sexta-feira, 31 de maio de 2013

O BRASIL ANEDÓTICO LIII



O PRÍNCIPE CONSPIRADOR
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. III. Pág. 212.
A atitude das Cortes de Lisboa em relação ao Brasil havia congregado os patriotas deliberados a emancipar a antiga colônia com ou sem o auxílio do Príncipe Regente. As combinações para isso marchavam céleres, multiplicando-se os emissários especiais entre São Paulo e Rio, estabelecendo ligações para o grande movimento libertador.
Incumbido, um dia, pelos patriotas da Corte, de ir àquela província com uma mensagem verbal aos conspiradores, o capitão Pedro Dias Pais Leme, que foi mais tarde marquês de Quixeramobim, entendeu no seu dever, de caminho, passar na Quinta da Boa-Vista, e, como amigo do príncipe, narrar-lhe o que se tramava.
D. Pedro ouviu, calmo, a narrativa, e, ao fim, em vez de agradecer-lhe ou dar-lhe qualquer ordem, pôs-se a falar de viagens e caçadas. Até que, por certa altura, chegando à janela, começou a olhar o horizonte, no rumo do sul. E apontando-o a Pais Leme:
- Que belo dia para se viajar!...
O oficial compreendeu tudo. Beijou, comovido, a mão do Príncipe, desceu rapidamente as escadas, montou a cavalo, e partiu a galope.
JUSTIÇA DE FUNIL
Anais do Senado, 1895.
Sessão de 31 de maio de 1895, do Senado. Na tribuna, atacando o governo, o sr. Coelho Rodrigues lembra aos seus colegas republicanos que na monarquia, ele, orador, não poupava o soberano, toda a vez que este se desmandava. E cita, entre outras, esta frase daquela época:
- "O direito é o mesmo, ou não existe".
E concluindo:
- "E a Justiça não é nenhum funil, com o lado largo para Sua Majestade e o estreito para nós!"
DECEPÇÃO
Alberto Rangel - "Pedro I e a Marquesa de Santos", pág. 48.
Certo coronel mercenário, utilizado, como tantos outros, por Pedro 1 nos primeiros dias do Império, costumava gabar-se da amizade que lhe dispensava o Imperador.
- Quando eu morre - dizia ele, frequentemente, no seu português de alemão; - quando eu morre, lmperradorr chorra muito!
Um dia, durante um jantar entre camaradas em que todos haviam bebido em demasia, entenderam estes de tirar a prova daquela asserção, e mandaram um portador ao Paço, comunicar a Sua Majestade a morte do oficial.
Ao regressar o emissário, o coronel indagou, pressuroso e comovido:
- Imperradorr chorra?
- Não, senhor, - informou o encarregado da missão. - Quando eu lhe dei a notícia, Sua Majestade limitou-se a dizer: -"Pois que vá feder pra longe!"
DE "BODE LER"
Alberto Faria - Conferência na Academia Brasileira de Letras, em 1925.
Frequentador da casa dos Marianos, de que descende Alberto de Oliveira, conheceu Fagundes Varela, aí, um mulato pernóstico, de nome Teodorico. Aliteratado, o pardavasco pediu ao poeta que lhe emprestasse as Flores do Mal.
- Não posso, - recusou Varela, piscando os olhos azuis.
E sem a menor consideração:
- É de Baudelaire; não para "bode ler"!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).

quinta-feira, 30 de maio de 2013

DE MALA E CUBA



João Brainer Clares de Andrade (*)
Nas últimas semanas, a imprensa nacional noticiou declarações de diferentes ministros brasileiros que alentavam a vinda de médicos estrangeiros. O objetivo inicial era um acordo para a importação de 6 mil médicos formados em Cuba, brasileiros ou não, em um processo de revalidação automático de diplomas, eximindo-se de qualquer avaliação teórica ou prática.
Ao mesmo passo que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cumpre agenda de pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, a medida de importação baseia-se em um critério matemático divulgado pelo Ministério da Saúde: a proporção de médicos por habitante no Brasil chega a quase três vezes inferior a outros países da América Latina, mesmo já formando mais de 16 mil médicos/ano e tendo 200 escolas de Medicina no País.
Sob a justificativa de levar médicos a áreas de difícil atração, o Governo Federal utiliza outro dado: em países como Canadá e Inglaterra, os médicos estrangeiros compõem parcela significativa no contingente nacional. Esquecem-se, no entanto, de pontuar que esses países oferecem condições de trabalho e tratamento ao paciente, em qualquer local que seja. As remunerações são dignas e há meios de oferecer qualidade de atendimento ao paciente. No Brasil, a estratégia parece ser mais barata: importar mão de obra sem qualquer tipo de avaliação para conter o ímpeto de ter médico em qualquer lugar, em qualquer situação ou qualidade.
Por sorte, e como pouco se viu nos últimos anos, os médicos brasileiros estão se mobilizando. Não mais toleram os baixos salários e as condições indignas de trabalho, em que paciente e médico correm riscos simultâneos. Em movimento que tem conquistado adesão da sociedade, diz-se um basta à política eleitoreira com saúde pública. A população precisa, sim, de médicos; precisa de médicos bons, com condições de atendimento.
Se os responsáveis pela empreitada consideram a Medicina cubana tão superior à brasileira e, portanto, “útil” à nossa população, que se mudem para Cuba; e não se esqueçam da mala...
(*) Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Publicado In: O Povo, de 30/05/2013. Opinião. p.7.
Nota do Blog: Fica a sugestão de que, por misericórdia, cada emigrante brasileiro leve duas malas: uma cheia de papel higiênico, e outra, de absorvente feminino. No percurso da viagem, faça-se uma escala em Caracas, para entregar, simbolicamente, a primeira mala aos milhares de médicos cubanos, radicados na Venezuela, e atualmente responsáveis pela combalida oferta de serviços de saúde aos venezuelanos; a segunda, repleta de absorventes catameniais, chegaria ao destino final, Havana, a ser ofertada às cubanas, que são privadas do uso desse artigo íntimo, considerado fútil e de luxo pelas autoridades da ilha caribenha, e, por certo, apenas disponível às mulheres vinculadas, conjugal ou funcionalmente, ao Partido Comunista de Cuba.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

