quarta-feira, 30 de abril de 2014

Causos Militares em Brasil Anedótico III


EUCLIDES DA CUNHA E FLORIANO
Araripe Júnior - Revista da Academia Brasileira de Letras, n° 39, pág.256.

Genro do general Solon, Euclides da Cunha tivera notícia de que Floriano, que mandara prender aquele militar, o ia mandar fuzilar. Num ímpeto de coragem, o moço escritor procurou o ditador. E, sem medir as conseqüências, começou a verberar o seu procedimento, se tal fizesse. Tamanha audácia, era das que Floriano costumava punir com uma descarga de fuzilaria, no silêncio de uma fortaleza. Ao terminar, o ditador indagou, a testa franzida:
- Já acabou?
- Já, - respondeu, firme, Euclides.
E Floriano, desanuviando a testa:
- Menino, quando seu pai não cogitava sequer de fabricá-lo, (a frase é outra, brutal, mas equivalente), eu já era amigo de Solon.
E no mesmo tom:
- Pode retirar-se.

A PARTE DO CAVALO
Ernesto Sena - "Deodoro", pág. 151.
Era Deodoro presidente da República quando o convidaram para visitar o atelier de Rodolfo Bernardeli, no qual se achava, quase acabado, o quadro representando a proclamação da República.
O velho soldado parou diante da tela, na qual a sua figura varonil aparecia montando um ginete árdego, examinando-o, atento.
De repente, voltou-se para os que o acompanhavam.
- Vejam os senhores! - disse.
E indicando o quadro:
- Quem lucrou no meio de tudo aquilo foi o cavalo!...

A FUGA DO TENENTE
Paulo Barreto - Discurso na Academia Brasileira de Letras.

Preso durante a revolta, foi Guimarães Passos obrigado a assentar praça na Guarda Nacional, no posto de cabo. Vítima de um inimigo rancoroso, escreveu a um amigo, pessoa de confiança do governo, este bilhete rápido:
"Salva-me de ser cabo, para ser alferes, ao menos."
Aflito, o amigo procurou o comandante da milícia, arranjou-lhe posto melhor, farda, dinheiro, e mandou-lhe tudo. E, à noite, recebia outro bilhete:
"Promovido tenente sigo grato rumo ao mar."

E fugiu para a Argentina.

O PRESTÍGIO DA GUARDA
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. I, pág. 156.

Na sessão legislativa de 1837, acabava Diogo Antônio Feijó de apresentar o seu relatório propondo medidas audaciosas para manter a ordem à revelia das forças regulares, quando um deputado, à sua direita, indagou:
- V. Excia. tem quarenta mil homens para sustentar as idéias do relatório?
- Não; mas tenho quarenta mil guardas nacionais!

ABNEGAÇÃO DE CHEFE
Rio-Branco - Com. a "História da Guerra do Paraguai", cap. XVIII.

A coluna brasileira de Mato-Grosso recuava acossada pelos paraguaios e dizimada pelo cólera, quando, chegada a um pouso, foram procurar o comandante, o coronel Camisão, para comunicar-lhe novas mortes. Encontraram-no com a fisionomia alterada, em dores atrozes. O médico da expedição, o dr. Gesteira, quis experimentar uma nova aplicação de remédios.
O chefe recusou, porém:
- Deixe-me morrer tranqüilo; nada me pode salvar: socorra antes aos soldados que ainda possam escapar...
E morreu.

A ESPADA DO HERÓI
Contada pelo Dr. Mário Brant.
Ocupava o general Osório a pasta da Guerra quando em um dos despachos coletivos no Paço, o Imperador, minado pelas moléstias e pela velhice, começou a cochilar, e adormeceu, na presença mesmo dos seus ministros. Estes entreolharam-se, numa consulta silenciosa. Que fazer, em semelhante emergência? Irem-se embora? Seria uma desconsideração. Chamá-lo? Seria um desrespeito.
Osório teve uma idéia. Desafivelou o cinturão, e, como inadvertidamente, deixou cair a espada, com estrondo, no soalho. Despertando com o barulho, o monarca, vendo o que era, objetou-lhe, sorrindo:
- Certo, Sr. general, a sua espada não caía assim no Paraguai.
- Absolutamente, majestade! - contestou o herói.
E num assomo repentino de orgulho:
- Mesmo porque, no Paraguai, não se dormia!

FALTA DE SORTE
Ernesto Sena - "Deodoro", pág. 149.

Quando presidente da República, era Deodoro procurado por dezenas de indivíduos que se diziam republicanos de longa data e que se consideravam, por isso, com direito a serem amparados pelo novo regime. Um deles, homem de idade avançada, queixava-se, certa vez, insistentemente, da ingratidão da pátria, pois que havia sido propagandista, e era republicano há mais de trinta anos.
- Ora, meu caro amigo, - atalhou Deodoro, - eu sou republicano a datar de 15 de novembro, e já cheguei a presidente da República. Logo, a República não é ingrata.
E estendendo-lhe a mão para despedi-lo:
- O senhor é que é caipora!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)

terça-feira, 29 de abril de 2014

Missa de Sétimo Dia por D. Enita Montenegro Pontes


Hoje (29/04/14), às 19 horas, na Igreja da Pazi, situada na Rua Visconde Mauá, nº 905, na Aldeota, será celebrada a Missa da Ressurreição, em sufrágio da alma da Sra. Enita Montenegro Pontes.
D. Enita era viúva do Dr. Pedro Pontes, um competente cirurgião-dentista, cujo consultório funcionava na Av Bezerra de Meneses, com quem teve cinco filhos: Pedro Valber, Olindina Maria, Enita Maria, Frederico José e Catarina Maria.
Estive com a família Montenegro Pontes, na noite de 30/07/11, na comemoração dos 90 anos de idade da matriarca ENITA, e no lançamento do livro “A SAGA DA FAMÍLIA MONTENEGRO PONTES”, escrito por Catarina Maria Montenegro Pontes, em colaboração com Enita Montenegro Pontes e Frederico José Montenegro Pontes.

À família da gentil senhora, de quem guardo boas recordações do meu tempo de juventude, apresento as sinceras condolências.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Do Instituto do Ceará

CÃO É INTIMADO PARA INTEGRAR JÚRI NOS EUA



Confusão faz o cão IV ser convocado para júri nos EUA no lugar de seu dono, Barrett Griner IV
IV Griner foi intimado pela justiça de Cumberland County, Nova Jersey, EUA, para integrar um júri. O único problema é que IV Griner é um cão da raça pastor alemão de 5 anos de idade.

Seu dono disse à emissora de TV KYW, na Filadélfia, que ele logo percebeu a confusão assim que a intimação chegou à sua casa.
O dono do cão é Barrett Grinner IV. Ele usa o número romano em seu nome. Já o seu cão recebeu o nome com as letras "I" e "V".

O coordenador do judiciário local disse que o computador identificou o número romano como o primeiro nome de Griner e enviou a intimação. (Com a Associated Press)

A intimação do cão IV (à esq.) e o comprovante de vacinação identificando o nome do animal

Fonte: UOL/Notícias 23/4/14.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PATIFARIA


Por Ricardo Alcântara (*)

Alguns me perguntam por que não retomo minha atividade como desportista no meu clube. Quer um exemplo? Nosso rival, Fortaleza, um time de massa, se vê forçado a estrear numa competição nacional numa noite de segunda-feira.

