segunda-feira, 30 de junho de 2014

Causos Militares em Brasil Anedótico V


POPULARIDADE E VULGARIDADE
"Revista da Semana", número especial, de 28 de novembro de 1925.
Era o Duque de Caxias ministro da Guerra, quando o Imperador foi visitar, em sua companhia e com o seu séquito, um dos quartéis da capital. Chegando ali, percorreu o edifício todo, indo até à cozinha, onde se servia, na ocasião, o rancho aos soldados.
- Dê-me uma destas marmitas, - ordenou o soberano, indicando uma das rações de sopa.
Atendido, tomou Sua Majestade todo o conteúdo, declarando que, mesmo no Paço, jamais tomara sopa tão saborosa.
Disciplinado e disciplinador, Caxias não gostou da singeleza do monarca. E, ao portão do quartel, disse-lhe, brusco:
- Vossa Majestade há de desculpar a minha franqueza, mas, por esse processo, Vossa Majestade não se populariza.
E corajoso:
- Vossa Majestade "vulgariza-se"!

REGALIAS MILITARES
Constâncio Alves - "Revista da Academia Brasileira de Letras", n° 60, de dezembro de 1926.
Laurindo Rabelo, não obstante o descaso de si mesmo, era profundamente orgulhoso. Médico do Exército e íntimo na casa do coronel Tamarindo, havia o poeta chegado à residência deste, em dia festivo, na ocasião, exatamente, em que a mesa das pessoas graduadas já se achava completamente cheia. Não querendo fazê-lo esperar, a dona da casa indicou-lhe um lugar na mesa da gente moça.
Laurindo franziu o rosto.
- Adeus, coronel, - disse, despedindo-se.
E já da porta, ofendido:
- Os médicos do Exército jantam com o Estado-Maior!

A ÚLTIMA CARGA
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. III, página 296.
Atacado pelas febres nos pântanos paraguaios, o general José Joaquim de Andrade Neves, já agraciado com o título de Barão de Triunfo, não queria abandonar a sua divisão de cavaleiros rio-grandenses, para tratar-se. Cada vez que caía sobre o inimigo era uma vitória para a sua cavalaria.
Após o choque em Lomas Valentinas, o herói não pôde mais. Levado para Assunção, a febre alta não o deixava mais, conservando-o em delírio permanente. E nesse delírio, os olhos em fogo, as mãos crispadas, erguia-se no leito, a barba em desalinho, como no fragor das batalhas.
A 6 de janeiro de 1870, era esse o seu estado, quando, no último delírio, bradou, com as últimas forças:
- Camaradas!... mais uma carga!... E tombou arquejando, para morrer.

O PORTUGUÊS DE LABATUT
Visconde de Taunay - "Trechos de minha vida", pág. 27.
Incorporado ao Exército brasileiro com o posto de major, Carlos Augusto Taunay, tio do visconde de Taunay, seguiu para a Bahia, a fim de dar combate, ali, ao remanescente das tropas portuguesas comandadas pelo general Madeira. Metendo-se, porém, a criticar os planos do general Labatut, contra o qual conspirava, foi preso e condenado à morte.
Esperançoso, todavia, de salvar-se, pediu Carlos Taunay adiamento da execução, alegando o desejo de confessar-se antes de morrer.
Labatut condescendeu, mas não perdoou. E a sua resposta foi esta, num português arrevesado:
- "Confissa ou non confissa, ma fussila!"

O PRIMEIRO PASSO
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. III, pág. 246.
Figura de relevo no Exército do Império desde os acontecimentos de 7 de abril de 1831 o major Miguel de Frias achava-se preso em uma das fortalezas, quando, na noite de 3 de abril de 1832, desembarcou na cidade, a fim de assumir o comando da tropa, que entrava na conspiração. Em caminho, amigos procuraram dissuadi-lo, pois a maior parte da guarnição não o seguiria.
- É tarde - declarou ele; - agora já dei o primeiro passo!
E seguiu para o campo de Santana, onde, uma hora depois, era desbaratado.

Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)

QUARENTA ANOS DE NOSSA ATUAÇÃO NO ICC


Neste mês de junho de 2014, que ora encerra, completei quarenta anos de atuação no Instituto do Câncer do Ceará (ICC). Ingressei no ICC, em junho de 1974, à convite do Prof. Eilson Goes de Oliveira, quando cursava o quinto semestre do curso de Medicina na UFC, como estagiário voluntário do Registro de Câncer do Ceará (RCC), devendo ajudar a interna Helena Cláudia, uma das quatro coletadores de dados do RCC.
Depois de seis meses de serviços voluntários, com a formatura da Helena Cláudia, fui promovido a bolsista oficial do RCC, permanecendo como coletador de dados, sob à coordenação do Prof. Eilson, durante três anos, até a minha colação de grau, em dezembro de 1977.

Em janeiro de 1978, fui indicado pelo próprio Prof. Eilson para substituí-lo na função de Coordenador-Executivo do RCC, proposta prontamente acolhida pelo Dr. Haroldo Juaçaba e referendada pela diretoria do ICC, tendo exercido esse encargo durante vinte anos.
Nessas quatro décadas, exerci e acumulei variadas funções nessa instituição, com sede em Fortaleza, bem como pude acompanhar de perto o grande desenvolvimento experimentado e a sua consolidação, como um centro de referência em Oncologia, para as regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Ao ensejo, expresso a minha gratidão a todos do ICC que acreditaram no meu trabalho e na minha competência, mormente aos Profs. Eilsom Goes, Haroldo Juaçaba e Waldemar Alcântara, aos quais rendo a minha sincera homenagem..
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico epidemiologista do ICC

 

domingo, 29 de junho de 2014

COPA: comendo a bola da miséria


 Chargista: Paulo Ito
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

CORDEL DO JOGADOR CANIBAL

Por Edmar Melo

 Na Seleção do Uruguai
Tem um sujeito brilhante
Que leva ao pé da letra
A posição de atacante
Ele ataca adversário
Usando o modo dentário
No estilo mordicante.
 
Luisito Suarez
É o nome da figura
Que aprendeu a morder
Comendo só rapadura
Tentando o gol uma vez
Ele mordeu mais de três
Sem sentir a dentadura.

A Valesca Popozuda
Mandou no ombro beijar
Mas o Suarez quer mais
Quer morder sem assoprar
Se a FIFA não agir
Eu acho que por aqui
Essa moda vai pegar.