ADEUS, COMPANHEIRA



Fábio Blanco (*)
Miraram na raposa, acertaram na ovelha.
É isso que acontece quando uma lei é feita apenas para satisfazer grupos ideológicos.
E as empregadas domésticas? Venderam a elas a ideia de que agora teriam os direitos idênticos aos de todos os empregados formais, que passariam a gozar de férias, FGTS, horas extras... E algumas estavam até comemorando, pois, se o pessoal lá de Brasília falou que elas têm direito, então, a partir de agora, bastaria exigi-los.
Doce ilusão! O que elas estão recebendo, e em massa, são comunicações de dispensa.
Alguém pensou que seria diferente? Acreditem, o poder público não pode direcionar o mercado como muitas pessoas acham que ele pode. Ele tenta, cria normas, faz leis, impõe regras, mas, no fim das contas, o fator decisivo sempre será a oferta e a procura.
O que os fazedores de lei esqueceram, neste caso, é que o trabalho doméstico, se muitas vezes parece indispensável, é uma necessidade de natureza bastante diversa em comparação ao trabalho em uma empresa comercial. Esta, por definição, precisa de empregados para existir, para prestar seus serviços, fabricar seus produtos, vender seus bens. Sem funcionários uma empresa não existe. O trabalho doméstico, pelo contrário, por mais que pareça indispensável, em sua ausência não se altera a natureza do domicílio. Pode causar alguns transtornos, mas o lar permanece um lar, com ou sem empregada.
Ora, bastava dar uma olhadinha para países mais ricos, como os EUA e Canadá, para saber que o endurecimento de regras trabalhistas, ao invés de colaborar para o implemento de direitos, de fato, impedem sua efetivação.
Nesses países o trabalho doméstico é quase inexistente. Com exceção de pessoas com muito dinheiro, poucos se atrevem a contratar um trabalhador doméstico com todos os encargos que lhe são peculiares. Porém, nesses países mais ricos o impacto dessa impossibilidade é absorvido por outras oportunidades de emprego. Aqui no Brasil, porém, onde ainda para pessoas sem formação específica a oferta de trabalho não é assim tão abundante, conceder direitos formais, ao invés de conceder ganhos para os supostos beneficiados, é o que acaba promovendo é o desemprego.
O resultado dessa lei será, portanto: a demissão em massa de trabalhadoras domésticas, lançando-as para o trabalho autônomo de diaristas, com o óbvio aumento de oferta desse tipo de serviço, com a consequente diminuição dos valores de remuneração, exatamente por causa da concorrência. Quiseram favorecer os empregados, acabaram apenas favorecendo os patrões.
Principalmente aqueles que sempre fugiram de arcar com os custos trabalhistas. Miraram na raposa, acertaram na ovelha.
É isso que acontece quando uma lei é feita apenas para satisfazer grupos ideológicos. Estes, normalmente, são terrivelmente míopes para a história e para os fatos. Vêem tudo pela ótica do explorador e explorado, pela luta de classes e não percebem que, na realidade, as relações são bem mais complexas do que isso. O que mais ouvi, nestes dias, foi a retórica da libertação das domésticas, o fim de sua escravidão, e que essa era a última conquista que restava na área trabalhista. Porém, será que nunca se perguntaram o motivo delas possuírem menos direitos que os trabalhadores de empresas? Talvez, sim. Porém, como é de praxe, concluíram que isso devia-se a preconceito, interesse ou segregação.
Ao que parece, que nenhum deles parou para pensar é que a natureza do trabalho doméstico é completamente diferente do trabalho empresarial.
Melhor dito: o empregador doméstico jamais pode ser colocado em pé de igualdade com o empresário. Este, ao pagar salários, incorpora esses gastos nos preços de seus produtos e serviços. Por isso, o número de funcionários que possui depende, diretamente, da projeção de vendas e negócios que espera realizar. O empregador domiciliar, pelo contrário, paga sua empregada doméstica com o dinheiro de seu próprio bolso, sem possibilidade de reembolso. Aqui, funcionário é apenas gasto; lá, é investimento.
Por tudo isso, já se pode considerar esta uma das piores leis trabalhistas da história.
(*) Fabio Blanco é advogado e teólogo.
Fonte: http://fabioblanco.blogspot.com.br/2013/04/adeus-companheira.html

terça-feira, 28 de maio de 2013

Importar médico é a solução?