Eis o padrão CBF: pega um clube com potencial de pelo menos 20 mil ingressos por semana e bota para jogar uma competição deficitária e no pior dia da semana para o mercado esportivo. Parece até que o objetivo e esse mesmo: lascar o clube.

Ficar na mão de gente assim, nem pensar. O estômago não aguenta.

(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.

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PODER. QUEM TEM, TEM MEDO


Por Ricardo Alcântara (*)
A verdade, quando não agrada, dói. E quando ela surpreende, pode até acamar o surpreendido: a reclusão do governador Cid Gomes para cuidar da saúde coincidiu com o momento em que perdeu as condições de sustentar sua empáfia imperial.

Àquele que até pouco tempo se percebia com poderes para determinar quando e como seria iniciado o processo eleitoral de sua sucessão, tratou a realidade de apresentar a fatura: a disputa começou e ele não tem sequer um candidato, ainda.
Tão logo o senador Eunício Oliveira deu sinais de que iria mesmo adiante com sua candidatura ao governo estadual, familiares do governador passaram a emitir sinais públicos de preocupação, recibo assinado da incerteza que os ameaça agora.

Ivo Gomes disse: “já vencemos dificuldades maiores”. Confessou “dificuldades”, se entendi. Ciro, o mais velho, foi ainda mais previdente ao defender Cid Gomes no cargo até o fim do mandato como condição mais segura para eleger o sucessor.
No indiscreto Facebook, até a irmã Lia, mais refratária a manifestações políticas, anunciou a iminência do naufrágio: “Quando começa a fazer água, os ratos abandonam o navio”. Enfim, a linguagem nos estrutura e por isso é tão reveladora.

Se não foi bom que tenham sido surpreendidos, pois para muitos parecia previsível um quadro real de disputa, não é mal que tenham, enfim, compreendido, talvez a tempo, a extensão das dificuldades: uma vez compreendida, mais fácil mudá-la.
A bem da verdade, a coisa não está fácil para ninguém. Vejam a presidente Dilma: mesmo prestigiada com bons índices de aprovação, a espreita uma expectativa de mudanças acolhida por um percentual superior a 70 por cento dos eleitores.

É um quadro cuja complexidade põe a nu a superficialidade de leitura com que o governador Cid Gomes cogitava terem seus feitos prevalência sobre a conjuntura, que impõe uma demanda crescente por ganhos cada vez maiores. Parecia fácil?
A parte mais fácil, e mais facilmente popularizada, foi realizada: a ampliação do mercado de consumo. A mais difícil, e que poderá nos permitir um crescimento de fato sustentável, nem começamos: o fortalecimento da nossa base produtiva.

Como seria possível manter um ‘projeto’ – termo mântrico do lulismo – que aumenta o consumo em volume oito vezes maior do que o aumento da produção industrial? Essa conta não fecha. É a crônica anunciada de desajustes futuros.
No plano estadual, apesar de aspectos negativos, há boas coisas na prateleira do governo a serem defendidas em campanha. Tacanho nisso tudo é ter o governador cogitado que sua obra rivalizaria com sobras sobre as novas expectativas.

Tivesse ele feito uma leitura da realidade menos condescendente consigo mesmo, talvez não estivesse passando pelas dificuldades atuais em se posicionar de maneira segura diante de sua própria sucessão. Porque, ali, o medo é recente.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
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domingo, 27 de abril de 2014

TERÇO DOS HOMENS MÃE RAINHA: uma renovação evangelizadora



A oração do Terço de Nossa Senhora, praticada historicamente pelos fieis católicos em todo o mundo, é uma excelente forma de meditação sobre os passos da vida de Jesus.”
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG)

Já há alguns anos, uma experiência evangelizadora brasileira, denominada Terço dos Homens Mãe Rainha (THMR), vem despertando a atenção da Igreja Católica Apostólica Romana. São grupos de homens que, semanalmente, se reúnem para juntos rezarem o Terço, em recintos paroquiais, comunitários e/ou familiares, de cidades, grandes e pequenas, espalhadas no rincão nacional.

Essa prática masculina, que se expandiu no presente milênio, tem sua origem bem mais antiga entre nós. Segundo o Pe. Vandemir Meister, assessor do Terço dos Homens Mãe Rainha, na regional Sudeste da CNBB, pois, ela já existia na época da escravidão, quando os escravos se reuniam com os missionários para rezar o terço, uma ação conhecida por o "Terço dos Homens dos Pretos". Há, de acordo com o Pe. Vandemir, vários exemplos na história da Igreja no Brasil de grupos de homens que se uniam para rezar o terço.

No século XX, para Dom Gil Antônio Moreira, têm-se notícias de tais grupos, ao menos, desde 1912. O Terço (Rosário) dos Homens, que teve o seu início em 8 de setembro 1936, na Vila Providência, a atual Itabi-SE, segue em funcionamento até hoje, e serviu de modelo ao surgimento de outros similares em Alagoas e Pernambuco.

Em 1997, o Terço dos Homens chegou a Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, daí sendo levado ao Santuário da Mãe Rainha de Olinda-PE, onde, por meio dos esforços do Pe. Miguel Lencastre, que foi um grande incentivador do Terço dos Homens, passou a ser divulgado, inicialmente, na grande Recife e em outras cidades próximas, e, posteriormente, em outras localidades nordestinas.

O Pe. Lencastre trouxe a proposta para Fortaleza-CE, plantando a semente na Paróquia Nossa Sra. da Glória, na Cidade dos Funcionários, em 18/11/2003, tendo, mercê da colaboração de seus participantes, sido organizado em toda sua estrutura, resultando nos seguintes produtos: a criação do Manual e Roteiro do Terço (Rosário) dos Homens; a elaboração de formulários oficiais; modelo de camisa para identificar os membros; redação a aprovação de um Estatuto Social, com a finalidade de configurar uma uniformidade onde for implantado; e a instituição de um site www.tercodoshomens.com.br, que o divulga no Brasil e no Mundo.

Partiu do Pe. Miguel Lencastre, que voltou ao Pai recentemente (13/01/2014), a iniciativa de criar a sigla THMR (Terço dos Homens Mãe Rainha), identificando assim as particularidades do Movimento Maria Três Vezes Admirável de Shoenstatt, também conhecido como Mãe Rainha, presentes, sobretudo no Norte e no Nordeste.

O Movimento de Shoenstatt (mais conhecido como Movimento da Mãe e Rainha), fundado pelo Pe. José Kentenich, sempre rezou o terço e orientou toda a família schoenstatiana a também fazê-lo, porquanto ele considerava o terço o “breviário da família” e a “armadura do cristão”. Nesse sentido, o Terço dos Homens é ainda uma nova vertente de vida, presente nos Santuários de Schoenstatt, conectando-se à imagem da Mãe e Rainha que visita as famílias como Mãe Peregrina.

Para o Pe. Vandemir Meister, o Terço dos Homens é uma nova irrupção da graça do Espírito Santo na Igreja do Brasil, como uma expansão missionária, crescente cada dia mais. Acrescenta esse religioso que a Mãe de Deus, neste momento, é como um ímã que atrai e convoca, fazendo expandir essa atividade pastoral, a partir do Nordeste, em todas as regiões do Brasil.

