terça-feira, 30 de setembro de 2014

O BRASIL ANEDÓTICO LXIV


SENADOR NÃO É CRIADO

Ernesto Matoso - "Coisas de meu tempo", pág. 77.

O Imperador Pedro II nutria uma aversão indissimulável à bajulação. Por isso mesmo, os homens que menos influência exerciam sobre o seu ânimo eram os da sua intimidade, principalmente os que ocupavam cargos de etiqueta na Casa Imperial.

Um destes, seu camarista, subserviente pelo cargo e pela índole, desejava entrar para a política, e apareceu como candidato de um dos partidos a uma cadeira no Senado.

Votado em primeiro lugar, foi preterido na escolha pelo monarca. Três vezes veio, ainda, na lista tríplice e três vezes foi esquecido. Conhecendo-lhe a doblez como palaciano, o Imperador sabia que esta se não coadunava com a independência e a altivez indispensáveis a um senador daqueles tempos.

Ressentido, o camarista indagou de Sua Majestade a razão de tantas preterições.

- Não tenho queixas contra o senhor, declarou o soberano.

E deixando patente o motivo:

- É que são tão importantes os serviços que me presta como "servidor da minha casa", que não quero privar-me deles!

A QUESTÃO CHRISTIE

Ernesto Matoso - "Coisas do meu tempo", pág. 61.

Era por ocasião da questão Christie, em 1862. Não tendo o governo imperial atendido a algumas reclamações descabidas da Inglaterra, iniciou esta uma série de represálias, aprisionando no mar diversos navios mercantes brasileiros. A multidão, indignada, enchia as ruas e praças do Rio de Janeiro, reclamando a reação. Até que se aglomerou diante do Paço, pedindo a palavra do soberano.

Pedro II apareceu a uma das janelas, o rosto severo.

- Calma, senhores, calma! pediu.

E a voz segura de quem não recuará:

- Confiem no meu governo e fiquem certos que, sem honra, não quero ser imperador!...

A COMENDA DO CÔNEGO BRITO

Ernesto Matoso - "Coisas do meu tempo", pág. 92.

O cônego Joaquim Camilo da Silva Brito, republicano histórico, era já admirado, como homem de grande cultura, pelo Imperador, quando Sua Majestade o conheceu pessoalmente em Minas por ocasião da sua viagem àquela província. De regresso à Corte, encantado com as demonstrações de atenção pessoal recebidas de tão ilustre sacerdote, incluiu Pedro II o seu nome da lista dos agraciados, concedendo-lhe a comenda da Ordem de Cristo.

Dias depois, aparecia nos A pedidos de uma folha da Capital a seguinte comunicação:

"AO PÚBLICO - Tendo sido agraciado pelo governo imperial com a comenda da Ordem de N. S. Jesus Cristo, um eclesiástico de nome igual ao meu, declaro, para evitar confusões, que desta data em diante, passo a assinar-me: Vigário Joaquim Camilo de Brito, com um 'l' só".

A QIJEIXA DOS TUPINAMBÁS

Jean de Lery - "História de uma viagem à terra do Brasil", ed. De 1926, pág. 154.

Quando Nicolau de Villegaignon se fixou na baía do Rio de Janeiro, em 1555, os índios tupinambás, que habitavam o litoral, achavam-se na guerra com a tribo dos maracajás, cujos prisioneiros eram todos devorados. Para impedir a continuação da antropofagia, procurava o conquistador francês adquirir por compra todos os prisioneiros, salvando-os, assim, da voracidade do inimigo.

Essa interferência do hóspede branco negócios da raça não agradava nada aos tupinambás, um dos quais se queixava, num suspiro a Jean de Lery:

- Não sei o que será de nós, de agora em diante!... Depois que Paicolás (nome davam a Villegaignon) veio para a ilha, não comemos nem a metade dos nossos prisioneiros!...

Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ANTES x AGORA IV


laquê
spray
de montão
pracarai!
derrame
AVC
chapa dos pulmões
raio-x
sua bênção, papai
"qualé", coroa?
você tem certeza?
ah! fala sério!
banha
gordura localizada
alisamento
chapinha
buteco no fim do expediente
happy hour
costureira
estilista
negro
afro-descendente
professora
tia, profe
senhor
tiozinho
bunduda
popozuda!
Amorrrrrrr!
Benhhêêêêê!
olha o barulho!
ó o auê aí ô!
desculpe, mas esta questão que você me submeteu é impossível de cumprir!