Antônio Augusto Lima (*)
Esta polêmica entre o ministro da Saúde e os Conselhos de Medicina é uma forma de esconder os problemas da saúde
Muito se tem falado na contratação de médicos estrangeiros para trabalharem no Interior e nas periferias das grandes cidades sob a justificativa de que os médicos formados no Brasil não têm interesse em trabalhar para os menos favorecidos, estando mais atraídos em prestar serviços considerados de elite.
Os médicos formados no Brasil não se furtam ao trabalho em qualquer local do território nacional desde que tenham as condições necessárias para realizarem um trabalho de qualidade para a população. As dificuldades enfrentadas pelos médicos são enormes; dentre elas, falta de medicamentos, de equipamentos para realização de exames e procedimentos simples nos hospitais e postos de saúde, auxiliares mal remunerados, dificuldade de transporte às localidades mais distantes, salários em atraso e total desinteresse dos gestores públicos em solucionar os problemas.
Ao invés de resolverem os problemas que assolam a saúde pública, os responsáveis pela pasta ficam alardeando a importação de médicos como a solução do problema da saúde em nosso país, parece que importar médicos é como importar uma máquina para uma indústria, o que não é verdade. Um médico formado fora do Brasil precisa primeiramente ter seu diploma reconhecido (revalidado), o que não é tarefa fácil e muito menos rápido, pois é necessário seguir os trâmites legais para, somente depois de revalidado o diploma, o médico poder exercer a medicina se for brasileiro.
No caso de médico estrangeiro, além do reconhecimento de seu diploma, ainda é necessário um visto de trabalho expedido pelos órgãos que cuidam da imigração. Portanto, não é só o ministro da Saúde querer, que vamos encher nosso país de médicos cubanos como sendo a solução para a saúde.
Esta polêmica entre o ministro da Saúde e os Conselhos de Medicina é mais uma forma de esconder os problemas da saúde causados pela ingerência dos gestores públicos e colocar a população e a opinião pública contra a classe médica formada em nosso país, que tem que conviver diariamente coma falta de condições de trabalho e de interesse dos gestores em buscar soluções possíveis e dentro de nossa realidade.
Podem trazer médico de qualquer lugar do mundo, que, sem as reformas necessárias, a situação da saúde em nosso país só vai piorar. E logo teremos uma legião de médicos estrangeiros de qualificação duvidosa perambulando nos hospitais e postos de saúde.
(*) Advogado
Publicado In: O Povo, Opinião, de 28/05/2013.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Senhores da guerra: saliva não é gasolina!




Por Ricardo Alcântara (*)
De onde menos se espera... é de lá que realmente não vem coisa nenhuma! Estão nas páginas dos jornais as sábias declarações de Ciro Gomes para provar que, de fato, um dito popular pode ter seu sentido invertido sem prejuízo da verdade.
Sua contribuição para amenizar as tensões entre a corporação militar e o comando do governo é o emblema da imprudência. Se os policiais quiserem mesmo tocar fogo, já sabem onde estocaram a gasolina: na saliva do irmão. E logo o mais velho!
Como não consta no Diário Oficial nomeação sua para cargo de confiança, a ameaça de “cortar cabeças” comunica à sociedade a existência de uma modalidade danosa no exercício do poder, excessivamente informal para uma situação de crise.
Quando mais evidenciada deveria estar a autoridade eleita e personificada na figura do governador do Estado, é sua fragilidade o que sugere a intervenção carbonária de quem ameaça punir sem as necessárias prerrogativas institucionais.
Mais do que aos (ilegítimos, segundo ele) líderes do corpo policial, o destempero contumaz do primogênito afronta as generalizadas expectativas dos cidadãos, já suficientemente alarmados pela inoperância dos serviços públicos de segurança.
Se, mesmo operando no modo diletante, Ciro Gomes se declara com poderes para “cortar cabeças”, saiba ele que, nas circunstâncias atuais, a população aguarda das partes envolvidas exemplos minimamente responsáveis de diálogo e conciliação.
Do contrário, não é improvável que, uma vez mais e com sérios danos à ordem pública, volte a população a olhar com simpatia para atos impróprios de quebra de hierarquia, solidária com quem não viu reconhecida a relevância de suas tarefas.
Ao vereador e capitão Wagner, Ciro Gomes dirige acusação que, caso procedente, merece apuração com rigor exemplar, mas não deveria ser manifestada sem a apresentação de algum indício: acusa-o de conluio com quadrilhas de traficantes.
Um aspecto positivo: de público, o primogênito se declara isento do uso de drogas – sim, porque usuários de drogas não têm condições morais de apontar o dedo na direção de traficantes, pois a eles é que dão sustento. Boa, Ciro! Então, somos dois.
A réplica do acusado não foi menos inquietante: os verdadeiros bandidos estariam na cúpula da polícia e deu como exemplo o suposto envolvimento do coordenador de Inteligência com nada menos do que grupos de extermínio. Enfim, haja lenha.
Enquanto isso, nós, as famílias que sustentamos a todos eles (menos ao Ciro, que não tem mais profissão definida), fazemos o quê, além das nossas orações? Quem se mostrar mais sensível a isso terá maiores chances de vencer a queda de braço.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

domingo, 26 de maio de 2013

ELEVADOR ESPECIAL



Um menino da roça, de 15 anos de idade, e seu pai entraram em um shopping, na cidade grande, pela primeira vez. Eles ficaram impressionados com quase tudo o que viram, mas especialmente por duas brilhantes paredes de prata que podiam abrir e fechar.
O menino perguntou:
- O que é isto, pai?
O pai (que nunca tinha visto um elevador) respondeu:
- Filho, eu nunca vi nada parecido em minha vida, eu não sei o que é.
Enquanto os dois estavam vendo aquilo com perplexidade, uma senhora idosa, gorda, em uma cadeira de rodas chegou perto das portas e apertou um botão.
As portas se abriram e a senhora rolou entre elas, entrando naquele quarto pequeno.
As portas fecharam e o menino e seu pai observavam o pequeno número acima das portas acender sequencialmente.
Eles continuaram a assistir, até que chegou o último número ... e, depois, os números começaram voltar na ordem inversa.
Finalmente, as portas se abriram novamente e uma linda loira de mais ou menos 24 anos, saiu do quartinho.
O pai, sem tirar os olhos da moça, disse calmamente pro filho:
- P... q.. p...., vá buscar sua mãe...
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

