quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

AS CARTAS DO SR. LULA DA SILVA

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Para ter uma melhor ideia sobre o comportamento futuro do próximo presidente do Brasil, tive a pachorra de ler as duas cartas escritas ao povo brasileiro pelo Sr. Lula da Silva.

A primeira data de 22/06/2002 e a segunda, de 27/10/2022.

De acordo com a imprensa da época, a primeira delas foi escrita para acalmar o setor financeiro do País.

Mas ele começa sua missiva fazendo sérias críticas ao governo da época, escrevendo textualmente "...a soberania do país ficou em grande parte comprometida, a corrupção continua alta...". Grifos nossos.

De fato, nessa Carta, ele defende "o respeito aos contratos e obrigações do país" e chama a atenção para "uma forte preocupação do mercado financeiro....", lembrando que havia "temores relativos à capacidade de o país administrar sua dívida interna e externa."

No mais ele propugnava por uma política fiscal ortodoxa, ao escrever "Vamos preservar o superávit primário o quanto for necessário para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade do governo de honrar seus compromissos."

Aqui vale chamar a atenção para dois fatos importantes: o primeiro foi citar a corrupção, o segundo, foi mostrar a preocupação com as dívidas interna e externa.

Sobre o primeiro fato, é voz comum no País que nunca houve tanta corrupção no governo quanto a que existiu em seu governo. Mensalão e assalto à Petrobrás, que o digam.

Quanto à dívida externa, ele se jactou (em 2008) que havia pago essa dívida.

Esta afirmação não é verdadeira. Na realidade, o que ele fez foi "vender" parte da dívida externa para o setor bancário nacional. Assim, mudamos de uma dívida cujo custo era de 5% ao ano para uma dívida com taxa de 16%.

Veja-se o valor da dívida externa (dados do IPEADATA) no começo de seu governo (2003) e o volume dessa dívida ao final do segundo governo (2010). Em 2003 a dívida externa (em bilhões de US$) era de US$235,4 e em 2010, ela era de 351,9.

No que diz respeito à dívida líquida do setor público, esta passou (em R$ bilhões), de R$ 418,5(em 2003) para R$ 1.220,7 (em 2010).

E o que dizer sobre a segunda carta? Ela não passa de um amontoado de promessas, muitas das quais, para sua efetivação, dependem do poder legislativo, como a) salário mínimo ajustado acima da inflação; b) bolsa família de R$ 600,00 + 150,00 por filho menor de 6 anos de idade; c) mudança na legislação trabalhista; d) mudança no IR pessoa física.

Mas, há, também, outras propostas que, se implementadas, serão muito importantes para o Brasil, como: o "desmatamento zero na Amazônia"; "acabar com o garimpo ilegal" ou "a Educação e a Ciência,...,serão tratadas como investimento..;".

O problema é que ele não tem o apoio maciço do Congresso. Como se comportarão os políticos que apoiaram Jair Bolsonaro?

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC

Fonte: O Povo, de 20/11/22. Opinião. p.18.

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