terça-feira, 28 de junho de 2022

A ECONOMIA DO COPO MEIO CHEIO E MEIO VAZIO

Por Lauro Chaves Neto (*)

Após a grande recessão de 2014-2016 e antes da pandemia sanitária, o desempenho da economia brasileira foi muito baixo, com um crescimento médio de 1,4% ao ano. Para 2022, em janeiro as previsões que o mercado elabora e o Banco Central consolida no Boletim Focus, eram de um crescimento da economia de 0,3%. Hoje, a maior parte dos economistas já traça cenários entre 1% e 1,5%.

O fim das restrições impostas no combate a pandemia acelerou a recuperação do setor de serviços, a concessão de crédito segue em bom nível, além da retomada de parte da indústria, ajudaram na geração de empregos.

Por outro lado, o salário médio é um dos menores desde o fim do ciclo de desenvolvimento com os 16 anos de FHC/Lula, o PIB per capita deverá encerrar o ano aproximadamente inferior ao de 2010.

Se o salário médio caiu, vale reforçar que grande parte desses trabalhadores não possuíam renda alguma há mais de um ano. Entre março do ano passado e março de 2022, mais de 8 milhões de pessoas conseguiram algum trabalho e a taxa de desemprego é a menor desde 2016.

As recentes elevações nos juros, os cenários com baixo crescimento esse ano e a perspectiva de uma campanha eleitoral pouco propositiva e muito extremada, não reduziram a confiança dos consumidores e dos empresários.

O front externo reserva outros grandes riscos de choques internacionais. Existe o temor de eventos como uma eventual paralisação da economia chinesa, da elevação nos juros norte-americanos, de novas ondas de Covid e do acirramento da guerra da Ucrânia, que isolados, ou pior, somados podem ter como consequência menor atividade econômica e maior inflação.

Até meados do ano, deverá existir o impacto positivo de medidas como a liberação parcial do FGTS, a antecipação do 13º pagamento dos benefícios do INSS, a renegociação das dívidas do Simples e alteração nas regras do consignado, porém, para os trimestres finais do ano existe o cenário de desaceleração da economia.

É nesse contexto, de copo em menor parte cheio e em maior parte vazio, que a sociedade brasileira deveria pautar a eleição de 2022, exigindo dos candidatos ao Executivo e ao Legislativo propostas e compromissos necessários ao desenvolvimento. 

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 30/05/22. Opinião. p.18.

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