O Terço dos Homens, em consonância com o dizer do Pe. Vandemir, exibe-se, indubitavelmente, como uma resposta à problemática pessoal, social e comunitária dos dias hodiernos, em que o homem, grosso modo, é um ser presente em todas as atividades humanas, mas ausente no seio da Igreja. Assim, alegram-se os sacerdotes que procuravam uma maneira de trazer de volta os homens às fileiras da Santa Madre Igreja.

Vindo ao encontro da concepção acima citada, Dom Gil Moreira opina que “o Terço dos Homens tem se revelado também como força de transformação e de verdadeiras conversões. Homens antes em descaminhos ou frios na fé, ao frequentar um grupo de Terço, têm mudado de vida e se libertado de situações degradantes próprias de quem vive longe de Deus.”

O Pe. Meister complementa que “o Terço dos Homens resgata a vivência social, integrada e vinculada, como uma resposta ao isolamento e desarraigamento das famílias, ao egoísmo, ao enfraquecimento dos valores morais, e principalmente por ser uma oração bíblica, leva à reconquista do religioso do próprio homem – e por ser uma oração mariana, propicia aos homens uma auto-educação que só ELA pode dar.”

Reconhecendo a fragilidade de uma fé sem obras, vale salientar que muitos grupos do THMR devotam suas atenções aos pobres e desvalidos, cumprindo um trabalho social em favor dos mais desfavorecidos, vítimas da exclusão social que os afeta.

Atualmente, o THMR já ultrapassou fronteiras, estando implantado nos EUA e em Cuba, e, possivelmente, em outros países à conta da grande quantidade de downloads (de 50 a 60, em média) do Manual e Roteiro do Terço (Rosário) que são baixados, semanalmente, do site www.tercodoshomens.com.br.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Integrante da Sociedade Médica São Lucas

* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 10(81): 3-4, abril de 2014.

sábado, 26 de abril de 2014

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Abril/2014


 


A DIRETORIA DA SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) CONVIDA todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de ABRIL/2014, que será realizada HOJE (26/04/2014), às 18h30min, na Igreja de N. S. das GRAÇAS, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1500 - Aldeota.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO!

 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Demócrito Rocha na Venezuela e o Jaguaribe

Antero Coelho Neto (*)
Revendo meus artigos publicados neste jornal, desde 1981 (32 anos) no longo e proveitoso passado de minha vida, tive também momentos de muitas saudades. Ao reler os escritos durante meus anos vividos na Venezuela, com minha família, como consultor da Organização Mundial da Saúde, lembrei da beleza do país e de sua situação econômica, social e política daquela época. Vivendo uma “era de ouro” ocasionada pelo “boom” do petróleo, sua população até exagerava em alguns aspectos. País lindo, tranquilo e gostoso de se viver naquele tempo.

Lá , trabalhei assessorando universidades e serviços de saúde, todos satisfeitos com a presença e participação da nossa Organização. E ai encontrei o meu artigo publicado neste jornal em 30.10.87, falando de Demócrito Rocha na Venezuela, para o qual solicito, a meus “eternos leitores”, principalmente os poetas, a oportunidade de reproduzir parte do mesmo. “Há poucos dias, aqui na Venezuela, prestou-se uma homenagem ao poeta Guillermo de León Calles. Para o evento, o Dr. Manuel Adrianza Hernandez proferiu um discurso, verdadeira obra literária, posteriormente publicado e divulgado. Seu título é O Poeta e Seus Rios e nele citou vários poetas internacionais e seus poemas destacando a importância dos rios para os povos e para os homens.
E lá, entre Neruda, Hegel, Jorge Manrique, Andrés Elloy Blanco, Walt Whitman e outros, está o nosso Demócrito Rocha com o, também nosso, Rio Jaguaribe. Creio que o mais correto será transcrever o próprio Adrianza, quando diz: “A Edição de 1976 de Literatura Cearense, da Academia Cearense de Letras, nos traz o belo poema O Rio Jaguaribe, do poeta brasileiro Demócrito Rocha. O poeta chora o sangue da sua região que se esvai uma vez ao ano, durante as chuvas, para o mar e compara o rio com uma artéria aberta por onde sua região sangra periodicamente. E faz, também, uma excelente tradução para o espanhol do conhecido poema, que aproveito para mandar para o amigo Demócrito Dummar”.

Interessante é comprovar a importância das identidades geográficas e dos sentimentos humanos. De um lado, a união entre os homens que convivem em áreas semelhantes, com as mesmas vicissitudes e problemas. Do outro, a igualdade universal dos sentimentos maiores dos homens, o que nos aproxima numa enorme e poderosa corrente ou rede de pensamentos e sofrimentos semelhantes. Venezuela dos meus tempos e rios. Quanta alegria e quanta saudade de ti, mas também de tristeza, ao lembrar que também convivemos com a baixa brusca do preço do petróleo, naquela época, e as trágicas consequências advindas, como a grande revolta, em 1989.
E agora, novamente convulsionada pela política, “dita” esquerdista, desse presidente Maduro. Maduro que já está mais do que “fruta passada”... e que necessita de um rio para sua vida. Rio para, pelo menos, levá-lo para o mar... enfim. Como, talvez diria, Demócrito Rocha se ainda estivesse vivo.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: O Povo, Opinião, de 23/4/2014. p.8.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Garçons do Senado recebem salário de até R$ 15 mil


Os garçons que servem os parlamentares do plenário e na área contígua do Senado, em Brasília, recebem salário entre R$ 7,3 mil e R$ 14,6 mil, remuneração até vinte vezes maior que o piso da categoria na capital federal, revelou nesta quarta-feira (24/4) uma reportagem do jornal "O Globo".
Segundo o texto da publicação, um grupo de sete garçons servem os senadores, sendo que três atuam só no plenário e quatro ficam no cafezinho aos fundos, para atender parlamentares, assessores e jornalistas. "O serviço é bem tranquilo", disse um deles.

Além disso, foi revelado que todos foram nomeados assistentes parlamentares de uma só vez, em um ato secreto em 2001, feito por Agaciel Maia, diretor-geral do Senado na época, hoje deputado distrital.
Nestes 12 anos, os garçons foram promovidos a cargos superiores a esse, o que levou ao aumento de salário. "O Globo" aponta que, em março passado, o maior salário pago foi a J.A.P.T., o Zezinho, que teria recebido remuneração bruta de R$ 14,6 mil - R$ 5,2 mil somente em horas extras.

Fonte: Do UOL, em São Paulo, 24/04/2013.
Nota do Blog: A notícia é antiga, mas permanece atual.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Arqueólogos descobrem esqueleto mais antigo de pessoa com câncer

Imagem ampliada mostra lesão lítica no processo espinhoso da quinta vértebra torácica (Divulgação/Durhan University)
Arqueólogos britânicos encontraram no Sudão o esqueleto de um homem de 3.200 anos que teria sofrido de um câncer metastático, em uma descoberta que coloca em questão a ideia de que esta é uma doença moderna, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista "PLOS One".

A universidade inglesa de Durham (norte), responsável pela expedição em parceria com o Museu Britânico, explicou que o homem teria entre 25 e 35 anos no momento de sua morte e que seu túmulo foi encontrado em Amara Ocidental, no norte do Sudão, a 750 km da capital Cartum.
O esqueleto foi encontrado em 2013 por uma estudante da universidade e data do ano 1.200 a.C.

