os deslocamentos aéreos da presidente Dilma costumavam demorar mais do que os voos comerciais. Certa vez, o desvio foi tão “aloprado” que o “Aerolula” fez a “curva” em Mato Grosso antes de aterrissar em Brasília.

Nas companhias privadas, as nuvens densas não representam uma barreira. De acordo com os especialistas da aviação, balançar em grandes altitudes é ruim porque incomoda, mas não por ser inseguro. Além do mais, prosseguir em linha reta costuma ser mais rápido e mais barato.

Para poupar o erário dos gastos extras decorrentes dos caprichos presidenciais, seria o caso de instituir um parceiro, altivo e de confiança, com quem ela pudesse cantarolar versos da imortal canção de Belchior:

“Foi por medo de avião que eu segurei pela primeira vez na sua mão”.

Fonte: Natuza Nery. In: Folha de São Paulo/montedo.com

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Ex-Presidente da Sobrames-Ceará

* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Fora de forma! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2020. 128p. p.70-72.

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