quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

POBREZA VERSUS PEC DA ESMOLA

Por Pedro Jorge Ramos Vianna (*)

Neste mesmo conceituado Jornal já escrevi várias vezes sobre o dilema "gastos sociais controle do orçamento".

Agora, mais uma vez, volto ao tema.

É que, por mais absurdo que pareça, candidatos a presidente prometem adotar medidas que não dependem deles. Mexer no controle do orçamento federal é uma delas.

Mas, propor que a verba para o Bolsa Família fique de fora da regra do teto dos gastos por quatro anos já é descaramento!

Tenho defendido, seguindo a orientação Keynesiana que o Setor Público deve adotar medidas ortodoxas para debelar crises econômicas. Mas, usando política monetária.

Em artigo anterior já utilizei um texto de Marcus Tullius Cícero, escrito há 2.077 anos.

Faço-o, novamente, porque quero comparar seus ensinamentos com a situação do Brasil atual. O texto de Cícero é o seguinte: "O Orçamento Nacional deve ser equilibrado. As Dívidas Públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem ser reduzidos, se a nação não quiser ir à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver por conta pública."

Neste discurso não há nada senão a verdade.

No caso do Brasil, os políticos sempre buscam burlar a Constituição no caso dos Orçamentos.

Em referência à segunda assertiva, o Brasil apresenta, sempre, uma crescente dívida externa, mesmo tendo presidente que afirma ter pago essa dívida, mas que terminou o governo com dívida externa maior do que começou.

Quanto à arrogância dos governantes, veja-se o exemplo do Sr. Jair Bolsonaro.

Finalmente, como os brasileiros gostam de viver às custas do Governo. A começar pelos políticos!

Pobre Cícero!

É verdade que existem milhões de brasileiros vivendo na pobreza. Mas não é dando-lhes esmola que se resolverá o problema. Há quantos anos vemos esses mesmos argumentos se repetirem, ano a ano?

Não fomos e não seremos capazes de reduzir a pobreza no Brasil com políticas assistenciais. Pois, como já cantava Luiz Gonzaga, o homem são não precisa de esmola: "... Pois doutor uma esmola para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão":

O problema no Brasil é que as verbas do Governo Federal são muito contingenciadas. Há limite para tudo.

O que chama a atenção é que os governos federais parecem querer que essa pobreza se perpetue, porque na "hora do aperto", eles diminuem as verbas para a educação, para a ciência e tecnologia, para a cultura. Não é de hoje que isto acontece. Como o País pode crescer sem investimentos nessas áreas?

Por que não há uma diminuição nos custos da manutenção do Congresso (o mais caro, proporcionalmente, dentre os países democráticos), e do Superior Tribunal Federal, por exemplo?

(*) Economista e professor titular aposentado da UFC,

Fonte: O Povo, de 18/12/22. Opinião. p.20.

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