Análises revelaram que o homem sofria de um câncer com metástases, mas não permitiram determinar se essa foi a causa de sua morte.
Este é o esqueleto mais completo e mais antigo já descoberto de um ser humano que sofria de um câncer deste tipo, segundo os pesquisadores da Universidade de Durban e do Museu Britânico.

Apesar de o câncer ser atualmente uma das principais causas de mortalidade, é extremamente raro encontrar traços da doença em descobertas arqueológicas, o que faz pensar que o problema "está associado principalmente a um estilo de vida contemporâneo e ao aumento da expectativa de vida", explicam os pesquisadores.
"Esta descoberta sugere que o câncer já estava presente no vale do Nilo na antiguidade", acrescentam.

A análise do esqueleto mostra "que a forma das pequenas lesões nos ossos foram causadas, com absoluta certeza, por um câncer nos tecidos moles, mesmo que seja impossível determinar a origem exata da doença apenas com os ossos", explicou Michaela Binder, arqueóloga que descobriu os restos mortais.
"Este esqueleto pode nos ajudar a compreender a história quase desconhecida do câncer. Tínhamos pouquíssimos exemplares do primeiro milênio antes Cristo", indicou a pesquisadora austríaca. "Nós precisamos entender a história da doença para acompanhar melhor sua evolução", completou.

Exames radiográficos permitiram observar lesões nos ossos, com metástases nas clavículas, escápula, vértebras, braços, costelas, ossos da coxa e pelve.
Os pesquisadores podem apenas especular sobre a origem do câncer: fatores genéticos ou uma doença infecciosa causada por parasitas.

Fonte: UOL Notícias, Divulgação/Durhan University, 17/03/14.

terça-feira, 22 de abril de 2014

ENFIM, UMA LEI CONTRA OS DONOS DOS MANDATOS


Por Ricardo Alcântara (*)

Acenderam uma vela para a esperança: há, no senado e no supremo, movimento para proibir contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais. Não sei se estão todos se dando conta do que isso representa. Mas representa muito.

Claro, a lei não vai impedir que excessos ocorram, mas a visibilidade que dará a eles exercerá maior pressão sobre os tribunais eleitorais. A vulnerabilidade do expediente aumenta. Eis uma experiência que merece submeter-se ao crivo da realidade.

(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
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O GOVERNO SÓ TEM UM NOME: IZOLDA CELA


Por Ricardo Alcântara (*)
A tentativa, frustrada, de fazer de seu irmão mais velho, Ciro Gomes, candidato ao senado daria ao governador duas vantagens: colocaria um potente ‘puxador de votos’ na chapa majoritária e eliminaria a ‘agenda negativa’ da candidatura Nobre Guimarães ao posto.

Com Eunício Oliveira em voo próprio, a chance de Cid eleger seu sucessor fica ancorada no tempo de propaganda e no selo de popularidade do PT. Logo, se quiser tirar Guimarães do páreo, terá de ceder mais: a candidatura ao governo. A menos que o apelo venha de cima.
Cid Gomes tem outros problemas. O maior de todos: não tem candidato. Os disponíveis não têm envergadura para um embate mais acirrado, à exceção, talvez, de Mauro Filho, mas elegê-lo seria libertá-lo da condição de figurante, preço que oligarquias não pagam.

E tem mais um: a grande incógnita eleitoral de 2014 é o comportamento das ruas durante a Copa do Mundo. Uma nova onda de protestos deixaria qualquer profissional da política de quilometragem média em potencial estado de execração. Se vier, é faxina na certa.
Para quem até a pouco exercitava o discurso imperial de que só trataria de sucessão na véspera das indicações, o governador tem problemas de sobra: não há candidato, ficou sem puxador de votos e seu principal aliado, PT, quer impor um senador caixa preta.

Para resolvê-los, o irmão mais novo aposta numa solução do tipo dose única: a indicação de Izolda Cela como candidata ao governo. Ivo Gomes tem razão e a razão é bem simples: nenhum outro nome do Pros criaria maiores dificuldades para Eunício Oliveira do que ela.
Izolda Cela reforçaria a aliança federal: tem o PT dentro de casa (seu marido é prefeito de Sobral), enquanto Eunício Oliveira haverá de formar palanque mais eclético, buscando apoios também entre adversários históricos e recentes do Lulismo no Ceará.

Izolda Cela é mulher, o que a faria potencialmente mais confiável, segundo resulta de sucessivas pesquisas de opinião. O apelo à eleição de uma primeira governadora no Ceará é aspiração de contemporaneidade capaz de balançar o coração da classe média urbana.
Não é só: Izolda Cela é Ficha limpa, blindada pela própria biografia, enquanto o adversário, Eunício Oliveira, é um cacique político cuja liderança fora construída com a aplicação dos mais convencionais métodos de cooptação e financiamento de prestígio eleitoral.  

E tem mais: Izolda Cela, bem sucedida secretária de Educação, entraria na disputa como candidata do sacrossanto ‘campo social’, enquanto seu adversário é 100% ‘política’, perfil acabado de profissional do ramo que a média eleitoral urbana potencialmente rejeita.
Com Izolda, que assina a melhor vitrine do governo (Educação), o governador tentaria desviar a percepção da população, negativada na aflição com os problemas de Segurança, onde ele falhou, para a área onde sua gestão alcançou melhor desempenho. Só vantagens.

Izolda Cela tem dito que não deseja ser candidata. Para encurtar conversa, alega ausência de vocação. Já acreditei mais na sua sinceridade, mas como ela já assinou ficha de filiação ao Pros e renunciou ao cargo para se manter elegível... É assim mesmo que se começa!
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Tiradentes nunca se colocou a favor da abolição da escravidão e deve ser alvo de piadas


Por Luiz Carlos Villalta


Joaquim José da Silva Xavier é um daqueles heróis que "colaram" na memória popular.

Enforcado aos 21 de Abril de 1792, foi entronizado no panteão nacional pela República e muito especialmente cultuado sob a última ditadura que vivemos, entre 1964 e 1985. O fato de ter sido um militar de tropa paga, com patente de alferes (leia-se, subtenente), certamente tem a ver com essa entronização e a exacerbação das celebrações em sua homenagem.

Talvez sua naturalidade mineira tenha colaborado para reforçar esse processo de mitificação, que poderia ter alcançado personagens militares de outros movimentos do passado colonial de maior enraizamento social e impacto político, como foram a Conspiração dos Alfaiates, na Bahia, em 1798, e a Revolução Pernambucana, de 1817. Arrisco a conjecturar, portanto, que a celebração do alferes Tiradentes exprime a importância que Minas Gerais teve e tem na vida política nacional  - e, alto lá, aqui quem escreve é um paulista, com muito orgulho.

A importância de Minas, porém, é insuficiente para o fato de Tiradentes ser um "herói" verdadeiramente popular. Explicaria apenas o empenho das elites em celebrá-lo, mas não o da população em geral.

O entendimento dessa popularidade certamente tem a ver com o perfil, as contradições e a trajetória do próprio personagem. Ele, como já demonstrou Kenneth Maxwell, esteve longe de ser o líder da Conspiração Mineira de 1788-89, ou um pobretão em meio à gente bem posicionada socialmente.

Tiradentes jamais se colocou a favor da abolição da escravidão, como bradam algumas lideranças políticas mineiras e magistrados pátrios da atualidade.