O mordedor contumaz
Já virou até piada
Nenhum zagueiro quer mais
Tentar parar suas jogadas
Sendo zagueiro valente
Ele mostra só os dentes
Ameaçando dentadas.

Que mania esquisita
Esse sujeito arranjou
De trocar beijinho no ombro
Por dentinho de jogador
Ele acha que atacante
Tem o poder judicante
Pra morder quem lhe parou.

A Seleção Brasileira
Já nas quartas de final
Pode enfrentar o Uruguai
O nosso eterno rival
Pelo trauma da primeira
Sugiro usar focinheira
Na boca do canibal.

Fonte: Internet (circulando por e-mail).

sábado, 28 de junho de 2014

COMUNICADO DA SMSL


COMUNICAMOS A TODOS QUE A MISSA DA SMSL, QUE SERIA REALIZADA HOJE (28/06/2014), ÀS 18H30, NA IGREJA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DO HOSPITAL GERAL DO EXÉRCITO, FOI CANCELADA, EM VIRTUDE DOS JOGOS DA COPA DO MUNDO DE 2014.
LEMBRAMOS QUE A PRÓXIMA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DA SMSL, SERÁ REALIZADA NO DIA 26/JULHO/2014, ÀS 18H30, NA IGREJA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DO HOSPITAL GERAL DO EXÉRCITO.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO.

Diretoria da Sociedade Médica São Lucas (SMSL)



Ontem à noite, dia 27/06/14, a Universidade de Fortaleza (Unifor) realizou a solenidade única de colação de grau dos seus formandos do primeiro semestre deste ano. O título de graduado pela Unifor foi concedido, na noite passada, a mais de 1.500 concludentes de 35 cursos da instituição.
A solenidade de Colação de Grau 2014.1 contou com a participação da Camerata e do Coral da Universidade e aconteceu na Praça da Biblioteca, reunindo formandos, parentes, amigos e professores em uma bonita confraternização.
Entre os concludentes, o meu filho André Bastos Gurgel, que colou grau em Direito, tornando-se o sexto neto de Luiz Carlos da Silva a seguir os passos do avô, que foi um notável operador do Direito.
O evento foi uma oportunidade para o congraçamento familiar, pois teve a presença do meu primogênito Felipe, recém-chegado dos EUA, onde cumpre o PhD em Economia na Cornell University.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista pela UFC

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O HOMEM QUE NÃO SE IRRITAVA


Havia um homem que não se irritava e não discutia com ninguém. Sempre encontrava saída cordial, não feria a ninguém, nem se aborrecia com as pessoas. Morava em modesta pensão, onde era admirado e querido.
Para testá-lo, um dia seus companheiros combinaram levá-lo à irritação e à discussão numa determinada noite em que o levariam a um jantar.

Trataram todos os detalhes com a garçonete que seria a responsável por atender a mesa reservada para a ocasião. Assim que iniciou o jantar, como entrada foi servida uma saborosa sopa, de que o homem gostava muito.
A garçonete chegou próximo a ele, pela esquerda, e ele, prontamente, levou seu prato para aquele lado, a fim de facilitar a tarefa.

Mas ela serviu todos os demais e, quando chegou a vez dele, foi embora para outra mesa.
Ele esperou calmamente, e em silêncio, que ela voltasse. Quando ela se aproximou outra vez, agora pela direita, para recolher o prato, ele levou outra vez seu prato na direção da jovem, que novamente se distanciou, ignorando-o.

Após servir todos os demais, passou rente a ele, acintosamente, com a sopeira fumegante, exalando saboroso aroma, como quem havia concluído a tarefa, e retornou à cozinha.
Naquele momento não se ouvia qualquer ruído. Todos observavam discretamente, para ver a reação dele.

Educadamente ele chamou a garçonete, que se voltou, fingindo impaciência, e lhe disse:
- O que o senhor deseja?

Ao que ele respondeu, naturalmente:
- A senhora não me serviu a sopa.

Novamente ela retrucou, para provocá-lo, desmentindo-o:
- Servi, sim, senhor!

Ele olhou para ela, olhou para o prato vazio e limpo e ficou pensativo por alguns segundos...
Todos pensaram que ele iria brigar... Suspense e silêncio total.

Mas o homem surpreendeu a todos, ponderando tranquilamente:
- A senhorita serviu, sim, mas eu aceito um pouco mais!

MORAL DA HISTÓRIA
Bom seria se todas as pessoas agissem sempre com discernimento, em vez de reagir com irritação e impensadamente.

Ao protagonista da nossa singela estória, não importava quem estava com a razão, e sim evitar as discussões desgastantes e improdutivas. Quem assim age sai ganhando sempre, pois não se desgasta com emoções, que podem provocar sérios problemas de saúde ou acabar em desgraça.

Muitas brigas surgem motivadas por pouca coisa, por coisas tão sem sentido, mas que se avolumam e se inflamam com o calor da discussão, isso porque algumas pessoas têm a tola pretensão de não levar desaforo para casa, mas acabam levando para a prisão, para o hospital ou para o cemitério...
Por isso a importância de aprender a arte de não se irritar, de deixar por menos ou encontrar uma saída inteligente, como fez o homem no restaurante.

"Educar a alma é a alma da educação" (Meimei)
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O DEDO SUJO DE QUEM RASPA EM MUITOS TACHOS


Por Ricardo Alcântara (*)

Preceito milenar do Oriente adverte: a nação perde o respeito quando os governantes perdem a vergonha. O secretário Ciro Gomes não honra os servidores estaduais de saúde com o exemplo mínimo de sua presença na secretaria que comanda.
De seus deveres não, mas da vida alheia cuida bem: ontem, em encontro da legenda de aluguel da qual faz parte, definiu (se o termo atende) as posições da ex-ministra Marina Silva sobre o agronegócio como “simpatiquinhas, mas mentirosas”.

À ex-ministra que ele agora aponta o dedo, sujo de raspar em muitos tachos, coube o mérito de iniciar políticas públicas ambientais que hoje rendem reconhecimento internacional ao governo para o qual ele oferece os favores de sua vassalagem.
Logo, a “simpática” e “mentirosa”, quando fora investida de responsabilidades públicas, prestou serviços cujas relevância e consistência não pactuam com a pior versão que sempre cabe ao (eternamente licenciado) secretário de Saúde simular.

