Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)
Para
ter uma melhor ideia sobre o comportamento futuro do próximo presidente do
Brasil, tive a pachorra de ler as duas cartas escritas ao povo
brasileiro pelo Sr. Lula da Silva.
A
primeira data de 22/06/2002 e a segunda, de 27/10/2022.
De
acordo com a imprensa da época, a primeira delas foi escrita para acalmar o setor
financeiro do País.
Mas
ele começa sua missiva fazendo sérias críticas ao governo da época, escrevendo
textualmente "...a soberania do país ficou em grande parte
comprometida, a corrupção continua alta...". Grifos
nossos.
De
fato, nessa Carta, ele defende "o respeito aos contratos e obrigações do
país" e chama a atenção para "uma forte preocupação do mercado
financeiro....", lembrando que havia "temores relativos à capacidade
de o país administrar sua dívida interna e externa."
No
mais ele propugnava por uma política fiscal ortodoxa, ao
escrever "Vamos preservar o superávit primário o quanto for necessário
para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade
do governo de honrar seus compromissos."
Aqui
vale chamar a atenção para dois fatos importantes: o primeiro
foi citar a corrupção, o segundo, foi mostrar a preocupação com as dívidas
interna e externa.
Sobre
o primeiro fato, é voz comum no País que nunca houve tanta corrupção no governo
quanto a que existiu em seu governo. Mensalão e assalto à
Petrobrás, que o digam.
Quanto
à dívida externa, ele se jactou (em 2008) que havia pago essa dívida.
Esta
afirmação não é verdadeira. Na realidade, o que ele fez foi "vender"
parte da dívida externa para o setor bancário nacional. Assim,
mudamos de uma dívida cujo custo era de 5% ao ano para uma dívida com taxa de
16%.
Veja-se
o valor da dívida externa (dados do IPEADATA) no começo de seu governo (2003) e
o volume dessa dívida ao final do segundo governo (2010). Em 2003 a dívida
externa (em bilhões de US$) era de US$235,4 e em 2010, ela era de 351,9.
No
que diz respeito à dívida líquida do setor público, esta
passou (em R$ bilhões), de R$ 418,5(em 2003) para R$ 1.220,7 (em 2010).
E
o que dizer sobre a segunda carta? Ela não passa de um amontoado de promessas, muitas
das quais, para sua efetivação, dependem do poder legislativo, como a) salário
mínimo ajustado acima da inflação; b) bolsa família de R$ 600,00 + 150,00 por
filho menor de 6 anos de idade; c) mudança na legislação trabalhista; d)
mudança no IR pessoa física.
Mas,
há, também, outras propostas que, se implementadas, serão muito importantes
para o Brasil, como: o "desmatamento zero na Amazônia"; "acabar
com o garimpo ilegal" ou "a Educação e a
Ciência,...,serão tratadas como investimento..;".
O
problema é que ele não tem o apoio maciço do Congresso. Como se comportarão os
políticos que apoiaram Jair Bolsonaro?
(*) Economista e professor titular
aposentado da UFC
Fonte: O Povo, de 20/11/22. Opinião. p.18.
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