JEAN CRISPIM: aos 50 bem vividos
Conheci Francisco Jean Crispim Ribeiro em 1971, quando nos preparávamos para enfrentar o já concorrido vestibular da UFC. A essa época (parecemos algo envelhecido por usar tal expressão), Jean, após longa permanência como aluno do Colégio Militar de Fortaleza, estudava no “cursinho” do Colégio Cearense do Sagrado Coração, enquanto eu concluía o ensino de segundo grau no Colégio Júlia Jorge, que funcionava na Parquelândia, bairro de sua residência.
Em janeiro de 1972, fomos igualmente brindados com a aprovação no vestibular, em classificação que nos permitia optar por quaisquer dos cursos da área de Ciências, possibilitando preencher vaga na graduação de nossa vocação – a Medicina, conquista usualmente mais festejada por nossos familiares do que até por nós próprios.
Nossa vitória, contudo, poderia ser ilusória, pois a escolha baseada na ordem do resultado do vestibular era apenas um indicativo de opção inicial, cabendo a definição efetiva do curso ao rendimento final dos alunos durante o Ciclo Básico. A inditosa e mal fadada experiência da UFC ensejava a criação de um clima de competição permanente entre os universitários e a formação de certas “associações” espúrias, desde que os componentes não se vissem como concorrentes.
Certamente, esse foi também um momento difícil de nossas vidas e penso que a onicofagia imperou entre muitos. Para alguns amigos comuns, Jean fora iniciado nesse vício quando aluno do Coronel Wetter, nos tempos do Colégio Militar, e o Ciclo Básico apenas aflorara uma conduta ora latente.
Tive a gratificante felicidade de ter sido colega do Jean durante os seis anos do curso médico, companhia iniciada no vestibular e encerrada na colação de grau em 1977, compondo a Turma José Carlos Ribeiro, seguramente uma das mais iluminadas de nossa cinqüentenária instituição universitária, à conta dos valores individuais de tantos companheiros, dotados de luz própria, que tão bem servem à nossa população.
Dr. Jean Crispim é estrela de primeira grandeza na constelação de nossos pares. Após a conclusão da graduação, foi bem sucedido no processo seletivo que permitiu realizar a sua Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital Universitário Walter Cantídio, tendo prosseguido seus estudo e treinamento com vistas a exercer a colo-proctologia, especialidade que abraçou com afinco e nela vem se destacando entre os de maior talento, condição reconhecida entre colegas e usuários, mercê de seus inegáveis méritos pessoais.
Mesmo tendo chegado à idade em que muitos se “acomodam”, em parte por decorrência das obrigações provedoras e dos encargos de educação familiar, Jean não titubeou ao enfrentar o desafio de voltar aos bancos escolares para perseguir a obtenção do diploma de mestrado, título aliás que não lhe conferiria qualquer vantagem pecuniária e também não era motivado pela busca de “status” ou mero sentimento de vaidade, dado que fora emulado pelo desejo maior de aprender e de melhor compreender a Arte Médica.
Jean é um homem de família, plasmado em um lar cristão, tendo sido carinhosamente criado por seus pais: Sr. Ribeiro, figura querida e sempre lembrada por aqueles que o conheceram, e D. Izete, exemplo pleno de polidez e amabilidade; guardo ainda, mesmo decorridos vinte e cinco anos, as boas lembranças da convivência com suas graciosas irmãs e as sensações de harmonia emanadas de sua família.
A fortuna também lhe sorriu ao constituir a sua própria família, encontrando, na grandeza física e espiritual de Mazé, a companheira presente, de todas as horas, a matriz que gerou seus três filhos (Lívia, Lucas e Lize), para os quais exercita a proeza de ser um dileto “paizão”.
Por último, ao que me reservo o direito de crer como o mais importante, júbilo maior repousa na sua prática cristã, que não se restringe à sua participação na comunidade carismática católica e na Sociedade Médica São Lucas, consubstanciada que é na forma desprendida em que exerce a sua profissão de médico, independente do estrato ou da inserção social de sua clientela e da natureza pública ou privada do serviço prestado, vendo em cada ser humano um irmão a quem acolhe e tenta suprir um lenitivo para mitigar o padecimento do próximo.
Meu caro Jean! Você, com alguns meses de atraso em relação a mim, chega aos cinqüenta anos. É um momento marcante na nossa trajetória de vida, quando inclusive recapitulamos nossos feitos, gloriosos ou não, e também o que deixamos de fazer. É muito salutar comemorar, registrar tal passagem, que, para muitos, assinala o acme da existência laboral terrena; contudo, renunciar a festividade de um rito, em respeito e solidariedade ao irmão ou ao amigo aturdido pelo sofrimento, é um gesto magnânimo, merecedor do reconhecimento de todos, que enaltece a sua condição humana e o aproxima de Deus.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Conheci Francisco Jean Crispim Ribeiro em 1971, quando nos preparávamos para enfrentar o já concorrido vestibular da UFC. A essa época (parecemos algo envelhecido por usar tal expressão), Jean, após longa permanência como aluno do Colégio Militar de Fortaleza, estudava no “cursinho” do Colégio Cearense do Sagrado Coração, enquanto eu concluía o ensino de segundo grau no Colégio Júlia Jorge, que funcionava na Parquelândia, bairro de sua residência.