Tiradentes tinha fortuna equiparável ao do magistrado Tomás Antônio Gonzaga e pertencia a uma família importante da região do Vale do Rio das Mortes. Jamais se colocou a favor da abolição da escravidão, como bradam algumas lideranças políticas mineiras e magistrados pátrios da atualidade, para escárnio dos historiadores e frenesi nos embates políticos.

Todavia, foi o maior ativista do movimento e aquele que o levou da esfera privada, das reuniões secretas, para o espaço público, corporificado nos caminhos, nas tavernas, nas casas das meretrizes etc.

Um tipo meio fanfarrão, é certo. Mas, ao mesmo tempo, um personagem capaz de juntar, no discurso político, a consciência de ser um homem de origem europeia nascido na América (como se diria à época, um "mazombo"), propugnando o direito e a capacidade de gente como ele participar do governo, à denúncia da espoliação colonial materializada no monopólio comercial metropolitano e no arrocho tributário.

Foi igualmente hábil e lúcido para misturar textos e autores diferentes, indo do padre Antônio Vieira - um jesuíta, o maior orador sacro que já passou pelo púlpito cristão - ao abade Raynal, grande filósofo das luzes, passando ainda por um livro que continha leis do nascente Estados Unidos da América.

Boquirroto, arguto, mediador cultural, Tiradentes conseguia ainda cultivar amizades entre homens marcados por ressentimentos mútuos, como o padre José da Silva Rolim (contrabandista, comerciante de escravos, concubinário e valentão) e o contratador de impostos Joaquim Silvério dos Reis (o traidor, nosso "Judas"!).

Foi capaz, ademais, de superar ele mesmo inimizades, como aquela que norteava sua relação com Tomás Antônio Gonzaga. Teve a hombridade de não incriminar seus companheiros de infortúnio quando os conspiradores foram presos.

Celebremos o Tiradentes, e sempre nos lembremos que, como muitos de nós, ele 'carregou algo na cabeça', isto é, foi corno.

Morreu, por fim, como um mártir. D. Maria I, que o condenou à forca e ao esquartejamento, num julgamento de cartas marcadas, procurou representar a si mesma como Maria Santíssima, na medida em que comutou a pena de morte para todos os outros condenados.

Tiradentes, por sua vez, morreu resignado, traído e supliciado, em grande paralelo com Jesus Cristo. Figura melhor para cair no gosto popular não haveria! Um autêntico brasileiro avant-la-lettre. Traduzindo, antes que houvesse uma identidade brasileira constituída e oposta à lusitana, ele trazia os "cacos" que seriam juntados ao longo dos séculos 19 e 20 e que fazem parte do que entendemos como o "ser nacional".

Celebremos, portanto, o Tiradentes. E sempre nos lembremos que, como muitos de nós, ele "carregou algo na cabeça". Isto é, foi corno, ao mesmo tempo em que prometia pagamento às prostitutas para depois da Revolução. Quer melhor brasileiro do que este, justamente alguém que, como nós mesmos, merece ser alvo de nossas próprias piadas?

(*) Luiz Carlos Villalta, professor da UFMG, sobre a imagem popular de Joaquim José da Silva Xavier

Fonte: Especial para o UOL21/04/2014.

MEDICINA E POLÍTICA



Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta

A saúde passou a ser um bem de consumo. A razão pela qual a medicina seguiu essa tendência é que o valor do trabalho médico não pode ser medido unicamente pelo ganho monetário. Mas foi a essa degeneração que assisti ao longo de meus 45 anos de vida profissional no Brasil.
Com o encolhimento do Governo no Setor da Saúde, assisto à privatização da medicina e o surgimento dos hospitais luxuosos para atender a uma minoria que (ainda), pode pagar um plano de Saúde. O resultado dessa política foi o sucateamento da Medicina Estatal, da Previdência Social e das ações do Ministério da Saúde.

Importaram-se modelos completamente estranhos à nossa tradição médica. Explicações do tipo: aumento de custos, tecnologias novas e caras ou aumento da média de vida do brasileiro não me parecem elucidação convincente para o "Caos na Saúde".
Nossos principais hospitais particulares são símbolos de ostentação de riquezas e se assemelham mais com bancos ou hotéis de cinco estrelas. Parecem exemplos de exibição de riqueza aparente ou de riqueza ilícita, obtida com o sofrimento alheio.

Ao lado desse luxo, as filas vergonhosas dos pobres a mendigar atendimento médico, do outro lado da calçada, são de doer.
Com a valorização da tecnologia, os médicos passaram a ser meros manipuladores de máquinas. Outro fato a que assisto surpreso é o investimento em belas aparelhagens médicas, fazendo com que consultórios, clínicas e hospitais pareçam mais shoppings ou grandes magazines. São vassalos da sociedade do consumo. Vendem produtos de propaganda às classes dominantes, principalmente, e quando algum fazedor de opinião adoece o tratamento é diferenciado (Tratamento VIP), dedicação exagerada dos afamados nosocômios e medalhões médicos (seus dependentes, salvo as exceções de praxe), que deveriam ser poupados, numa hierarquia do saber, para os casos de maior complexidade. Trocam tudo - não exclusivamente pelo dinheiro - mas pelo agradecimento na imprensa.

O que noto é que (salvo no caso de alguns poucos esculápios) a importância social ou política do doente vale mais do que a complexidade da sua - doença. Como psicossomatista entendo que o bom médico não é o que trata da doença e sim do doente, da Pessoa Humana.
O recurso a procedimentos sofisticados, usados desnecessariamente (maioria das vezes) em detrimento de uma boa história clínica e um cuidadoso exame físico, passou a ser a norma. Isso faz com que os que mais necessitam desses procedimentos de alta tecnologia não sejam atendidos, pelo excesso de demanda. Aos poucos que possuem condições ou acessos as benesses desses maravilhosos avanços médicos sempre há uma vaga. Um jeitinho...

O reflexo disso é um desnível no atendimento médico, pior que o desnível social, podendo ser comparado à fome endêmica e ancestral de nossa população. A maioria dos preteridos tem cor de pele com um pouco mais de melanina.
Nem nos países mais ricos há tantos gastos com exames desnecessários. A maldade de conservar em CTI ou UTI certos pacientes irrecuperáveis que ficariam mais bem assistidos na companhia dos familiares, garante aos hospitais lucros comparáveis aos dos bancos. O que importa é o aumento do faturamento, não o bem estar da pessoa.

O resultado é o desbaratamento dos jovens médicos e médicas. No fim, quem mais padece com esse encolhimento do Estado no setor da Saúde são os pacientes, principalmente as mulheres, os idosos e as crianças. O povo pobre é o que mais sofre, assim como a classe média (em extinção), com as prestações estratosféricas cobradas por esses empresários da saúde (ou da doença), pois passam a trocar a compra de comida pela prestação do Seguro.
Tenho muita pena principalmente dos velhos. Dizem por aí que existe muito mais Esperança no choro de uma criança do que um sorriso na boca de um idoso. Foi no que deu a privatização da medicina no nosso País. Não adiantam mutirões ou meias medidas. O problema do nosso sistema de saúde é político (com P maiúsculo).