Ele a acusa de “desconsiderar que o agronegócio paga a conta do nosso país”. Não: o agronegócio paga, e paga bem, a conta desse modelo que está aí, isto sim, porque quem paga a conta de um país é seu povo, trabalhando muito e falando menos.
Com isso, o ultraconservadorismo dos porta-vozes Kátia Abreu e Ronaldo Caiado recebe agora a providência de sua solidariedade a um discurso que além de desonesto, com sua adesão passa a agregar o valor do seu afamado oportunismo.

Alguma novidade? Até pouco tempo, o eternamente licenciado secretário de Saúde rasgava elogios a Marina Silva. Fez o mesmo com Fernando Henrique. Fez até com ACM, babalorixá de “tenebrosas transações”. Faz com todos, ao sabor da ocasião.
Ciro Gomes ataca Marina Silva, a quem quase santificara em outros momentos, porque ela se alia agora a quem lhe deu as contas, o governador Eduardo Campos, e a quem ele tentara esmagar, a liderança do PSB local de Sérgio e Eliane Novaes.

Melhor exemplo do oportunismo que aciona o instinto de preservação de Ciro Gomes não há do que sua relação política com Lula, a quem já definiu como “genial” e “idiota” diversas vezes, alternadamente, de acordo com as obrigações conjunturais.
Quem queira fazer um julgamento isento das posições da Rede Sustentabilidade, à qual Marina Silva deve obrigações programáticas, procure conhecê-la naquilo que ela declara como compromisso e encontrará posições diferentes do que foi dito.

Sem desconhecer a importância que o agronegócio tem para o país, ali se pretende somente submetê-lo a uma agenda de sustentabilidade que em nada transgride ao que é praticado nas nações mais desenvolvidas do espectro democrático.
Saber da relevância com que o agronegócio participa dos percentuais de crescimento não nos obriga a crer que ser a “fazendinha do mundo” é o destino final do país, que precisa diversificar mais os acentos em que apoia seu desenvolvimento.

Estranho, não? Aderido a uma sigla de aluguel, postado, portanto, ao lado de quem faz da vida pública um balcão de negócios, Ciro Gomes declarou seu “nojo” a Marina Silva e confessou “pavor” às suas ideias, “superficiais” e “irresponsáveis”.
Observado sob a perspectiva do que milhares de brasileiros foram às ruas revelar como suas aspirações cívicas, “nojo” tem a nação pelas companhias de Ciro Gomes. E “pavor” ela confessa aos políticos que se movimentam e se resolvem como ele.

(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

NÃO ESTUDA NEM TRABALHA: crise econômica e social lançam alerta sobre "geração nem nem"


Por Andréia Martins (*)

Jovens que não estão trabalhando nem procurando uma colocação no mercado e que estão fora da escola. Esse é o perfil da chamada “geração nem nem”, que inclui pessoas de 15 a 24 anos que não trabalham nem estudam.
Um estudo divulgado no dia 13 de fevereiro pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) apontou que 21,8 milhões dos jovens latino-americanos se enquadram nesse perfil. Uma pesquisa anterior da OIT, divulgada logo no início do ano, apontava que, de 2007 a 2012, o fenômeno cresceu em 30 países, de uma lista de 40 analisados.

Mas se engana quem pensa que estamos falando de um fenômeno novo. Esse perfil de jovens já é tema de estudos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) desde o final dos anos 1990. Entre 1997 e 2010, jovens com idade entre 20 e 24 anos, que não trabalhavam nem estudavam já eram 13% da população, chegando a 17,6% em 2010. O que se nota hoje é um aumento desse fenômeno.
Em Portugal esses jovens são quase meio milhão. Na Irlanda e na Espanha a taxa dos "nem nem" cresceu 9,4 e 8,7 pontos porcentuais desde 2007; 20% dos jovens irlandeses e espanhóis estão nessa condição, taxa considerada “preocupante” pela OIT. O Brasil está a um passo da categoria preocupante, com 19% de jovens com esse perfil.

O fenômeno chamou tanta atenção que, em 2012, com o alto número de jovens até 30 anos fora do mercado de trabalho e das escolas, a italiana Benetton criou uma campanha publicitária com fotos de jovens e a frase "Desempregado do Ano". A ideia era chamar atenção para a necessidade de oportunidades de trabalho para esse grupo de pessoas, reflexo de fatores econômicos e sociais, mas também para um desânimo por parte dos jovens em encontrar oportunidades de trabalho com baixa remuneração, assim preferem ficar desempregados até que novas possibilidades apareçam.
"A falta do acesso a oportunidades de trabalho decente gera frustração e desânimo entre os jovens. Há 108 milhões de razões pelas quais temos que agir agora”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Fenômeno mundial

Conhecidos também pela sigla em inglês Neet (neither in employment, nor in education or training), esse perfil de jovens cresce por motivos diferentes em cada país. Na maioria dos países estudados essa é uma situação transitória e os motivos do crescimento desse perfil de jovens variam: pode ser reflexo de questões culturais – no México, 77% das garotas não trabalham nem estudam e preferem se dedicar à vida familiar--, econômicas e políticas, como por exemplo, as recentes crises mundiais que comprometeram a oferta de trabalho e o cenário de instabilidade política em alguns países -- como na Turquia e na Grécia, que após a crise e os constantes protestos viram a taxa de desemprego entre jovens aumentar--, e sociais, como a falta de oportunidades ou a chegada de filhos.

No artigo “Juventude, trabalho e desenvolvimento: elementos para uma agenda de investigação", o sociólogo Adalberto Cardoso, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), completa que, a análise do fenômeno em cada país deve levar em conta aspectos como a oferta de emprego nas cidades, o acesso à educação e o perfil familiar por não se tratar de um problema com respostas e soluções iguais para todos os casos.
No Brasil, o fator renda é um dos que mais influencia o crescimento de jovens com o perfil “nem nem”. “Em 2000, famílias entre as 10% mais pobres tinham 233% mais chances de ter um ‘nem nem’ entre os seus do que famílias entre os 10% mais ricos. Em 2010, esse valor havia aumentado para quase 800%. Isto é, a disponibilidade de recursos familiares, tal como expressa pela renda enquanto capacidade de aquisição de bens como saúde e educação para seus membros, por exemplo, confere um caráter de classe às mudanças ocorridas no período, com aumento da vulnerabilidade dos mais pobres. Isto é, é maior a proporção de ‘nem nem’ em 2010 entre as famílias que, em termos relativos, tinham menores condições materiais de dar respaldo a eles”, diz o artigo.