Em janeiro de 1972, fomos igualmente brindados com a aprovação no vestibular, em classificação que nos permitia optar por quaisquer dos cursos da área de Ciências, possibilitando preencher vaga na graduação de nossa vocação – a Medicina, conquista usualmente mais festejada por nossos familiares do que até por nós próprios.
Nossa vitória, contudo, poderia ser ilusória, pois a escolha baseada na ordem do resultado do vestibular era apenas um indicativo de opção inicial, cabendo a definição efetiva do curso ao rendimento final dos alunos durante o Ciclo Básico. A inditosa e mal fadada experiência da UFC ensejava a criação de um clima de competição permanente entre os universitários e a formação de certas “associações” espúrias, desde que os componentes não se vissem como concorrentes.
Certamente, esse foi também um momento difícil de nossas vidas e penso que a onicofagia imperou entre muitos. Para alguns amigos comuns, Jean fora iniciado nesse vício quando aluno do Coronel Wetter, nos tempos do Colégio Militar, e o Ciclo Básico apenas aflorara uma conduta ora latente.
Tive a gratificante felicidade de ter sido colega do Jean durante os seis anos do curso médico, companhia iniciada no vestibular e encerrada na colação de grau em 1977, compondo a Turma José Carlos Ribeiro, seguramente uma das mais iluminadas de nossa cinqüentenária instituição universitária, à conta dos valores individuais de tantos companheiros, dotados de luz própria, que tão bem servem à nossa população.
Dr. Jean Crispim é estrela de primeira grandeza na constelação de nossos pares. Após a conclusão da graduação, foi bem sucedido no processo seletivo que permitiu realizar a sua Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital Universitário Walter Cantídio, tendo prosseguido seus estudo e treinamento com vistas a exercer a colo-proctologia, especialidade que abraçou com afinco e nela vem se destacando entre os de maior talento, condição reconhecida entre colegas e usuários, mercê de seus inegáveis méritos pessoais.
Mesmo tendo chegado à idade em que muitos se “acomodam”, em parte por decorrência das obrigações provedoras e dos encargos de educação familiar, Jean não titubeou ao enfrentar o desafio de voltar aos bancos escolares para perseguir a obtenção do diploma de mestrado, título aliás que não lhe conferiria qualquer vantagem pecuniária e também não era motivado pela busca de “status” ou mero sentimento de vaidade, dado que fora emulado pelo desejo maior de aprender e de melhor compreender a Arte Médica.
Jean é um homem de família, plasmado em um lar cristão, tendo sido carinhosamente criado por seus pais: Sr. Ribeiro, figura querida e sempre lembrada por aqueles que o conheceram, e D. Izete, exemplo pleno de polidez e amabilidade; guardo ainda, mesmo decorridos vinte e cinco anos, as boas lembranças da convivência com suas graciosas irmãs e as sensações de harmonia emanadas de sua família.
A fortuna também lhe sorriu ao constituir a sua própria família, encontrando, na grandeza física e espiritual de Mazé, a companheira presente, de todas as horas, a matriz que gerou seus três filhos (Lívia, Lucas e Lize), para os quais exercita a proeza de ser um dileto “paizão”.
Por último, ao que me reservo o direito de crer como o mais importante, júbilo maior repousa na sua prática cristã, que não se restringe à sua participação na comunidade carismática católica e na Sociedade Médica São Lucas, consubstanciada que é na forma desprendida em que exerce a sua profissão de médico, independente do estrato ou da inserção social de sua clientela e da natureza pública ou privada do serviço prestado, vendo em cada ser humano um irmão a quem acolhe e tenta suprir um lenitivo para mitigar o padecimento do próximo.
Meu caro Jean! Você, com alguns meses de atraso em relação a mim, chega aos cinqüenta anos. É um momento marcante na nossa trajetória de vida, quando inclusive recapitulamos nossos feitos, gloriosos ou não, e também o que deixamos de fazer. É muito salutar comemorar, registrar tal passagem, que, para muitos, assinala o acme da existência laboral terrena; contudo, renunciar a festividade de um rito, em respeito e solidariedade ao irmão ou ao amigo aturdido pelo sofrimento, é um gesto magnânimo, merecedor do reconhecimento de todos, que enaltece a sua condição humana e o aproxima de Deus.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado sob o título “Jean, Aos 50 Bem Vividos!” In: Jornal O Povo. Fortaleza, 15 de fevereiro de 2004. Jornal do Leitor. p.4.
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