domingo, 25 de dezembro de 2022

NATAL

Por Lúcia Helena Galvão (*)

Tempos antigos... pouco nítidos, remotos, ainda que bem mais intensos que o agora,
pois que jamais deixou de ser vivo e real o meu fascínio pelas noites de Natal.

Luzes e cores e a vontade de voltar para um misterioso lar que, insistente, em algum lugar, me atrai e espera...
Chama latente em minha vida, herdada desta minha pátria já distante e bem guardada em algum canto antigo do meu coração, país longínquo, desprovido de paixão, e adornado só com simples emoções,
dourado e matizado em sonhos e certezas como a de achar, em algum lugar, um Ancião,
puro e tão sábio, radiante e luminoso, que, em meio ao frio, é calidez de uma esquecida alma ardente,
Presença Pura, o mais precioso dos presentes.

 

Há de existir este mistério, onde estará?
Esse encontro pelo qual eu tanto espero, de uma noite clara e plena de Natal...
Brinquedos lindos, que funcionam qual portal para um mundo extraordinário de aventuras,
mesas com doces, pirulitos e lembranças de um sonho que a todos embala e a tudo cura.

 

Ah, as eternas crianças... sempre perdidas em si mesmas, sempre tristes, já esquecidas de que Papai Noel existe, por um momento, porém, redimidas pela magia desse sonho imortal...
Sei que um dia surgirá, sinto esse dia, em que seremos todos puros como antes; resgataremos este tempo tão distante e tão presente...

E todos nos apoiaremos, simplesmente, sobre as janelas, alcançando seus batentes, a buscar renas galopando em céu brilhante...
Com rostos sujos de açúcar e confeitos, com almas simples, mas com corações perfeitos e debruçados nas janelas que nos dão acesso aos céus.
Puros, singelos, olhando e contando estrelas, tentando ver se encontramos a Mais Bela,
que é a janela em que se debruça Deus...

(*) Professora de Filosofia da Nova Acrópole. Poema circulando por e-mail.

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