Os números na América Latina

Os números do relatório da OIT mostram que a situação de crescimento econômico com emprego registrada nos últimos anos na América Latina não foi suficiente para melhorar o emprego dos jovens, que continuam enfrentando um cenário pouco otimista no qual persistem o desemprego e a informalidade. Na conclusão do documento, a organização cita que, com esse cenário, “não é casual que os jovens sejam defensores dos protestos de rua quando suas vidas estão marcadas pelo desalento e a frustração por causa da falta de oportunidades”.

Em todos os países pesquisados, as mulheres são maioria entre os jovens da “geração nem nem”. Na América Latina elas representam 92% desse grupo. Ainda nos países latino-americanos, aproximadamente 25% desses jovens (5,25 milhões) buscam trabalho, mas não conseguem outros 16,5 milhões não trabalham, nem buscam emprego, e cerca de 12 milhões dedicam-se a afazeres domésticos. Os que não trabalham nem estudam e nem se dedicam a outras atividades são classificados de “núcleo duro” e demandam uma atenção especial dos governantes.
Na região, Honduras é o país que apresenta o maior percentual de jovens “nem nem”, com 27,5%, seguido da Guatemala (25,1%) e El Salvador (24,2%). Os países com menor percentual são Paraguai (16,9%) e Bolívia (12,7%).

No Brasil, mulheres negras são maioria

Entre os jovens brasileiros, 19% com idade entre 15 e 24 anos não trabalham nem estudam. No Brasil, o número de mulheres negras nesse perfil é duas vezes maior que o de homens, segundo o relatório da OIT. Entre os fatores estão que colaboram para esse número estão baixo nível social e casos de gravidez na adolescência, o que faz com que a mulher interrompa os estudos e, também, a atividade profissional.

De maneira geral, não são apenas os jovens entre 15 e 24 anos que preocupam a OIT. Hoje, 13,1% dos jovens do mundo continuam sem emprego, ou seja, um total de 74,5 milhões de pessoas. Só em 2013, 1 milhão de jovens perderam seus trabalhos e, com os países ainda em recuperação após a crise econômica de 2008, a perspectiva de futuro para a “geração nem nem” ainda não parece otimista.

DIRETO AO PONTO

Jovens desinteressados em procurar trabalho devido à falta de qualificação profissional e que não investem na formação porque também não são atraídos pela escola. Esse é o perfil da chamada “geração nem nem”, que inclui jovens de 15 a 24 anos que não trabalham nem estudam.

Um estudo divulgado no dia 13 de fevereiro pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) apontou que 21,8 milhões dos jovens latino-americanos se enquadram nesse perfil. Pesquisa anterior da OIT, já apontava que, de 2007 a 2012, o fenômeno cresceu em 30 países.
Mas se engana quem pensa que estamos falando de um fenômeno novo. Esse perfil de jovens já é tema de estudos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) desde o final dos anos 1990. Para cada país o motivo do crescimento desse perfil de jovens varia. Alguns têm raízes culturais, em outros são reflexos de cenários econômicos e políticos, ou sociais, como falta de oportunidades e a chegada de filhos, um dos pontos que faz das mulheres entre 15 e 24 anos maioria entre os “nem nem”.

O que se nota hoje é um aumento desse fenômeno. Em Portugal esses jovens são quase meio milhão. Na Irlanda e na Espanha, 20% dos jovens estão nessa condição, taxa considerada “preocupante” pela OIT. O Brasil está a um passo de entrar na mesma categoria, com 19% de jovens com esse perfil, segundo a OIT.

Bibliografia
Juventude, trabalho e desenvolvimento: elementos para uma agenda de investigação (2013), de Adalberto Cardoso, da IESP-UERJ

Juventude em tempos de incertezas: enfrentando desafios na educação e no trabalho (2013), de Dirce Maria Falcone Garcia
Juventude e Elos com o Mundo do Trabalho - Retratos e Desafios (2013), de Alexandre B. Soares

(*) Andréia Martins é jornalista da Novelo Comunicação
Fonte: UOL/Notícias 8/3/14.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Polêmica sobre nacionalidade de Gardel renasce em documentário uruguaio


O cantor de tango Carlos Gardel observa um pássaro em foto de 1930
A polêmica sobre a nacionalidade do mítico cantor de tango Carlos Gardel, que envolve argentinos, franceses e uruguaios, ressurge com o documentário "El padre de Gardel" ("O pai de Gardel"), que estreou em Montevidéu.
O filme reivindica a figura do coronel Carlos Escayola, influente personalidade do Uruguai de metade do século 19, ao que apresenta como suposto pai de Gardel.

A narrativa se baseia em uma pesquisa de sete anos, que reuniu a pouca documentação disponível sobre o militar e os testemunhos dos poucos parentes que foram ser entrevistados.
Estabelecido na cidade uruguaia de Tacuarembó, quase 400 quilômetros ao norte de Montevidéu, Escayola foi em meados do século 19 "o chefe político e o homem mais poderoso da região", segundo explicou recentemente à EFE o cineasta uruguaio Ricardo Casas, diretor do documentário.

O coronel foi casado consecutivamente com três irmãs da família Oliva, chamadas Clara, Blanca e María Lelia, esta última sua afilhada.
Especula-se que, sendo ainda adolescente, Maria Lelia foi a mãe de Carlos Gardel, fruto de uma relação com Escayola quando ele ainda estava casado com sua irmã Blanca.

O documentário sustenta a tese uruguaia de que Gardel era de Tacuarembó, e que as nebulosas circunstâncias de seu nascimento o obrigaram a esconder suas origens.
A hipótese vem reforçada pelo testemunho do criminologista uruguaio Gonzalo Vázquez, que se apresenta como sobrinho bisneto do cantor de tango.

Em seu livro "De Carlos Escayola a Carlos Gardel", Vázquez recorreu a depoimentos, fotografias, documentos e notas jornalísticas para confirmar a origem uruguaia do conhecido como "Zorzal Crioulo", uma história que desde sua infância encorajava os relatos da família.
Outro livro, intitulado "Gardel, o morto que fala", do professor uruguaio Eduardo Cuitiño, e publicado no ano passado, argumentou a mesma teoria, nesse caso usando a matemática e a probabilidade.

