Por João Soares Neto (*)
Há décadas eu conhecia o cidadão, o
médico, o colega acadêmico da Fortalezense de Letras, o amigo e poeta Sérgio Macedo.
Era um homem de trabalho diário,
família criada, temente a Deus, leituras de cardiologia, de poesia, de cultura
geral, de mecânica e de aviação esportiva.
Lhano, riso aberto sob as dioptrias
das lentes.
Filho de Deus, havia de ter um hobby
para relaxar, algo que o afastasse dos enfartos, das depressões e das ligações
dos pacientes.
Para isso, possuía duas alternativas.
Ambas solitárias.
Pilotar motos Harley Davidson ou ir
ao Catuleve, aeródromo esportivo de seguidores de Santos Dumont, no seu
Demoiselle.
Subir no quase brinquedo.
Esqueceram de dizer a ele, e os
demais colegas ficam agora avisados e sabendo, que a região é salinizada,
quente, venta muito e corroí tudo, dia a dia.
Começo da tarde da
Véspera do Dia de Reis, faria um
voo-relaxamento ao sobrevoar no seu Vimana R-12 a orla marítima de Aquiraz.
Conferiu os pneus, o hélice, o combustível, limpou o pára-brisa, o manche e os
instrumentos. Apertou o cinto de três pontos.
Deu motor. Taxiou e subiu aos ares.
Estava feliz, fazendo o que o aprazia
e inebriava.
Ainda não pegara altura, circundou a
areia quase branca, o quebrar das ondas e a espuma e viu gente sua, lá embaixo.
Segundos, espanto e parte da
fuselagem desmanchava-se no ar, mergulhou e encantou-se.
(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras
e do Instituto do Ceará.
Fonte: Postado pelo autor em Grupos de WhatsApp da
Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará em 7/1/2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário