Por Igor Macedo Lucena (*)
A
China é e continuará sendo uma das principais economias parceiras do Brasil.
Ela se tornou nossa maior aliada quando seu PIB anual crescia
a taxas de 12% ao ano, o que impulsionava a economia brasileira com exportações
cada vez mais valiosas e com maior volume. Entretanto, com a incapacidade da
China de controlar a Covid-19, a expectativa é de que em 2022 a
China tenha crescido apenas 2,4%, podendo chegar ao final de 2023 com um
crescimento de somente 4% segundo estimativas do Banco Mundial.
Esse
crescimento é considerado pífio para os líderes chineses e, por tal motivo, o
presidente Xi Jinping determinou como uma de suas 5 metas
principais a volta do crescimento robusto do país. Isso passará necessariamente
por uma reabertura, mas ainda assim o crescimento ficará longe dos 2 dígitos do
passado, seja pela desaceleração da economia americana, sua maior parceira
comercial, seja pela guerra na Ucrânia, que também impacta
negativamente suas ações com os europeus.
As
implicações econômicas de sua reabertura este ano irão além de uma simples
recuperação. A política do Covid-Zero controlou a demanda da China por bens,
serviços e commodities em todo o planeta. Durante o bloqueio de Xangai no
primeiro semestre do ano passado, por exemplo, a demanda de petróleo do país
caiu 2 milhões de barris por dia.
A
recuperação da China poderá elevar o crescimento global pela
razão de que o país representa uma grande e importante parcela da economia
mundial mesmo com suas taxas de crescimento menores. Com o tempo, no entanto, a
recuperação da China poderá gerar efeitos colaterais. Na maioria das economias
do G20, incluindo o Brasil, a política monetária comum é a restritiva, já que
os bancos centrais continuam aumentando as taxas de juros para conter a
inflação.
Se
a reabertura da China for capaz de aumentar a demanda global e, portanto, a
pressão de preços em um grau elevado, os Bancos Centrais ao redor do planeta
poderão ter que responder aumentando ainda mais os juros. Neste cenário, o
impacto da reabertura da China causado ao resto do mundo
poderá se manifestar não com maior crescimento, mas sim com inflação ou taxas
de juros mais altas.
Para
o Brasil, o que mais interessa da China é seu notório interesse por
matérias-primas. A China consome um quinto do petróleo mundial,
metade do cobre, do níquel e do zinco refinados e mais de três quintos do
minério de ferro.
(*) Economista e presidente do Conselho
Regional de Economia do Ceará.
Fonte: O Povo, de 3/02/23. Opinião. p.19.
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