Frente a essas hipóteses, aparece a chamada "teoria francesista", defendida pela Argentina, que situa o nascimento de Gardel na cidade francesa de Toulouse.
Em setembro de 2012, três pesquisadores anunciaram a descoberta de uma certidão de nascimento do cantor datada de 11 de dezembro de 1890 em Toulouse.

No entanto, em 1923, Gardel tramitou um passaporte uruguaio como nascido em Tacuarembó em 1887, um documento que depois usou para solicitar a nacionalidade argentina.
Por sua vez, uma pesquisa realizada na Argentina concluiu que Gardel teria encoberto sua verdadeira nacionalidade porque teria antecedentes criminais por fraudes.

Com a polêmica, alguns estudiosos pediram que fossem feitos exames genéticos aos restos do coronel Carlos Escayola, para determinar se existe ou não parentesco com Gardel, encerrando assim a discussão de maneira quase definitiva.
Seja qual for a verdade, o mito do imortal cantor de tango, morto em um acidente de avião em 1935 em Medellín (Colômbia), renasce a cada nova obra que procura lançar luz sobre sua disputada nacionalidade.

Fonte: UOL/ Notícias 28/04/14. Foto Arquivo AFP.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Morre mulher indiana queimada por não pagar dote à família do noivo


Uma mulher morreu queimada por seu marido e seus sogros no norte da Índia por não pagar o dote matrimonial exigido pela família, informaram nesta sexta-feira os meios de comunicação locais.
O fato ocorreu ontem na cidade de Jhaberpur, no estado de Uttar Pradesh, onde a mulher foi envolvida com querosene e depois atearam fogo em seu corpo, segundo disseram fontes policiais à agência local "PTI".
A polícia denunciou o marido, chamado Nitu, o sogro, Raj Kumar, e a sogra, Sudesh.

Na Índia, as mulheres são obrigadas a pagar ao namorado e à família dele um dote, uma prática proibida por lei que se acentuou com a chegada da modernidade e o consumismo e cada vez mais são exigidos maiores valores, que podem incluir carros e imóveis.
Os crimes por dote aumentaram nos últimos anos com uma mulher assassinada pela família de seu noivo a cada hora, da mesma forma que os suicídios de namoradas que se matam para evitar arruinar seus parentes.

O custo das cerimônias nupciais é muito elevado e desde um ponto de vista legal e social, a namorada passa a ser parte da família do cônjuge.
Fonte: UOL/ Notícias EFE/Nova Déli 9/5/14.

domingo, 22 de junho de 2014

Recordando as manifestações de junho de 2013


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Montagem sem autoria explícita.

ROSEGATE: o tráfico de influência petista


Fonte: Circulando por e-mail (internet). Foto montagem sem autoria explícita.

sábado, 21 de junho de 2014

Caminho da Humanidade

 
Fonte: Circulando por e-mail (internet). Montagem sem autoria explícita.

Salve a Seleção de Políticos Brasileiros


 
Fonte: Circulando por e-mail (internet). Foto montagem sem autoria explícita.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Noiva de 14 anos mata marido e mais três convidados depois de casamento forçado


Uma noiva de apenas 14 anos, forçada a se casar na Nigéria, matou o marido e três de seus amigos com uma refeição envenenada. Wasila Umaru casou-se na semana passada com um homem de 35 anos de idade chamado Umaru Sani, de acordo com Musa Magaji Majia, superintendente da polícia. Mas quando Umaru convidou uma dúzia de amigos para celebrar suas núpcias, a adolescente colocou um produto químico mortal no arroz.
Umaru morreu no mesmo dia, juntamente com os convidados Nasiru Mohammed e Alhassan Alhassan, enquanto outra vítima do sexo feminino, Indo Ibrahim, morreu no hospital. Wasila admitiu ter comprado o veneno de rato em um mercado local e depois ter envenenado a comida com ele.
"A suspeita confessou ter cometido o crime e disse que fez isso porque foi forçada a se casar com um homem que não amava", assinala Majia ao Daily Mail. Umaru está cooperando com a polícia e, provavelmente, vai ser acusada de homicídio culposo.

O casamento com crianças é comum na Nigéria, especialmente no norte de maioria muçulmana e empobrecida. Os números aumentam em tempos de seca porque um dote é pago e isso significa menos uma boca para alimentar.
Cinquenta por cento das meninas nigerianas que vivem em áreas rurais se casam antes de completar 18 anos, segundo a Unicef. Sofrem com a gravidez precoce e muitas vezes chegam a morrer no parto, a principal causa de morte no mundo para meninas com idade entre 15 a 19.

Elas também são muito mais propensas a contrair Aids e serem submetidas à violência doméstica, de acordo com o Centro Internacional de Pesquisa sobre a Mulher. O casamento precoce e forçado é classificado como escravidão moderna pela organização do trabalho das Nações Unidas. A Lei dos Direitos da Criança da Nigéria proíbe o casamento antes dos 18 anos de idade, mas a legislação é muitas vezes ignorada em favor da lei islâmica na maioria dos estados do norte do país.
Ninguém na Nigéria foi processado por ter se casado com uma criança, incluindo o senador Ahmed Sani Yerima, que se divorciou de uma garota de 17 anos de idade, dois anos após o casamento. Yerima quis se separar para se casar com uma menina egípcia de 14 anos de idade, em 2010, quando já estava com 49 anos. Ele teve que se divorciar porque a lei islâmica permite um máximo de quatro esposas ao mesmo tempo.

Muitas crianças são descartadas após o casamento por causa da incontinência urinária e outros problemas médicos causados por dificuldades durante a gravidez e o parto - que acontecem porque o corpo delas não estava completamente desenvolvido. De acordo com defensores dos direitos das crianças, essas meninas simplesmente são colocadas na rua após a separação.
Fonte: UOL/Notícias 23/4/14.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