ENGENHEIRO NO INFERNO



Um Engenheiro morreu e chegou às portas do Céu. É sabido que os Engenheiros, por sua honestidade, sempre vão para o céu. São Pedro procurou a ficha do Engenheiro em seus arquivos, mas, como andava um pouco desorganizado ultimamente, não a encontrou na montanha de documentos. Então, ele falou para o Engenheiro:
- Lamento, mas seu nome não consta em minha lista....
Assim, o Engenheiro foi até as portas do Inferno, onde Lhe deram imediatamente moradia e alojamento.
Pouco tempo se passou e o Engenheiro se cansou de sofrer as agruras do inferno.
Ele se pôs, então, a projetar e construir melhorias.
Com o passar do tempo, o Inferno já tinha ISO 9000, sistema de monitoramento de cinzas, ar condicionado, banheiros com drenagem, escadas rolantes, aparelhos eletrônicos, redes de telecomunicações, programas de manutenção predial, sistemas de controle visual, sistemas de detecção de incêndios, termostatos digitais etc...
E o Engenheiro passou a ter uma excelente reputação.
Um dia, Deus, estranhando a falta de reclamações que normalmente lhe chegava das bandas do Inferno, chamou o Diabo pelo telefone e perguntou desconfiado:
- Como estão vocês aí no Inferno?
- Nós estamos muito bem! Temos ISO 9000, sistema de monitoramento de cinzas, ar condicionado, banheiros com drenagem, escadas rolantes, aparelhos eletrônicos, internet, etc. Se quiser, pode me mandar um e-mail para meu endereço, que é odiabofeliz@inferno.com. E olhe que eu ainda nem sei qual será a próxima surpresa que o Engenheiro nos reserva!
- O QUÊ?! O QUÊ?! Vocês tem um Engenheiro aí no Inferno?? Isso é um erro! Nunca deveria ter chegado aí um Engenheiro! Os Engenheiros sempre vão para o Céu; isso é o que está escrito e já está resolvido. Mande-o de volta para o Céu imediatamente!
- De jeito nenhum! Eu gostei de ter um Engenheiro na organização... E ficarei eternamente com ele.
- Mande-o para mim ou... EU LHE PROCESSO!!...
E o Diabo, dando uma tremenda gargalhada, respondeu a Deus:
- Ah, sim?? Então, só por curiosidade, me responda: De onde você TIRARÁ UM ADVOGADO, se todos estão aqui???
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sábado, 25 de maio de 2013

IMPORTAÇÃO DE MÉDICOS: SIM X NÃO



O Brasil pode não exigir exame de revalidação do diploma de médicos da Espanha e de Portugal para trabalho temporário em áreas com déficit de profissionais da saúde no País. Você concorda?

SIM – “Exemplo importante é o dos Médicos Sem-Fronteiras, que têm serviços relevantes
Mônica Sampaio (*)
A avaliação é um recorte da realidade, mas nem sempre representa a realidade como um todo. O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida), instituído pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Saúde (MS) e Ministério das Relações Exteriores (MRE), tem cumprido um papel importante na revalidação de diplomas médicos obtidos no Exterior. Definiu e regulamentou um padrão de avaliação nacional, considerando duas etapas: prova teórica seguida de prática. Segundo dados do Revalida 2011, dos 677 inscritos, apenas 65 foram aprovados (9,6%). O exame não é o único responsável por medir o desempenho do profissional e assegurar uma prática médica segura. Avalia mais o conhecimento em uma prova escrita, hoje considerado critério de exclusão no Revalida, e menos habilidades clínicas ou atitudes necessárias e fundamentais que articulem os conhecimentos adquiridos com as necessidades de saúde da população. Foi criada uma Comissão de especialistas, MEC e MS para aperfeiçoamento e análise contínua dos resultados e dos componentes do processo avaliativo. Temos que identificar situações e regiões específicas de vazios assistenciais importantes que repercutem na saúde da população e necessitam de medidas imediatas. Países como Itália, Alemanha, Espanha, México e Uruguai não aplicam prova para revalidação de diplomas, assim como países do Mercosul que possuem acordos bilaterais como Argentina, Equador e Peru. Outro exemplo importante é o da experiência dos Médicos Sem-Fronteiras que prestam serviços relevantes à população. Assim, o fato de o Brasil conceder registro provisório a médicos da Espanha e Portugal para trabalho temporário na Atenção Básica e em áreas remotas é uma medida adequada para assegurar o acesso imediato à população brasileira aos serviços de saúde. Também não significa desconsiderar o Revalida. Embora medidas estruturantes sejam necessárias, as decisões do governo brasileiro visam ao provimento de médicos em áreas remotas de forma imediata, para ser assegurado o direito à saúde do povo que sofre com a dificuldade de acesso a serviços médicos.
(*) Diretora do Depto. de Gestão da Educação na Saúde da Sec. de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Min. da Saúde
NÃO – “Registro de médico, se vem de fora, tem de passar pelo crivo da revalidação”
Dalgimar Beserra de Menezes (**)
É intenção do governo prover de médicos os rincões remotos do País, Confins, Macondo, Gangorra: interiorizar a medicina. O SUS, o Programa Saúde da Família, em sendo saúde direito de todos e dever de estado, culmina na tentativa de concretizar a tarefa da interiorização. As medidas tomadas até agora não funcionaram a contento; a criação indiscriminada de faculdades de Medicina parecia ter a finalidade de, ao saturar o País de médicos, forçar alguns à prática nos cafundós. Não vingou. Médicos oriundos de escolas públicas, particulares ou do exterior têm os mesmos direitos; pois a ida ao PSF é uma espécie de Purgatório; muitos dos que adentram esse programa voltam, como citadinos, para fazer residência de especialidade, ao anseio de crescimento e qualificação. O governo tem arriscado outras medidas, como privilegiar o recém-formado no PSF, dando-lhe vantagem às provas de residência (Provab), medida ilegal; sobrevém a tentativa de importação de médicos de países estrangeiros, Cuba, Bolívia, recentemente, um contingente da península ibérica. Registro de médico em conselhos regionais, para que possa praticar, se vem de fora, tem de passar pelo crivo da revalidação de diploma em universidade pública; ultimamente estabeleceu-se o Revalida, que implica equiparação de currículos, provas de proficiência da língua pátria, de múltipla escolha de matéria médica e de habilidades clínicas. Transposta essa barreira, se o médico aderir ao PSF, almejará fazer residência médica nas cidades maiores e capitais; na primeira oportunidade abandona o programa; a medida populista preconizada pelo governo, ao deixar entrar frouxamente todos os que quiserem, sem revalidação de diploma, além de estupro das leis vigentes, não terá eficácia. Os que vierem por essa via, pelo direito que adquiriram de ser médicos, vão fazer o que bem entenderem. As marchas e contramarchas dos governos não logram resolver o problema da interiorização do médico. Medida que talvez surta efeito: carreira de estado para médicos (se quiserem), que implique crescimento pessoal, ao modo dos juízes. Mas só o crescimento econômico efetivo fixará os médicos nas regiões mais remotas.
 (**) Primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec)
Publicado In: O Povo, de 23/05/13. p.7.

