sábado, 7 de janeiro de 2023

O ENCANTAMENTO (para Sérgio Macedo)

 

Por João Soares Neto (*)

Há décadas eu conhecia o cidadão, o médico, o colega acadêmico da Fortalezense de Letras, o amigo e poeta Sérgio Macedo.

Era um homem de trabalho diário, família criada, temente a Deus, leituras de cardiologia, de poesia, de cultura geral, de mecânica e de aviação esportiva.

Lhano, riso aberto sob as dioptrias das lentes.

Filho de Deus, havia de ter um hobby para relaxar, algo que o afastasse dos enfartos, das depressões e das ligações dos pacientes.

Para isso, possuía duas alternativas. Ambas solitárias.

Pilotar motos Harley Davidson ou ir ao Catuleve, aeródromo esportivo de seguidores de Santos Dumont, no seu Demoiselle.

Subir no quase brinquedo.

Esqueceram de dizer a ele, e os demais colegas ficam agora avisados e sabendo, que a região é salinizada, quente, venta muito e corroí tudo, dia a dia.  Começo da tarde da

Véspera do Dia de Reis, faria um voo-relaxamento ao sobrevoar no seu Vimana R-12 a orla marítima de Aquiraz. Conferiu os pneus, o hélice, o combustível, limpou o pára-brisa, o manche e os instrumentos. Apertou o cinto de três pontos.

Deu motor. Taxiou e subiu aos ares.

Estava feliz, fazendo o que o aprazia e inebriava.

Ainda não pegara altura, circundou a areia quase branca, o quebrar das ondas e a espuma e viu gente sua, lá embaixo.

Segundos, espanto e parte da fuselagem desmanchava-se no ar, mergulhou e encantou-se.

(*) João Soares Neto é escritor e membro da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará.

Fonte: Postado pelo autor em Grupos de WhatsApp da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará em 7/1/2023.

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