OS PANEGÍRICOS DE BOSSUET


O panegírico, originalmente, consistia de uma oração de louvor, em verso ou prosa, proferida nas assembleias gerais do povo grego. O exemplar mais famoso dessa fase é o Panegírico de Atenas, de Isócrates, lido nas festas olímpicas de 384 a.C., no qual o orador exibe um veemente elogio a Atenas e conclama todos os gregos a se unirem, esquecendo as suas diferenças intestinas, em uma luta contra o inimigo comum, os Persas.
Os romanos igualmente intuíram o apreço à oração laudatória em Panegyrici Latine, no qual foram agrupados doze autores de escritos elogiosos, elaborados entre os séculos II e IV, enaltecedores dos feitos imperiais.
No seu significado moderno, a expressão panegírico adquiriu conotação um tanto quanto pejorativa, designando, frequentemente, o elogio desmedido e interesseiro.
Em França, o panegírico encontrou também cultores de classe alta, como Bossuet, cujos panegíricos (ou louvores solenes) dos santos concorreram para reputá-lo como o maior orador sacro desse país.
Jacques Bénigne Bossuet (Dijon, 1627 – Paris, 1704), bispo e teólogo francês, foi um dos teóricos do absolutismo. Segundo ele, os reis recebiam poderes divinos para governar.
Jacques Bossuet nasceu em uma família de magistrados, em Dijon, onde recebeu educação no colégio jesuíta. Estudou teologia aos 15 anos no College de Navarre. Em 1652, foi ordenado padre e recebeu doutorado em teologia.
Seu pai obteve-lhe a indicação para cônego na Mogúncia (Metz), onde ficou popular como orador em controvérsia com os protestantes. Dividiu o tempo entre Metz e Paris até 1659 e a partir de 1660 raramente deixava a capital.
Famoso pelas suas pregações ao rei Luís XIV, foi designado para ser tutor do Delfim, o filho primogênito do rei, renunciando ao bispado de Condom, em que fora empossado em 1669. Foi nomeado conselheiro do rei, depois de aprender o funcionamento da política junto à corte real. Foi eleito para a Academia Francesa.
Foi designado, em 1681, bispo de Meaux e deixou a corte, mas continuou mantendo laços com o rei. Foi, então, um bispo dedicado, pregando e ocupando-se de organizações de caridade, poucas vezes deixando sua diocese.
Embora fosse um religioso, Bossuet era um formulador de ideias favoráveis ao poder do rei. Em seu livro “Política Tirada das Santas Escrituras”, de 1708, Bossuet defendia o direito divino, legitimador do governo da realeza.
Bossuet não colecionou, nem publicou os seus trabalhos oratórios. Somente as suas principais orações fúnebres foram publicadas durante a sua existência terrena. Ele nunca pensou em dar publicidade às centenas de discursos, que pronunciou do púlpito sagrado.
Ao compor esses discursos, destinava-os exclusivamente às pessoas que deviam ouvir sua palavra, sem jamais ocupar-se de perpetuar-lhes a lembrança, pois temia, talvez, obedecer a um sentimento de vaidade profana, caso os entregasse ao público. O seu fim, segundo o grande orador, era “ensinar santa e fielmente a verdade” e não ostentar a própria glória. (In: Prefácio da edição original de 1870).
Uma cuidadosa impressão de “Panegíricos”, de Bossuet, foi lançada em 2013, pela Castela Editorial, reproduzida da tradução do Pe. Clementino Contente, que foi publicada em 1909, por H. Garnier, sob o título: Orações Fúnebres e Panegíricos – Nova edição conforme o texto da edição de Versailles. Na recente edição, estão contidos em suas mais de quinhentas páginas, 23 discursos que discorrem sobre 18 santos católicos, alguns deles de ampla devoção no catolicismo brasileiro (e.g. S. José, S. Francisco de Assis, S. Pedro, S. Paulo) e outros de maior afeição no cenário hagiológico europeu, como S. Francisco de Sales, S. Francisco de Paula, S. Bernardo, Sta. Catarina etc.
Não se tratam de meras biografias de santos, redigidas de modo a assinalar feitos ou datas dos perfilados, mas de peças oratórias, riquíssimas em palavras de espiritualidade cristã, dignas de leitura daqueles que buscam aprimoramento e maior intensidade de sua vivência religiosa.
Enfim, uma leitura plenamente recomendada aos lucanos.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Integrante da Sociedade Médica São Lucas
* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 10(82): 5, maio de 2014.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

DOENÇA E LITERATURA


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta

Dizem ser a doença a musa inspiradora dos escritores!
Apesar de afirmarem ser a arte literária destilada a partir da dor e do absurdo, tenho minhas dúvidas quanto a essas assertivas, no tocante ao discurso poético ou à narrativa ficcional. Textos com valor literário somente podem ser produzidos quando a “aparelho mental” do escritor está em equilíbrio.
Jamais soube da possibilidade ou, muito menos, testemunhei um artista em crise paranoica ou com dores atrozes produzindo obras de arte. Há muita fantasia na relação da doença com o trabalho criativo.
O poeta Manuel Bandeira foi desenganado aos 18 anos com o diagnóstico de tuberculose e interrompeu o curso de Arquitetura em São Paulo para se internar em sanatórios.
Porém, afirmar que a inspiração poética de Bandeira nasceu nesses momentos de reclusão e ócio forçado, da proximidade com a morte, da percepção de que cada segundo pode ser o último; escrever que a inspiração decorria do fato de o poeta ser celibatário; e terminar por afirmar que a doença que o assolava foi a sua fiel e única companheira, é forçar por demais a barra - apesar de a tuberculose, antes do advento da moderna terapia, ter sido, no início do século passado, um mal estigmatizado e sem esperança de cura.
Bandeira viveu até os 82 anos. A tuberculose permeou a vida de escritores notáveis: Álvares de Azevedo, Castro Alves, Edgar Allan Poe, Franz Kafka, Anton Tchekhov, Lord Byron, Robert Louis Stevenson e outros mais. De forma mais ou menos explícita, todos eles manifestaram nos seus trabalhos o significado agudo da passagem da vida quando se tem uma doença grave.
A epilepsia foi outro mal que influenciou a obra de alguns dos maiores expoentes da arte da escrita. Fiódor Dostoievski. O escritor russo criou dois personagens epiléticos: Kirilov, de Os demônios (1872), e o príncipe Michkin, de O idiota (1869). Através deles, Dostoievski descreve a aura extática, fenômeno visual presente em algumas formas do distúrbio.
Entre nós, Machado de Assis sofreu durante todo o seu período produtivo de convulsões e, em especial, no fim de sua vida, quando elas se tornaram mais frequentes. Machado é a figura mais emblemática do estigma duplo: preconceito racial e epiléptico (a epilepsia era, na época, erroneamente associada a uma personalidade criminosa). É fato que muitas de suas obras primas, como Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), O alienista (1882), Quincas Borba (1891), Memorial de Aires (1908).), foram baseadas em temas médicos, mas seria forçar a barra afirmar que foram inspiradas nas doenças.
A moderna psicanálise não crê que a produção artística minimize o sofrimento dos artistas. Os artistas são inventivos por que são.
Você tem consciência de que dois por cento da humanidade sofrem de distúrbio epilético e que a tuberculose, em pleno século XXI, mata mais pessoas do que de qualquer outra doença infecciosa durável?
A tuberculose leva a óbito, por ano, dois milhões de pessoas, 98 por cento das quais em países "em desenvolvimento".
Caso essas doenças fossem inspiradoras de grandes gênios da Literatura, os países subdesenvolvidos seriam os campeões de prêmio Nobel. Creio que associar gênio literário com doença é pura Literatice.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

terça-feira, 17 de junho de 2014

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA CUBA


Por Reinaldo Azevedo
Atenção! A coisa é séria!