MANIFESTAÇÃO PRÓ-REVALIDA



Os centros acadêmicos de escolas médicas cearenses (FMJ, Uece, UFC, Unichristus e Unifor) realizam manifestações em defesa do Revalida, hoje (25/05/13), em Fortaleza e em Juazeiro do Norte. Vide anúncio do evento de nossa capital.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular da Uece

sexta-feira, 24 de maio de 2013

CONVITE: Mês de Maio, Mês Mariano e das Mães





Mês de Maio, Mês Mariano e das Mães
A Sociedade Médica São Lucas (SMSL) convida todas as Mães e Familiares para a Celebração Eucarística que será realizada no dia 25/05/2013, na Capela Nossa Senhora das Graças, do Hospital Geral do Exército, na Av. Desembargador Moreira,1.500, às 18h30min em Ação de Graças pelo Dia das Mães.
As Mães serão homenageadas e haverá a coroação de Nossa Senhora.
Mãe, sua presença será uma grande alegria!
Mãe... bênção de Deus na vida de um filho
FILHOS CONVIDEM SUAS MÃES!

Solenidade de Colação de Grau de Mestre e Outorga de Título de Doutor da Uece



A Universidade Estadual do Ceará (UECE) promoveu na noite da quarta-feira (22/05), no Centro de Eventos do SEBRAE, a solenidade da XVIII Colação de Grau de Mestre, diplomando 298, e da X Outorga de Título de Doutor, diplomando 56 doutores. Os 354 concludentes foram recepcionados pelo Octeto Feminino da Orquestra Sinfônica do Ceará (OSUECE). O evento foi presidido pelo Reitor Professor Jackson Sampaio e coordenado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa.
A cerimônia teve como oradora docente, Maria das Dores Mendes Segundo, professora do curso de História e Coordenadora do Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação e Ensino e, como oradora discente, Ayeska Costa Barroso, concludente do curso de Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade.
Participei da cerimônia na condição de Coordenador do Mestrado Acadêmico em Saúde Pública e representando o doutorado em Saúde Coletiva, cuja Coordenadora, a Profa. Salete Bessa, encontrava-se nos EUA.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular da Uece