Quando eu era jovem e exercia a função de chefe da Pediatria do Hospital Agamenon Magalhães (Recife), nenhum de seus médicos ou funcionários necessitava de planos de saúde, pois os melhores e mais bem aparelhados hospitais eram os estatais. Como os tempos mudaram para pior!
É, o cenário não aponta para muitas melhorias, introduzidas pelas obras faraônicas dos hospitais que atendem aos malfadados convênios. O mundo mudou, porém, pelo que sei, digo e repito: - o Homem não mudou. Sua anatomia ou seus sentimentos permanece os mesmos.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

domingo, 20 de abril de 2014

SEMANA SANTA 2014


Padre Brendan Coleman (*)
Neste ano de 2014 a Semana Santa começa no Domingo de Ramos no dia 13 de abril e termina no Domingo da Páscoa no dia 20 de abril. Com grande reverencia celebramos, mais uma vez, os acontecimentos fundamentais de nossa fé, isto é, a Páscoa de Cristo, a qual compreende tanto o mistério da cruz e da morte, quanto à alegria do triunfo da Ressurreição.

A Semana Santa é a semana maior no calendário cristão, que nos faz recordar e reviver os passos mais decisivos da jornada terrestre de Jesus. A Semana Santa começa no Domingo de Ramos com sua entrada messiânica em Jerusalém. Na Quinta-feira Santa, há a sagração dos Santos Óleos e a união das paróquias da Arquidiocese de Fortaleza em torno da Igreja-Mãe, a Catedral, onde é sagrada a matéria que será utilizada em alguns sacramentos durante todo o ano. À tarde celebramos a Ceia do Senhor, o Sacrifício Eucarístico, enlace o momento atual com a primeira missa. E o Lava-pés repete, na humildade e no perdão a necessidade de imitar o Senhor.
Na Sexta-feira Santa a morte de Cristo na cruz, que trouxe ao mundo a esperança e a redenção. O Sábado Santo com o silêncio do Senhor que repousa no túmulo novo aberto na rocha. No Domingo da Páscoa celebramos a gloriosa Ressurreição de Cristo. Morto numa cruz e sepultado, ressuscitou dos mortos. Sua Ressurreição até hoje e para sempre alimenta as esperanças de um mundo melhor e mais humano. Agora em nossa cidade de Fortaleza tudo isso se repete.

Entre as recomendações para a Semana Santa está a valorização da missa do Crisma com a benção dos santos óleos e com a participação de todos os padres da Arquidiocese, além dos fiéis. Na Quinta-feira Santa “Jesus se dá como alimento aos Doze com as próprias mãos”. As leituras deste dia ilustram o profundo sentido desta frase. Elas formam uma espécie de triplico: a instituição da Eucaristia, a sua prefiguração do Cordeiro Pascal e a sua tradução existencial no amor e no serviço fraterno.
Na Sexta-feira Santa ao lado do exercício da Via Sacra, próprio deste dia, não devem ser omitidos os exercícios da celebração das Dores de Nossa Senhora e da procissão do Enterro do Senhor. Na Vigília Pascal o toque dos sinos anunciando a ressurreição, precede a leitura do Evangelho, homilia e a liturgia batismal que se segue. Seria lamentável reduzir a Semana Santa um mero feriadão com muito futebol, praia e passeio.
Desejo a todos os leitores deste artigo as melhores bênçãos e as maiores alegrias da Páscoa.

(*) Padre Brendan Coleman Mc Donald é Redentorista e assessor da CNBB.
Fonte: O Povo, Caderno Espiritualidade, 20/04/2014.

AS PROVAS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS


Por Prof. Felipe Aquino (*)

A Igreja não tem dúvida em afirmar que a Ressurreição de Jesus foi um evento histórico e transcendente. No §639 o Catecismo afirma: “O mistério da Ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento. Já S. Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano de 56: “Eu vos transmiti… o que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze” (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala aqui da viva tradição da Ressurreição, que ficou conhecendo após sua conversão às portas de Damasco.

 O primeiro acontecimento da manhã do Domingo de Páscoa foi a descoberta do sepulcro vazio (cf. Mc 16, 1-8). Ele foi a base de toda a ação e pregação dos Apóstolos e foi muito bem registrada por eles. São João afirma: “O que vimos, ouvimos e as nossas mãos apalparam isto atestamos” (1Jo1,1-2). Jesus ressuscitado apareceu a Madalena (Jo 20, 19-23); aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos Apóstolos no Cenáculo, com Tomé ausente (Jo 20,19-23); e depois, com Tomé presente (Jo 20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24); no Monte na Galiléia (Mt 28,16-20); segundo S. Paulo “apareceu a mais de 500 pessoas” (1 Cor 15,6) e a Tiago (1 Cor 15,7).

 S. Paulo atesta que Ele “… ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e foi visto por Cefas, e depois pelos Onze; depois foi visto por mais de quinhentos irmãos duma só vez, dos quais a maioria vive ainda hoje e alguns já adormeceram; depois foi visto por Tiago e, em seguida, por todos os Apóstolos; e, por último, depois de todos foi também visto por mim como por um aborto” (1 Cor 15, 3-8).

 “Deus ressuscitou esse Jesus, e disto nós todos somos testemunhas” (At 2, 32), disse São Pedro no dia de Pentecostes. “Saiba com certeza toda a Casa de Israel: Deus o constituiu Senhor (Kýrios) e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2, 36). “Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14, 9). No Apocalipse, João arremata: “Eu sou o Primeiro e o Último, o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos, e tenho as chaves da Morte e da região dos mortos” (Ap 1, 17s).

 Toda a pregação dos Discípulos estava centrada na Ressurreição de Jesus. Diante do Sinédrio Pedro dá testemunho da Ressurreição de Jesus (At 4,8-12). Em At 5,30-32 repete.  Na casa do centurião romano Cornélio (At 10,34-43), Pedro faz uma síntese do plano de Deus, apresentando a morte e a ressurreição de Jesus como ponto central. S. Paulo em Antioquia da Pisídia faz o mesmo (At 13,17-41).

 A presença de Jesus ressuscitado era a manifestação salvífica definitiva de Deus, inaugurando uma nova era na História humana; era a força dos Apóstolos. Jesus ressuscitado caminhou com eles ainda quarenta dias e criou a fé dos discípulos e não estes que criaram a fé no Ressuscitado.

A primeira experiência dos Apóstolos com Jesus ressuscitado, foi marcante e inesquecível: “Jesus se apresentou no meio dos Apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espírito. Mas ele disse: “Por que estais perturbados e por que  surgem tais dúvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! “Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, como, por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos, disse-lhes: “Tendes o que comer?” Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o então e comeu-o diante deles” (Lc 24, 34s).

Os Apóstolos não acreditavam a principio na Ressurreição do Mestre. Amedrontados, julgavam ver um fantasma, Jesus pede que o apalpem e verifiquem que tem carne e ossos. Nada disto foi uma alucinação, nem miragem, nem delírio, nem mentira, e nem fraude dos Apóstolos, pessoas muito realistas que duvidaram a principio da Ressurreição do Mestre. A custo se convenceram. O próprio Cristo teve que falar a Tomé: “Apalpai e vede: os fantasmas não têm carne e osso como me vedes possuir” (Lc 24,39). Os discípulos de Emaús estavam decepcionados porque “nós esperávamos que fosse Ele quem restaurasse Israel” (Lc 24, 21).