Uma delegação brasileira chefiada por Carlos Gadelha — Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde — está em Cuba. Fica lá até sexta-feira para discutir um plano. Qual? Já conto.
É que a presidente Dilma Rousseff resolveu fechar empregos no Brasil e criar empregos em Cuba. É que a presidente Dilma Rousseff, pelo visto, cansou de governar o Brasil — o que, convenham, a gente já vem percebendo, dados os resultados alcançados. É que a presidente Dilma Rousseff, agora, quer fazer a diferença, sim, mas lá em Cuba, na ilha particular dos irmãos Fidel e Raúl Castro — lá naquele país que se divide em dois presídios: o de Guantánamo, onde estão terroristas culpados, e o resto do território, onde estão os cubanos inocentes.

Por que estou escrevendo essas coisas? Porque este blog apurou que a nossa “presidenta”, como ela gosta de ser chamada, está pressionando as empresas farmacêuticas brasileiras a abrir fábricas em… Cuba para a produção de genéricos naquele país. De lá, elas exportariam remédios para a América Central e América do Sul, inclusive o Brasil.
Atenção, brasileiras e brasileiros! A nossa soberana cansou dessa história de o próprio Brasil produzir os remédios e de ser, sim, um exportador. A presidente quer fazer a nossa indústria farmacêutica migrar para Cuba, de sorte que passaríamos a ser importadores de remédios produzidos pelos próprios brasileiros, gerando divisas para os cubanos, danando um pouco mais a balança comercial, desempregando brasileiros e empregando… cubanos!

E a coisa não se limitaria à produção de genéricos, não! Entrariam no acordo também os chamados “similares”. Dilma, assim, daria um golpe de morte numa das políticas mais bem-sucedidas do país nas últimas décadas: a produção de genéricos e o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional.
A iniciativa nasce da determinação pessoal de Dilma de dar suporte à economia cubana e de dar maior utilidade ao porto de Mariel, construído em Cuba com recursos do BNDES. Como sabemos, a Soberana entrará para a história da infraestrutura portuária de… Cuba!

A exemplo do acordo feito para a importação de médicos cubanos, também essa iniciativa é feita à socapa, por baixo dos panos. Cuba passou a ser caixa-preta do governo petista. Como estamos falando de uma tirania, é impossível conhecer o trânsito de dinheiro entre o nosso país e a tirania dos Castros.
É isso aí, “camaradas” brasileiros! Alguns tentam fazer um Brasil melhor! Dilma está empenhada em fazer uma Cuba melhor à custa dos empregos dos brasileiros. Para lembrar: o secretário Gadelha, o homem encarregado do projeto, é aquele que teve um encontro agendado com o doleiro Alberto Youssef, por iniciativa do ainda deputado André Vargas.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo. Circulando na internet.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

LONGEVIDADE: a nova esperança do brasileiro

Antero Coelho Neto (*)

Há vários anos, sempre que fazíamos palestras e conferências sobre o assunto e enfatizávamos sobre as perspectivas próximas da longevidade humana, as pessoas riam e pareciam não acreditar. Mostravam somente curiosidade e interesse. Mas isso era muito preocupante para os estudiosos do assunto.
A família não estava sabendo sobre os novos estudos e avanços científicos do aumento da longevidade. Não conversavam e nem informavam, aos filhos, que todos devíamos nos preparar para viver muito, talvez, até mais de 100 anos. Não falavam nos idosos que estavam aumentando muito rapidamente e, muito menos, sobre os centenários que estavam vivos e que, muitos mais, estarão chegando. Não falavam nem mesmo na velhice, nos seus mitos, dificuldades e grandezas. Evitavam falar em “velhice” e quando faziam era para acusá-la, ofendê-la e menosprezá-la. Negava-se a idade, então. Hoje, felizmente, celebramos os 80, 90 ou 100 anos com festas.

Quase que de repente, o brasileiro de classe social média e mais elevada começou a aprender que, velhice, é uma condição de vida que se caracteriza pelo conhecimento, tranquilidade, bom senso, cidadania, consciência ética e grandeza, de Ser, de Fazer e, algumas vezes, também de Ter. Ou seja, tudo contrário ao que, nossos avós, ensinavam aos nossos pais no passado e estes também nos repetiam. Não foi culpa deles, pois assim foram educados pelos avós. Só que, nos últimos anos, uma série de novos acontecimentos e descobertas fizeram a mudança. Com isso, e a diminuição da taxa de natalidade, ocorreu o grande aumento da população de idosos no nosso país e em todo o mundo.
Ser idoso passou a ser assunto de muita gente. Ser idoso começou a ser um “bom negócio” e muitos querem viver muito e cada vez mais e melhor. E toda a filosofia de vida do brasileiro vai mudando. Mas, ainda Importantes e profundas modificações são necessárias, principalmente para as classes sociais inferiores.

E vários geriatras e gerontologistas, de diferentes especialidades, passaram a trabalhar com os idosos procurando, exatamente, preparar toda a família para o presente e para o futuro. Então, fico feliz ao verificar que nosso trabalho passou a ser uma real esperança para o brasileiro. E, algumas frases que escrevi e proferi em minhas palestras no passado, passaram a ser realidades, como por exemplo:
- “Caminhando é que seremos fortes, criando é que seremos grandes e felizes, sendo saudáveis é que viveremos muito e crendo em Deus é que ganharemos a eternidade. E isto, nós idosos, devemos aprender”

- “Como nossos avós e pais viveram muito, nós, vivendo num ambiente saudável, praticando bons estilos de vida e tratando bem de nossa saúde, vamos viver muito mais e melhor.”
- “Caminhando, conversando e comendo correto, vamos longe.”