quinta-feira, 23 de maio de 2013

APARÊNCIAS RESPEITOSAS



Por Olavo de Carvalho
Desde o começo da sua epopeia, os birthers não seguiram a estratégia mais simples e racional que teria lhes permitido, já em 2008, jogar Barack Hussein Obama na lata de lixo da História de uma vez para sempre.
A tese que defendiam era substancialmente verdadeira: o homem havia se apresentado às eleições com falsa identidade. O lugar dele, portanto, não era na Casa Branca, nem mesmo no Senado ou na lista de candidatos à presidência. Era na cadeia.
Tendo nas mãos a prova do crime, poderiam tê-la desfechado logo no coração do inimigo, como uma bala de prata, e ir para casa seguros de que haviam não só dado cabo do vampiro, mas aleijado gravemente a ala esquerda do Partido Democrata.
Bastava um processo criminal contra o qual Obama, então mero candidato, não tinha a proteção da imunidade presidencial nem podia mobilizar o aparato repressivo e a máquina publicitária do Estado, como veio a fazer mais tarde.
Em vez disso, preferiram dar ao caso as dimensões de uma crise constitucional, complicando tremendamente a guerra e envolvendo-se em intermináveis discussões sobre a elegibilidade e a nacionalidade do candidato, que debilitaram sua causa ao ponto de dar-lhe a aparência de uma "teoria da conspiração", expô-la a toda sorte de gozações maliciosas e condená-la a uma sucessão de derrotas judiciais.
Desde logo, a lei determina que acusações de inelegibilidade, uma vez vitorioso o candidato, só podem ser apresentadas por quem comprove ter sido pessoalmente prejudicado no curso das eleições. Como ninguém tem como provar isso, e só quem tem, que é John McCain, não quer briga, todos os processos tentados pelos birthers até agora foram rejeitados in limine.
Em segundo lugar, a prova de inelegibilidade dependia da interpretação que se desse ao preceito constitucional de que só cidadãos americanos nativos podem ser  candidatos à presidência. Os birthers argumentam que, para os signatários da Constituição, "nativo" significava nascido em território americano de pais (no plural) americanos. O argumento está certo, em princípio, mas nem todos os constitucionalistas admitem que o texto do documento fundador do Estado americano deva ser interpretado no seu sentido originário.
Muitos querem adaptá-lo ao "espírito dos tempos".
Pode-se alegar que esse espírito é muitas vezes o espírito de porco, mas o fato é que o debate já existia desde muito antes do caso Obama: o argumento constitucional, portanto, dependia de uma premissa que nada tinha de unânime ou autoprobante.
Em terceiro lugar, a própria inexistência de provas válidas da nacionalidade de Obama, em vez de ajudar os birthers, acabou por favorecer o suspeito. Escorado no direito à privacidade, o espertinho manteve quase todos os seus documentos trancados a sete chaves, sabendo que uma investigação para tirar a coisa a limpo só poderia realizar-se por ordem judicial e que não haveria ordem judicial sem processo. 
Por que o movimento birther escolheu o caminho mais complicado e até hoje continua a trilhá-lo entre dores e humilhações?
Em 2008 já havia sérios indícios de que era falsa a certidão resumida que o bloco obamista havia divulgado para exorcisar às pressas a vaga suspeita de um nascimento queniano, espalhada pela internet. A prova efetiva da falsidade, porém, dependia de exames periciais que só um juiz poderia ordenar no curso de um processo.
Logo em seguida, porém, veio uma prova material muito mais evidente, muito mais contundente, que não dependia de peritagem nenhuma, por ser visível com os olhos da cara. Não estava na certidão de nascimento, mas no certificado de alistamento militar (selective service) de Barack Hussein Obama: num lance digno do Exterminador do Futuro, o homem tinha assinado em 1980 um formulário que só viria a ser impresso em 2008. E o carimbo com a data tinha sido patentemente adulterado, recortando os algarismos 0 e 8 para montar um simulacro de "1980", sem o 1 e o 9. Não poderia ser mais evidente a tentativa de construir uma falsa biografia oficial ex post facto por meios pueris.
Sem nem mesmo levantar a questão da inelegibilidade, um processo-crime por falsidade documental, ainda que não chegasse a conclusão nenhuma antes das eleições, teria bastado para mostrar ao eleitorado a verdadeira face de Barack Hussein Obama, desmoralizando sua candidatura pelo caminho mais simples e rápido.
Se os birthers não perceberam isso ou não quiseram admiti-lo, foi, entre outros motivos, pelo seguinte: quem cantou a bola do alistamento militar foi a colunista Debbie Schlussel, que em alguns meios conservadores tem a fama de excêntrica amalucada. E o crime que ela denunciava era tão grosseiro, tão estúpido, que podia soar inverossímil.
Quem iria acreditar que um senador americano, candidato à presidência, conseguira enganar o seu próprio partido e a nação inteira com um truque bocó? Com toda a evidência, o critério da credibilidade aparente e do "prestígo da fonte", falou mais alto que o da materialidade dos fatos. A acusação de inelegibilidade pareceu alternativa mais respeitável.
Os birthers, em suma, acharam que seguindo a dica de Debbie Schlussel ficariam parecendo um bando de malucos. Ao optar pela aparência respeitável, não notaram que estavam cedendo o terreno ao inimigo: uma vez eleito e empossado, Obama já não era um simples indivíduo – era "a Presidência". Investido, assim, da mais respeitável das aparências, afivelou com a maior facilidade a máscara de malucos no rosto daqueles que tudo haviam sacrificado para evitá-la.
Moral da história: antes uma verdade inverossímil do que uma verossimilhança enganosa.

Publicado no Diário do Comércio, 29 de junho, 2012.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

SERÁ QUE VALE A PENA?



Antero Coelho Neto (*)