 Estes depoimentos “de primeira hora”, concebidos e transmitidos pelos discípulos imediatos do Senhor, são argumentos suficientes para dissolver qualquer teoria que quisesse negar a ressurreição corporal de Cristo, ou falar dela como fraude. Esta fé não surgiu “mais tarde”, como querem alguns, na história das primeiras comunidades cristãs, mas é o resultado da missão de Cristo acompanhada dia a dia pelos Apóstolos.

Com  os Apóstolos aconteceu o processo exatamente inverso do que se dá com os visionários. Estes, no começo, ficam muito convencidos e são entusiastas, e pouco a pouco começam a duvidar da visão. Já com os discípulos de Jesus, ao contrário, no princípio duvidam. Não creem em seguida na Ressurreição. Tomé duvida de tudo e de todos e quer tocar o corpo de Cristo ressuscitado. Assim eram aqueles homens: simples, concretos, realistas. A maioria era pescador, não eram nem visionários nem místicos. Um grupo de pessoas abatidas, aterrorizadas após a morte de Jesus. Nunca chegariam por eles mesmos a um auto-convencimento da Ressurreição de Jesus. Na verdade, renderam-se a uma experiência concreta e inequívoca.

Impressiona também o fato de que os Evangelhos narram que as primeiras pessoas que viram Cristo ressuscitado são as mulheres que correram ao sepulcro. Isto é uma mostra clara da historicidade da Ressurreição de Jesus; pois as mulheres, na sociedade judaica da época, eram consideradas testemunhas sem credibilidade já que não podiam apresentar-se ante um tribunal. Ora, se os Apóstolos, como afirmam alguns, queriam inventar uma nova religião, por que, então, teriam escolhido testemunhas tão pouco confiáveis pelos judeus? Se os evangelistas estivessem preocupados em “provar” ao mundo a Ressurreição de Jesus, jamais teriam colocado mulheres como testemunhas.

Os chefes dos judeus tomaram consciência do significado da Ressurreição de Jesus, e, por isso,  resolveram apaga-la: “Deram aos soldados uma vultosa quantia de dinheiro, recomendando: “Dizei que os seus discípulos vieram de noite, enquanto dormíeis, e roubaram o cadáver de Jesus. Se isto chegar aos ouvidos do Governador, nós o convenceremos, e vos deixaremos sem complicação”. Eles tomaram o dinheiro e agiram de acordo com as instruções recebidas. E espalhou-se esta história entre os judeus até o dia de hoje” (Mt 28, 12-15). A ressurreição corporal de Jesus era professada tranquilamente pela Igreja nascente, sem que os judeus ou outros adversários a pudessem apontar como fraude ou alucinação.

 Os Apóstolos só podiam acreditar na Ressurreição de Jesus pela evidência dos fatos, pois não estavam predispostos a admiti-la; ao contrário, haviam perdido todo ânimo quando viram o Mestre preso e condenado; também para eles a ressurreição foi uma surpresa.

 Eles não tinham disposições psicológicas para “inventar” a notícia da ressurreição de Jesus ou para forjar tal evento. Eles ainda estavam impregnados das concepções de um messianismo nacionalista e político, e caíram quando viram o Mestre preso e aparentemente fracassado; fugiram para não ser presos eles mesmos (Cf. Mt 26, 31s); Pedro renegou o Senhor (cf. Mt 26, 33-35). O conceito de um Deus morto e ressuscitado na carne humana era totalmente alheio à mentalidade dos judeus.

 E a pregação dos Apóstolos era severamente controlada pelos judeus, de tal modo que qualquer mentira deles seria imediatamente denunciada pelos membros do Sinédrio (tribunal dos judeus). Se a ressurreição de Jesus, pregada  pelos Apóstolos não fosse real, se fosse fraude, os judeus a teriam desmentido, mas eles nunca puderam fazer isto.

Jesus morreu de verdade, inclusive com o lado perfurado pela lança do soldado. É ridícula a teoria de que Jesus estivesse apenas adormecido na Cruz.

Os vinte longos séculos do Cristianismo, repletos de êxito e de glória, foram baseados na verdade da Ressurreição de Jesus. Afirmar que o Cristianismo nasceu e cresceu em cima de uma mentira e fraude seria supor um milagre ainda maior do que a própria Ressurreição do Senhor.

 Será que em nome de uma fantasia, de um mito, de uma miragem, milhares de fiéis enfrentariam a morte diante da perseguição romana? É claro que não. Será que em nome de um mito, multidões iriam para o deserto para viver uma vida de penitência e oração? Será que em nome de um mito, durante já dois mil anos, multidões de homens e mulheres abdicaram de construir família para servir ao Senhor ressuscitado? Será que uma alucinação poderia transformar o mundo? Será que uma fantasia poderia fazer esta Igreja sobreviver por 2000 anos, vencendo todas as perseguições (Império Romano, heresias, nazismo, comunismo, racionalismo, positivismo, iluminismo, ateísmo, etc.)? Será que uma alucinação poderia ser a base da religião que hoje tem mais adeptos no mundo (2 bilhões de cristãos)? Será que uma alucinação poderia ter salvado e construído a civilização ocidental depois da queda de Roma?  Isto mostra que o testemunho dos Apóstolos sobre a Ressurreição de Jesus era convincente e arrastava, como hoje.

 Na verdade, a grandeza do Cristianismo requer uma base mais sólida do que a fraude ou a debilidade mental. É muito mais lógico crer na Ressurreição de Jesus do que explicar a potência do Cristianismo por uma fantasia de gente desonesta ou alucinada. Como pode uma fantasia atravessar dois mil anos de história, com 266 Papas, 21 Concílios Ecumênicos, e hoje com cerca de 4 mil bispos e 416 mil sacerdotes? E não se trata de gente ignorante ou alienada; muito ao contrário, são universitários, mestres, doutores.

 (*) O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 6/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

 

sábado, 19 de abril de 2014

Prossegue a Semana Santa na Paróquia de São Vicente de Paulo - 2014

“Ressuscitei, ó Pai, e sempre estou contigo:
pousaste sobre mim a tua mão, tua sabedoria é admirável”.
 
“Mais que comum dos dias,
olhei o mais que pude os rostos
dos pobres, gastos pela fome,
esmagados pelas humilhações,
e neles descobri teu rosto,
Cristo Ressuscitado!”

Dom Hélder Câmara

 Hoje, sábado, dia 19/04/2014, às 18h, na Paróquia de São Vicente de Paulo, em Fortaleza, haverá a Solene Vigília Pascal.
Amanhã, domingo, às 6h, acontecerá a Procissão do Cristo Ressuscitado, seguida de Missa, às 6h30min. Haverá também missas nos seguintes horários: 9h, 11h30min, 17h30min e 19h30min. não A Missa de 11h30min terá orquestra de câmara, com acompanhamento do Coral “Cantate Dominum”, diferentemente do que aconteceu no ano pretérito.
Feliz Páscoa a todos!
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Paroquiano de S. Vicente de Paulo - Fortaleza

 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Semana Santa na Paróquia São Vicente de Paulo - 2014


Ontem à noite, na Paróquia São Vicente de Paulo, em Fortaleza, aconteceu a Missa da Ceia do Senhor – Missa do Lava-pés, com a transladação do Santíssimo Sacramento. Hoje, dia 18/04/2014, às 15h, haverá a Solene Comemoração da Paixão e Morte do Senhor.
Feliz Páscoa a todos!