Fonte: Internet (circulando por e-mail).



nem fudendo!


 

MISSA DE SÉTIMO DIA POR ARTUR EDUARDO BENEVIDES


A Academia Cearense de Letras convida seus integrantes e demais intelectuais para a missa de 7º dia em sufrágio da alma do inesquecível Acadêmico ARTUR EDUARDO BENEVIDES, a realizar-se no dia 29/09/14, às 20 horas, na Igreja de São Vicente de Paulo, situada na Av. Desembargador Moreira, 2.211.

domingo, 28 de setembro de 2014

Lulice & Dilmais...

 

Fonte: Fotomontagem circulando por e-mail (internet). Criação de autoria ignorada.

Papel Higiênico para Dilma...

 

Fonte: Fotomontagem circulando por e-mail (internet). Criação de autoria ignorada.

sábado, 27 de setembro de 2014

RETORNO DE SÃO PAULO: congresso da ABrES



Retornei ontem, 26/09/2014, de São Paulo-SP, onde participei do “XI Encontro Nacional de Economia da Saúde” e do “VI Congresso de Economia da Saúde da América Latina e Caribe”, patrocinados pelas Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES) e Asociación de Economía de La Salud de Latinoamérica y Caribe (AES-LAC), que transcorreram na capital paulista, de 24 a 26 de setembro corrente.
Durante o evento, coordenei uma sessão de trabalhos sobre Avaliação Econômica da Saúde, e tivemos a apresentação do trabalho oral “Proposta de Alocação de Recursos para Hospitais Terciários Baseada em Eficiência e Resultados, realizado em parceria com Maria Helena Lima Sousa, extraído de sua tese de Doutorado em Saúde Coletiva Pública da UECE.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular da Uece Corecon-CE 1.999

Cangaceiros Governistas da Dilma...



Fonte: Fotomontagem circulando por e-mail (internet). Criação de autoria ignorada.

BELOS CAMINHOS VII



 
 

 Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CONVITE: Celebração Eucarística da SMSL - Setembro/2014

A DIRETORIA DA SOCIEDADE MÉDICA SÃO LUCAS (SMSL) CONVIDA todos para participarem da Celebração Eucarística do mês de SETEMBRO/2014, que será realizada AMANHÃ (27/09/2014), às 18h30min, na Igreja de N. S. das GRAÇAS, do Hospital Geral do Exército, situado na Av. Des. Moreira, 1.500 - Aldeota.
CONTAMOS COM A PRESENÇA DE TODOS!
MUITO OBRIGADO!

MÍDIA E MÉDICO


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Presidia uma mesa redonda na Sociedade Brasileira de Medicina Psicossomática, a respeito de SIDA e suas repercussões sociais. A mesa estava composta por três especialistas.
Foi uma bela reunião, auditório interessadíssimo, mas quando ia dar por encerrado o encontro, eis que um dos participantes fez uma pergunta dirigida a mim:
– O colega presidente da mesa, como pediatra, poderia nos esclarecer se o vírus da SIDA é capaz de ser transmitido através da amamentação?
Fez-se silêncio no auditório. Por sorte, ou por azar meu, respondi:
(Era no tempo do flagelo da síndrome da deficiência imunológica no homem. À época, poucos sabiam da sua epidemiologia. Era uma matéria importante, como, aliás, tudo que envolve os desvios da sexualidade humana. Naquele tempo, considerava-se que a patologia afetava o homossexualismo, fato que se mostrou não ser mais que preconceito).
– A Revista Time noticiou que na Suécia haviam sido constatados dois casos de AIDS por contaminação de leite materno.
E foi com muito cuidado que respondi existir esta dúvida: se outras secreções, que não a espermática, poderiam ser responsáveis pela transmissão. Esclareci que não havia tomado conhecimento por nenhuma publicação médica indexada sobre o assunto. Apesar de não descartar a hipótese de o leite humano poder veicular a SIDA, como qualquer outra secreção do contaminado.
No outro dia, li estupefato, a manchete em vários jornais nacionais.
PROFESSOR DE PEDIATRIA DECLARA QUE O LEITE MATERNO PRODUZ AIDS.
Para sair dessa fria não foi fácil!