No momento atual que vivemos no nosso país, muitos participantes de nosso Programa de Rádio (FM Universitária), palestras, consultorias e de nossa Rede de Amigos pela Internet, estão perguntando: vale a pena o idoso viver mais?
Com tantos problemas sociais, culturais, políticos e de saúde das pessoas idosas, vale a pena atingir a 4ª e 5ª idades? Como é que vamos fazer o nosso plano de longevidade, não sabendo destacar essas complicações que aumentam constantemente? Para mim dizem eles: como fazer, sabendo-se que a cada dia que passa vários problemas médicos aparecem? E alguns deles muito graves?
Com o envelhecimento, passamos a apresentar uma série de perturbações fisiológicas, transtornos físicos e patologias específicas que causam muitas dores, paralisações, perdas das nossas memórias (todas as conhecidas no presente) e até ausência da Consciência (dimensão essencial de nossa vida como a qualidade e quantidade).
Já sabemos que vários neurotransmissores e hormônios importantes vão diminuindo com a idade e alguns até desaparecem.
Com isto muitos órgãos funcionam com dificuldades, as nossas defesas imunológicas diminuem ou desaparecem e as doenças se desenvolvem.
Felizmente, pesquisas internacionais importantes revelam que, principalmente, utilizando a Promoção da Saúde (Prevenção das enfermidades, estilos saudáveis de vida, comunicação em saúde e eliminação dos fatores de riscos), desde a infância, possibilita uma velhice com poucas dessas patologias, alem de também aumentar a nossa longevidade. E muitas outras pesquisas estão sendo feitas, algumas delas em segredo, para evitar a ação comercial prejudicial.
Uma delas e publicada há poucos dias na revista especializada “Nature”, revelou que o grupo de pesquisadores do Colégio Albert Einstein de Medicina de Nova York, descobriu que o hipotálamo, uma importante região do cérebro, seria responsável pelo controle de nosso envelhecimento. Sentiram a importância da descoberta? E outras que estão sendo desenvolvidas comprovam a frase que tenho repetido do Dr. David Branding-Bennett, da OMS: “As descobertas recentes revelam que o mundo está aprendendo a envelhecer com êxito”. E “O que vai acontecer nos próximos anos é inimaginável”, dizem outros pesquisadores importantes.
Assim, a nossa responsabilidade médica, social e humana aumenta a cada dia que passa. E os nossos deveres com a saúde e a longevidade saudável tornam-se mais difíceis. E nós, da equipe de saúde, temos que aprender e crescer mais, avançar, sentir, sofrer juntos e acima de tudo, amar mais a nossa profissão, amar mais ao nosso doente e também amar mais ao nosso sadio para que ele não adoeça.
Assim, nós da Academia Cearense de Medicina, temos demonstrado várias vezes, nos momentos oportunos. Estamos todos convictos da importância de nosso papel neste momento tão importante para a melhoria de nossos valores. E esta foi a demonstração nacional de nossa “XV Bienal de Medicina”, que realizamos na semana passada, quando discutimos e trabalhamos os “Medicamentos no Brasil”, com ilustres e importantes convidados nacionais.
E que todos fiquem certos de que jamais vamos diminuir as nossas responsabilidades para com o povo brasileiro. E assim, podemos continuar repetindo o nosso lema: “vale a pena envelhecer ativo, criativo e saudável”.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Publicado In: O Povo, 15/05/2013.

terça-feira, 21 de maio de 2013

MINHA HISTÓRIA EM FORTALEZA



José Jackson Coelho Sampaio (*)
A Fortaleza de minha infância era o carinho de meus avós maternos, o cheiro do mar, as matinês nos Cines Diogo e São Luiz, o vento da Praça do Ferreira e a trepidante aventura dos ônibus da Itaoca ao Centro. Nasci em Sobral e segui meus pais por Nordeste e Norte, tendo Fortaleza como eixo de peregrinações, estendidas a Crateús, terra de meus pais, onde viviam meus avós paternos.
Aqui descobri a paixão pela leitura, nas prateleiras da Livraria Feira do Livro, negócio iniciado em 1956 pelo tio materno Manoel Raposo. Lembro-me, criança, de festivos lançamentos de livros, prestigiados pelos autores. A alegria de Jorge Amado, a gentileza de Jáder de Carvalho e a sisudez de Sartre estão vivas na memória.
Para estudar no Colégio Lourenço Filho, vim para cá em 1964. Então descobri a política e a repressão, pois Raposo caiu na ilegalidade, devido ao Golpe Militar, depois foi preso e, visitando-o, ouvi falar em Marx, Lenin, Prestes. Meu pai sentiu-me muito afetado por tudo isso e decidiu internar-me no Colégio Marista do Maranhão. Fiz o percurso de minha própria rebelião até obter o retorno para Fortaleza.
De 1966 para cá, exceto pelo tempo em que, no Rio e em Ribeirão Preto, respectivamente, fiz Mestrado e Doutorado em Medicina Social, tenho sido fiel a Fortaleza. Daqui parto para o mundo e para cá volto. Aqui me graduei, casei, tive filhos e netos, amei, sofri, adoeci, sarei, editei a Revista o SACO, participei do Movimento Siriará, atuei na reforma psiquiátrica, poetei, publiquei, tornei-me professor na UECE.
O programa de pós-graduação em saúde pública, a pró-reitoria de pós-graduação e pesquisa, a diretoria do centro de ciências da saúde e, agora, a reitoria, não me tiraram de aulas e pesquisas, mas sim dos cinemas, noites e praias. Meus poemas épicos têm Fortaleza como tema e a cidade, sempre, invade minha vida inteira. Sobretudo quando a olho, larga paisagem iluminada sob os aviões. Que o Farol do Mucuripe, o Theatro José de Alencar e a Iracema Guardiã me protejam.
(*) Professor Titular em Saúde Pública e Reitor da UECE.
Publicado In: O Povo, Opinião.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