- “Como um idoso inteligente, vou buscar o conhecimento novo, o prazer de saber, a satisfação de existir; as novas habilidades aperfeiçoadas e diferentes e a prática do emocional dirigido para a estabilidade e o equilíbrio”
E, neste momento histórico para o brasileiro, penso nesta nova frase: “Com vida ativa, criativa e saudável, vamos presenciar esta e muitas outras Copas Mundiais de Futebol. Com o Brasil vencendo, claro!”

(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: O Povo, Opinião, de 11/6/2014. p.6.

domingo, 15 de junho de 2014

As Vaias para a Dilma na Copa II

 

Fonte: Circulando por e-mail (internet). Sem autoria explícita.

As Vaias para a Dilma na Copa I

 
Charge: Alpino
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sábado, 14 de junho de 2014

Ladrão de galinha faz acordo para se livrar de ação


Carlos Eduardo Cherem
Do UOL, em Belo Horizonte

AFG, 25, acusado de furtar uma galinha de um vizinho em processo que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou nesta terça-feira (7/05) proposta feita pelo MP (Ministério Público) de Minas Gerais para se livrar da ameaça de, caso condenado, ficar preso por quatro anos.
Além de ressarcir o dono da galinha em R$ 40, AFG terá de pagar multa de R$ 726 (em dez prestações) e, durante dois anos, não poderá deixar a cidade de Rochedo de Minas (336 Km de Belo Horizonte), onde ocorreu o furto, por mais de sete dias sem o consentimento da Justiça.

Ele ainda deverá comparecer mensalmente ao fórum local para justificar suas atividades, além de ficar impedido de sair de casa após 22h.
"Foi um acordo totalmente desproporcional e duro. Esse caso nem deveria ter sido criminalizado. Desde o princípio, quando houve a acusação contra ele, a Justiça ignorou o princípio da insignificância do caso. De qualquer modo, ainda estou aguardando um habeas corpus solicitado ao STF, pedindo o arquivamento do processo.

Caso seja favorável ao pedido, o habeas corpus fará com que o processo seja encerrado", afirmou nesta quarta-feira (7/05) a defensora pública Renata Martins, que cuida do processo do acusado de ladrão de galinha.
As bases do acordo foram seladas entre o réu, o juiz Júlio César Silveira de Castro, de São João Nepomuceno (331 Km de Belo Horizonte), sede da comarca que incluí o município de Rochedo de Minas, acatando proposta do promotor Luciano Baesso.

A reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa do MP, mas o promotor só poderia comentar o caso nesta quinta-feira (8), no período da tarde.
Segundo a advogada de defesa, AFG afirmou que acataria as exigências do MP, antes mesmo de ouvir as propostas.

Martins explicou que, caso ele deixe de cumprir qualquer uma delas, o acordo será extinto, e o processo volta a tramitar normalmente.

Crime e castigo

Enquanto o STF não acata o pedido de anulação e arquivamento do processo para que o ladrão de galinha deixe de responder pelo delito e fique livre das obrigações impostas pela Justiça, o jovem, que estava morando há um ano em Juiz de Fora (265 Km de Belo Horizonte), deverá se mudar novamente para Rochedo de Minas.

A advogada, que apostava na extinção do processo logo que o caso foi parar na Justiça, acredita que as condições impostas foram extremamente duras, mas que será cumprida pelo acusado. "Exceto a exigência do pagamento da galinha, tudo foi extremamente duro no acordo", disse.
Ainda de acordo com Martins, AFG também não considerou justas as imposições, após ter tomado conhecimento delas. "De qualquer maneira, ele disse que estava aliviado porque queria liquidar sua dívida com a Justiça e ficar livre dessa situação", afirmou.
Fonte: UOL/Notícias 7/5/14.

FIGURAS TROCADAS


João Brainer Clares de Andrade (*)
É bem verdade que a atual Copa não aflorou os ânimos de suas antecessoras. Em um momento talvez pontuado pela efervescência das manifestações de junho passado, o Brasil abortou sua postura passiva ante os desmandos governamentais: a postura de “público”, como batizou Lima Barreto, deu lugar à vanguarda que se indigna com a má gestão. No entanto, na abertura de uma Copa, pouco se viu a radiante expressão brasileira tão conhecida e esperada nos locais além-mar. Fomos tímidos, havia pouco entusiasmo e usamos poucos recursos audiovisuais para, talvez, fazer vistas à expressão da “brasilidade”. E o que seria trunfo transformou-se em uma festa com pouca identidade e, pior ainda, pouca identificação. Não nos vimos devidamente representados em nossa própria casa. Até o sorriso dos jogadores parecia ter ficado restrito às figurinhas dos álbuns.
Mais tímido ainda foi o chute de partida. Em um projeto que requereu o somatório de quase 30 anos de estudos e a participação de quase 25 países, o médico e neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis foi traído pela apologia excessiva à figura dos cantores americanos que lhe roubaram espaço nas filmagens. Um jovem paraplégico conseguiu dar o chute que marcaria, finalmente, um legado: a ciência prestava-se ao bem de devolver esperança àqueles que pareciam condenados a paraplegia. Um pesquisador brasileiro, que teve que buscar apoio e financiamento morando nos Estados Unidos, finalmente, retornava ao seu país para lhe deixar a lição: “estou trazendo de volta a esperança e a ciência que me permitiram construir fora daqui”. No entanto, a música oficial, essa pouco cantada em português, pareceu ser mais importante: trocaram a importância do papel da ciência
Os legados, infelizmente, foram poucos. Pouco se modernizou, pouco se aperfeiçoou, pouco além dos estádios se construiu. Perdemos oportunidades ímpares de dar celeridade a projetos arrastados por anos que poderiam nos trazer o conforto que sempre se viu em outros países-sedes. Principalmente, a projeção que se daria ao projeto do dr. Miguel Nicolelis nós perdemos... De legado, enfim, fica a indignação, a esperança perdida. Até a nossa Praça Portugal, tão visitada pelos ferrenhos trocadores de figurinhas (essas infelizmente no sentido real, e não naquele da troca de opiniões ou experiências) também não restará como legado.

(*) Médico residente de Neurologia.
Publicado In: O Povo, de 14/06/2014 . Opinião. p.12.
 

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