quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

ORAR TAMBÉM É CUIDAR DA SAÚDE

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

A oração é um processo comunicacional, íntimo, entre você e Deus, descrito cabalmente por Davi: "De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando" (Salmo 5:3).

Dois aspectos podem ser destacados da expressão davídica a respeito da oração: falamos a Deus e Ele nos fala. Essa verdade foi também realçada pelo profeta Jeremias: "Invoca-me, e te responderei" (33:3). Portanto, a oração é uma conversa com Deus, que requer tempo e disposição.

O homem pós-moderno desaprendeu a orar. "É oco", pobre de interioridade, vive "de fora para dentro", na superficialidade. Já chegou à lua mais não sabe entrar no próprio coração para escutar a si e a Deus.

O ativismo da vida moderna o deixa fora do eixo e disperso. Agitado, vive voltado para fora. Conectado às telas, mas em busca da identidade, não sabe quem é e para onde vai.

Torna-se vazio, com subjetividades desintegradas. Daí a falta de paz interior, a angústia, o desânimo, a depressão e aos poucos perde o gosto de viver e de crescer. Tudo embalado pelo tédio e o vazio existencial.

Jesus Cristo já nos adverte que sem Ele não chegamos a lugar nenhum. Quem reza adquire uma identidade mais sólida. Ganha em autoestima porque se vê como Deus o vê.

Assim, encontra sentido nas coisas, percebe mais encantos no mundo, sente-se mais sereno, equilibrado e mais feliz, crescendo a sensibilidade e o compromisso com os valores importantes da vida.

A oração tem valor terapêutico. Faz bem à alma, ao corpo e à psique. Ela serve para prevenir doenças de fundo emocional. Justamente por esses benefícios a meditação consta na agenda das políticas públicas de saúde.

Se quisermos ter saúde física, psíquica e espiritual precisamos priorizar um tempo para a oração diária na nossa vida agitada. Não importa a quantidade do tempo, mas a qualidade que dispomos para um encontro pessoal conosco e com Ele, no silencio e em paz.

Quem não tem tempo para se escutar jamais escutará "Deus em si". Quanto mais interioridade mais profundidade, quanto mais exterioridade mais superficialidade. Corremos o risco de viver uma vida superficial, sem profundidade, fútil.

O nosso equilíbrio e o equilíbrio dos nossos relacionamentos passam pela oração, que é encontro com Aquele que nos ama e nos fortalece e que habita no mais íntimo do nosso ser.

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 15/01/2023. Opinião. p.14.

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