QUALIDADE DOS VESTIBULANDOS À MEDICINA DA UECE



Tem sido crescente a concorrência às quarenta vagas anuais ofertadas para o curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece) – número superior a quatro vezes o da média global do vestibular – conforme pode ser visto nos resultados dos vestibulares, de primeiro semestre, de 2003 a 2013. Nesses onze certames, 296.040 foram inscritos para o total de 21.050 vagas, sendo que 29.220 disputaram as 440 vagas de Medicina, configurando uma concorrência média, por vaga, de 14,06, no geral, e de 66,41, para a Medicina. Na mesma série histórica, enquanto a concorrência global, por vaga, oscila entre 11,23 a 16,13, a da Medicina espelha uma tendência ascendente, cujo pico foi alcançado em 2013, com 84,78.
Além da alta concorrência, a qualidade dos disputantes, principalmente a daqueles aprovados, expõe, claramente, o bom desempenho dos que desejam cursar Medicina na Uece, consoante se demonstra a seguir.
Esse concurso, segue o modelo em duas fases: a primeira, realizada por meio de duas provas, cobrindo matérias e conteúdo do ensino médio, somando 60 questões de múltipla escolha e valendo 120 pontos; e a segunda, composta da redação e de três provas específicas, de acordo com a área da graduação. Para definir os aptos à participação da segunda fase, recorre-se ao ponto de corte de aproveitamento dos candidatos colocados em ordem decrescente de escore da prova geral, até o limite de cinco a seis vezes o número de vagas, respeitando-se as notas empatadas no limiar de acesso.
Com base nesse critério, os pontos de corte (cut-off) mais elevados, dentre todos os cursos, nos onze vestibulares, foram os de Medicina, variando de 98 a 110 pontos, exigindo do vestibulando, no mínimo, de 49 a 55 questões corretas, para tomar parte da segunda etapa. À guisa de exemplo, dos 29.685 inscritos no último vestibular (2013.1), apenas 393 (1,32%) obtiveram o cut-off da Medicina (nota mínima 98), dos quais 314 (79,90%) eram parte dos 3.391 candidatos da Medicina, ficando os 79 (20,10%) restantes pulverizados em outros 25 cursos de graduação, todos em unidades de Fortaleza. Sintetizando, tem-se que o curso de Medicina detém pouco mais de 11% das inscrições, mas assume cerca de 80% dos maiores escores.
Ainda na simulação da aplicação de tal ponto de corte, a seleção pública se revelaria desastrosa, pois, antes da segunda etapa, ficariam ociosas 94,60% das vagas em disputa, ou desconsiderando as da Medicina, 96,35% das ofertadas nos demais cursos, sendo os resultados mais favoráveis os constatados em Ciências da Computação (70,00% de não ocupadas) e em Física (78,75% de ociosidade), enquanto dezenas de cursos não preencheriam uma só vaga.
Do resultado geral do recente concurso vestibular da Uece, percebe-se a reprodução do fenômeno identificado em anos precedentes, expondo que o primeiro excedente às vagas disponíveis em Medicina poderia passar, em primeiro lugar, em vários cursos, e o último dentre os seus classificáveis, embora expurgado dos matriculados, teria rendimento para preencher uma vaga em qualquer outra graduação dessa universidade.
Está claro que esse rendimento dos candidatos à Medicina fundamenta-se apenas em pontuação medida em vestibular, que tem seus vieses e, igualmente, boas qualidades, mas não os deixa melhor que os outros, visto que existem outros valores intrínsecos mais imperativos, a exemplo da sensibilidade, do caráter, do humanismo etc.; entretanto, do ponto de vista técnico, concede maior responsabilidade institucional, notadamente ao corpo docente ueceano, para esmerilar essa matéria bruta, de modo a elaborar preciosos médicos, de elevado quilate, e prontos a bem servir às comunidades.
Agora, fevereiro de 2013, decorridos dez anos da implantação do curso médico da Uece, quando cinco turmas já foram graduadas, ratifica-se que o teor da matéria prima recebida, bem selecionada nos vestibulares, cuja qualidade vinha sendo atestada nos exames de aferição oficiais realizados pelo MEC, está sendo comprovada nos resultados dos nossos egressos em diversos processos seletivos de residência médica e nos concursos públicos, aos quais os formandos da Uece vêm sendo submetidos, indicando que eles foram lapidados, com esmero, por docentes e médicos devotados à arte de educar.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública da UECE
* Publicado In: Conselho, 98: 7, março-abril de 2013. (Informativo do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará).

domingo, 19 de maio de 2013

OS SETENTA ANOS DE LÚCIO ALCÂNTARA



Os familiares e centenas de amigos se irmanaram, na noite de ontem (18/05/13), no Ideal Clube, para a comemoração dos setenta anos de vida de Lúcio Gonçalo de Alcântara, médico, professor, administrador público e um dos políticos mais atuantes da História recente do Ceará.
A festa foi preparada com esmero por equipe coordenada pela esposa do homenageado, a escritora Maria Beatriz Alcântara, que ofertou aos presentes duas apresentações em power point, retratando o marido bibliófilo e as livrarias parisienses e portuguesas, costumeiramente visitadas por ele.
A orquestra, com as bem selecionadas músicas, sob a regência do reconhecido maestro Poty Fontenele, animou o salão idealino, enquanto atraentes acepipes eram servidos aos comensais.
À saída, os convidados foram brindados com o livro “Entre páginas, entre vidas”, organizado pelo nataliciante, e lançado durante o concorrido evento.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Pedro Paulo Pereira Pinto: começando com p



Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para Papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.
Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo pasto percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.
Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: Pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.
Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito.
Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente, Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto, parei.
Nota do Blog: Esse texto é bem antigo e sua autoria parece ter desaparecido ao longo do tempo. Ele me leva a tempos recuados de minha meninice, passados cinquenta anos. Possui mais quatrocentas palavras iniciadas pela letra “p” e configurava um desafio, para algumas pessoas, decorá-lo e declamá-lo perante amigos, nas rodas de conversas ou entre familiares.
 

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