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

SONHO MAU

Por Olavo de Carvalho
Em qualquer grupo social pode-se avaliar sem muita dificuldade se ali predominam a percepção alerta, a presteza e criatividade das reações, ou o apego indolente a chavões e frases feitas que se repetem como mantras enquanto a realidade vai correndo, mudando e passando como um trator sobre a multidão de sonsos.
Muitas previsões, dizia Thomas Mann, são enunciadas não porque vão se realizar, mas na esperança de que não se realizem. Todas as que fiz, especialmente as mais alarmantes, foram assim. Com uma diferença: as previsões sempre se realizaram, a esperança nunca.

Nos assuntos humanos, a certeza absoluta é geralmente uma utopia. O máximo que se alcança é uma probabilidade razoável. E o culto devoto que o homem contemporâneo consagra aos números não o levará mais longe: uma probabilidade, calculada até os centésimos de milionésimos, continuará sempre sendo o que é -- uma probabilidade, não uma certeza.

No entanto, continua válido o preceito de que a exatidão de uma ciência se mede pela sua capacidade de fazer previsões corretas. Nas ciências humanas, e especialmente na ciência política, a previsão deve sempre assinalar as variáveis que podem modificá-la no curso do processo. Muitas dessas variáveis dependem da criatividade, da iniciativa e da coragem dos personagens envolvidos. Se as previsões mais deprimentes se realizam com exatidão quase matemática, isto se deve mais à ausência desses três fatores do que aos méritos científicos de quem as enuncia.

Numa apostila já velha, que nunca tive a ocasião de corrigir para publicação, expliquei que a liberdade é uma propriedade vital da psique humana, mas que esta não a possui como um dom perfeito e acabado, e sim apenas como uma possibilidade que de certo modo se cria e se amplia a si mesma na medida em que se assume e se exerce. Por isso é que a famosa controvérsia de determinismo e livre arbítrio não tem solução geral teórica: esses dois fatores não pesam uniformemente em todas as vidas, mas se distribuem de maneira desigual conforme um jogo dialético muito sutil que varia de indivíduo para indivíduo, de situação para situação, de caso para caso. Não há como provar a liberdade senão exercendo-a, mas colocá-la em dúvida é já abster-se de exercê-la, provando portanto sua inexistência mediante uma profecia auto-realizável.

Inversa e complementarmente, a própria psique se torna rala e evanescente quando, por abdicação voluntária ou sob a pressão de condições adversas, a liberdade cede o passo à intervenção de fatores “externos”: a pura fisiologia, os hábitos inconscientes, o jogo das influências ambientais, o acaso, etc. Numa situação extrema, já não há mais atividade psíquica livre: a psique torna-se o reflexo passivo e mecânico de tudo quanto lhe é estranho.

Essa distinção aplica-se aos indivíduos como às sociedades. Em qualquer grupo social pode-se avaliar sem muita dificuldade se ali predominam a percepção alerta, a presteza e criatividade das reações, ou o apego indolente a chavões e frases feitas que se repetem como mantras enquanto a realidade vai correndo, mudando e passando como um trator sobre a multidão de sonsos.

Depreciando instintivamente as mudanças e diferenças, a mente letárgica apega-se à “heurística disponível”, que o manual de psicologia forense de Curtis R. Bartol, muito usado nos EUA, define como um atalho mental construído com os fatos mais vulgares e acessíveis – em geral os fatos repetidos pela mídia --, simulando uma explicação.

É assim que os riscos e ameaças mais graves e iminentes passam despercebidos sob uma afetação de segurança tranqüilizante. E foi assim que os planos do PT para a implantação do comunismo no Brasil, registrados nas atas de assembléias do partido, repetidos nas do Foro de São Paulo e insistentemente explicados nos meus artigos e conferências, foram solenemente ignorados como se fossem meras tiradas verbais sem a menor conseqüência, até que agora podem ser postos em prática diante dos olhos de todos, com a certeza de que a o povo e as elites, degradados e estiolados por décadas de indolência mental e repetitividade mecânica, nem saberão como reagir.

Não é preciso dizer que, deteriorada num grupo humano a capacidade de percepção rápida e reação criativa, o curso das coisas vai se tornando cada vez mais previsível graças ao império geral da passividade mecânica. O que era apenas uma probabilidade, manejável pela livre vontade humana, torna-se o cálculo matemático de uma fatalidade.

Pela milésima vez: Quando um homem normal diz “sociedade civil”, ele designa com isso a totalidade das pessoas dotadas de direitos civis e políticos. Quando um comunista usa o mesmo termo, ele sabe que os profanos o ouvirão exatamente assim, mas que os iniciados saberão perfeitamente que se trata apenas de um reduzido círculo de organizações e movimentos criados pelo Partido para fazer a parte suja do serviço sem comprometê-lo diretamente.