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SUPERSALÁRIOS NO BRASIL

Uma reportagem publicada no ano passado na revista britânica "Economist" afirmava que altos salários pagos a parte dos funcionários públicos do Brasil são um "roubo ao contribuinte". Na época, os dados sobre a remuneração dos servidores haviam sido revelados por meio da Lei de Acesso à Informação.
A "Economist" cita como exemplo de abuso o fato de mais de 350 funcionários da prefeitura de São Paulo ganharem mais que o presidente da Câmara, cujo salário líquido é de R$ 7.223.
A publicação compara o salário de uma enfermeira-chefe da prefeitura do município, de R$ 18.300, com a média salarial da iniciativa privada, e conclui que o salário da servidora é 12 vezes mais alto que o pago pelo mercado.
A reportagem lembra ainda que, por lei, nenhum funcionário público pode ganhar mais que R$ 26.700 - a remuneração dos juízes de instâncias federais superiores.
Porém, um terço dos ministros e mais de 4.000 servidores federais teriam rendimentos superiores a esse teto. Incluindo o presidente do Senado, José Sarney, cujo salário chegaria a R$ 62 mil, devido a um acúmulo de pensões.
A revista também classifica como um "roubo ao contribuinte" o fato de membros do Congresso receberem 15 salários por ano, enquanto a maioria dos brasileiros recebe 13.

Fonte: Do UOL, em São Paulo, 24/04/2013.

Nota do Blog: A notícia é antiga, mas permanece atual.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

CAFÉS SUSPENSOS

Entramos num pequeno café na Bélgica com um amigo meu e fizemos o nosso pedido. Enquanto estamos a aproximar-nos da nossa mesa duas pessoas chegam e vão para o balcão:
- "Cinco cafés, por favor. Dois deles para nós e três suspensos."
Eles pagaram a sua conta, pegaram em dois e saíram.
Perguntei ao meu amigo:
- "O que são esses cafés suspensos?"
O meu amigo respondeu-me:
- "Espera e vais ver."
Algumas pessoas mais entraram. Duas meninas pediram um café cada, pagaram e foram embora. A ordem seguinte foi para sete cafés e foi feita por três advogados - três para eles e quatro "suspensos". Enquanto eu ainda me pergunto qual é o significado dos "suspensos" eles saem. De repente, um homem vestido com roupas gastas que parece um mendigo chega na porta e pede cordialmente:
- "Você tem um café suspenso?"
Resumindo, as pessoas pagam com antecedência um café que servirá para quem não pode pagar uma bebida quente. Esta tradição começou em Nápoles, mas espalhou-se por todo o mundo e em alguns lugares é possível encomendar não só cafés "suspensos" mas também um sanduíche ou refeição inteira.
Partilhem no sentido de divulgar esta bela ideia.
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

terça-feira, 15 de abril de 2014

EVANGELLI GAUDIUM


Brendan Coleman Mc Donald (*)

No dia 26 de novembro, próximo passado, o Papa Francisco entregou à Igreja sua primeira Exortação Apostólica que ele intitulou Evangelii Gaudium - A Alegria do Evangelho. Exortação Apostólica é uma Carta Pastoral dirigida pelo Papa a toda a Igreja, tratando, no caso presente, sobre o anúncio do evangelho no mundo atual. Este documento como os demais documentos Pontifícios sempre tomam o título a partir das primeiras palavras do seu texto em latim, assim esta Exortação Apostólica será conhecida pelas palavras “Evangelii Gaudium”. O tema principal é o anúncio missionário do Evangelho e sua relação com a alegria cristã, mas fala também sobre a paz, a homilética, a justiça social, a família, a ecologia, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, e o papel das mulheres na Igreja.

O Documento é dividido em cinco capítulos: Capítulo l - A transformação Missionária da Igreja (Uma Igreja “em saída”); Capítulo ll – Na crise do compromisso comunitário (Alguns desafios do mundo atual); Capítulo lll – O Anúncio do Evangelho (Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho); Capítulo lV – A dimensão social da Evangelização (As repercussões comunitárias do querigma); e Capítulo V – Evangelizadores com Espírito Novo (Motivações para um renovado impulso missionário).

Após uma introdução, vem logo o tema da “transformação missionária da Igreja onde o Papa fala da “conversão missionária” urgindo os fiéis para que se coloquem “em saída” e “em estado permanente de missão”. Neste primeiro capítulo, O Papa Francisco destaca a importância dos bispos de cada diocese para fortalecer o anúncio cristão por novos caminhos. No segundo capítulo dividido em duas partes, trata de alguns desafios do mundo atual e aborda a atual crise de compromisso comunitário e das tentações que os evangelizadores precisam evitar. O terceiro capítulo trata da evangelização como missão de todo o povo de Deus e dá um destaque à homilia e ao anúncio querigmático (isto é, a primeira proclamação de Jesus como Senhor e Salvador). É neste trecho que o Pontífice considera um pregador que não prepara a homilia, um irresponsável. Quase 10% do Documento tratam de homilias! O capítulo lV fala da dimensão social da evangelização e dos pobres, dos excluídos, dos toxicodependentes, dos povos indígenas como primeiros destinatários do Evangelho. Trata também do diálogo entre fé e razão e do diálogo ecumênico e inter-religioso. O último capítulo trata dos “novos evangelizadores” que precisam ser animados de espírito novo. O encerramento da Exortação Apostólica retoma o encontro das pessoas com Cristo e coloca para nossa imitação a Virgem Maria como um ícone e um exemplo da atitude do anúncio missionário

O texto destes cinco capítulos reúne as contribuições geradas pelos trabalhos realizados no Sínodo dos Bispos de 2012. “As moções vieram do Sínodo para a Nova Evangelização e Transmissão da Fé, presidido por Bento XVl, com outra ênfase e em outro momento da Igreja”. É interessante e feliz a referência à Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi de Paulo Vl que marcou o período pós-conciliar (cf. p. 107). Porém, o Papa Francisco ressalta que a evangelização não se dá apenas no anúncio, mas também no encontro. O encontro missionário é sair de si e ir para o outro.

Há uma grande expectativa em torno do pontificado do Papa Francisco, em relação a temas delicados da fé católica, como a obrigatoriedade do celibato do clero, a situação do divorciado recasado, problemas na área moral da concepção, problemas relacionados à homossexualidade etc. Porém, para o Papa Francisco, o Bispo de Roma é aquele que confirma seus irmãos na fé. É um bispo que tem o primado de Pedro para servir a Igreja, especialmente os fracos, os abandonados e os excluídos e enfatizar a comunhão. Talvez não seja a reforma que se está imaginando, mas o Papa está chamando para mudanças de atitudes e posturas, de convicções e iniciativas, para que a Igreja, entendida como a inteira comunidade dos batizados, recobre a alegria da fé e do empenho missionário.

O lançamento de Evangelii Gaudium com suas 167 páginas (cf. Edições CNBB, 1ª. Edição, Brasília, 2013) foi bastante noticiado causando grande repercussão na mídia secular. Os bispos e padres já receberam as 38 perguntas para o Sínodo da Família. Eles e os leigos que vão preencher este comprido questionário terão que pensar muito bem antes de responder. Evangelii Gaudium é escrita em linguagem acessível com grande clareza e deve ser leitura obrigatória para católicos comprometidos com sua fé.

(*) Brendan Coleman Mc Donald é padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE1.

Fonte: O Povo, Espiritualidade, de 11/01/2014
 

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