segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O PESO DA CHINA

Por Igor Macedo Lucena (*)

A China é e continuará sendo uma das principais economias parceiras do Brasil. Ela se tornou nossa maior aliada quando seu PIB anual crescia a taxas de 12% ao ano, o que impulsionava a economia brasileira com exportações cada vez mais valiosas e com maior volume. Entretanto, com a incapacidade da China de controlar a Covid-19, a expectativa é de que em 2022 a China tenha crescido apenas 2,4%, podendo chegar ao final de 2023 com um crescimento de somente 4% segundo estimativas do Banco Mundial.

Esse crescimento é considerado pífio para os líderes chineses e, por tal motivo, o presidente Xi Jinping determinou como uma de suas 5 metas principais a volta do crescimento robusto do país. Isso passará necessariamente por uma reabertura, mas ainda assim o crescimento ficará longe dos 2 dígitos do passado, seja pela desaceleração da economia americana, sua maior parceira comercial, seja pela guerra na Ucrânia, que também impacta negativamente suas ações com os europeus.

As implicações econômicas de sua reabertura este ano irão além de uma simples recuperação. A política do Covid-Zero controlou a demanda da China por bens, serviços e commodities em todo o planeta. Durante o bloqueio de Xangai no primeiro semestre do ano passado, por exemplo, a demanda de petróleo do país caiu 2 milhões de barris por dia.

A recuperação da China poderá elevar o crescimento global pela razão de que o país representa uma grande e importante parcela da economia mundial mesmo com suas taxas de crescimento menores. Com o tempo, no entanto, a recuperação da China poderá gerar efeitos colaterais. Na maioria das economias do G20, incluindo o Brasil, a política monetária comum é a restritiva, já que os bancos centrais continuam aumentando as taxas de juros para conter a inflação.

Se a reabertura da China for capaz de aumentar a demanda global e, portanto, a pressão de preços em um grau elevado, os Bancos Centrais ao redor do planeta poderão ter que responder aumentando ainda mais os juros. Neste cenário, o impacto da reabertura da China causado ao resto do mundo poderá se manifestar não com maior crescimento, mas sim com inflação ou taxas de juros mais altas.

Para o Brasil, o que mais interessa da China é seu notório interesse por matérias-primas. A China consome um quinto do petróleo mundial, metade do cobre, do níquel e do zinco refinados e mais de três quintos do minério de ferro. 

(*) Economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará.

Fonte: O Povo, de 3/02/23. Opinião. p.19.

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