Na estratégia comunista, trocar a representação eleitoral pelo governo direto dessas organizações e movimentos é, desde há mais de um século, a virada decisiva, o “salto qualitativo” que, após uma longa acumulação de subversões e corrosões, marca a passagem de qualquer regime para uma ditadura socialista.

Para quem quer que conheça a história do comunismo, isso é uma obviedade patente, mas quem está acostumado a pensar segundo a “heurística disponível” da mídia usual, quem se recusou por mais de vinte anos a enxergar o que se preparava, talvez não venha a enxergá-lo nem mesmo depois de realizado. Muitos irão para o Gulag ou para o “paredón” jurando que é apenas um sonho mau.

 Publicado no Diário do Comércio, 2 de julho de 2014.

 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

VIAGEM À SÃO PAULO: congresso da ABrES


Sigo hoje, 24/09/2014, para São Paulo-SP, a fim de participar do “XI Encontro Nacional de Economia da Saúde” e do “VI Congresso de Economia da Saúde da América Latina e Caribe”, patrocinados pelas Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES) e Asociación de Economía de La Salud de Latinoamérica y Caribe (AES-LAC), que transcorrerão na capital paulista, de 24 a 26 de setembro corrente, com apresentação de um trabalho oral, realizado em parceria com Maria Helena Lima Sousa, extraído de sua tese de Doutorado em Saúde Coletiva Pública da UECE.
Retorno à Fortaleza na noite de 26/09/2014.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular da Uece / Corecon-CE 1.999

terça-feira, 23 de setembro de 2014

LUTO POR OTONI CARDOSO DO VALE


Faleceu na manhã de ontem (22/09/14), aos 67 anos, o Dr. Otoni Cardoso do Vale, professor associado IV de Neurologia do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ingressou na UFC, como o 1º lugar no vestibular para a Medicina, em 1966, concluindo o curso em 1971, com destaque por sua inteligência e dedicação aos estudos.
Fez Residência Médica em Neurologia no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, complementada por especialização Oto-Neuro-Oftalmologia, na PUC-Rio, e em Eletromiografia e Potenciais Evocados, na Universidade de Louvain, na Bélgica.
Cursou o doutorado em Farmacologia, na UFC, encerrado em 2000, com a defesa da tese “Avaliação eletrofisiológica da ação dos antioxidantes glutation e ácido alfalipóico em um modelo animal de isquemia cerebral”, sob a orientação do Prof. Dr. Manassés Claudino Fonteles.
Otoni era também pesquisador com ênfase em Neurofarmacologia, atuando principalmente nos seguintes temas: EEG, isquemia cerebral e eugenol. Publicou 22 artigos científicos e um capítulo de livro.
Nascido há 67 anos, em Dix-sept, no Rio Grande do Norte, após a sua especialização, retornou ao Ceará, para exercer a Medicina. Assistia seus pacientes particulares e conveniados em sua Neuroclínica e no Hospital São Carlos.
Ele foi colega de turma do meu irmão Paulo Gurgel na UFC, sendo Otoni reconhecido por sua simplicidade e por lutar, com obstinação, para superar as dificuldades para estudar e se manter sozinho, longe de seus familiares, lecionando em cursinho preparatório ao vestibular.
Convivi com ele, quando da organização do Congresso Brasileiro de Neurologia, realizado em Fortaleza, sob a presidência do Dr. Vicente Leitão.
Nossos fortuitos encontros eram sempre muito afáveis; guardarei boas lembranças dele.
O corpo de Otoni está sendo velado na Funerária Aethernus (Rua Padre Valdevino, 1.688, Aldeota). O enterro será nesta terça-feira (23/09/14), às 9h, no Cemitério Parque da Paz (Av. Juscelino Kubitscheck, 4.454, Passaré).
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ELEIÇOES 2014: análise fria


 
     
Por Marco Antônio Villa (jornalista)
O Brasil é um país fantástico. Nulidades são transformadas em gênios da noite para o dia. Uma eficaz máquina de propaganda faz milagres. Temos ao longo da nossa História diversos exemplos. O mais recente é Dilma Rousseff.
Surgiu no mundo político brasileiro há uma década. Durante o regime militar militou em grupos de luta armada, mas não se destacou entre as lideranças. Fez política no Rio Grande do Sul exercendo funções pouco expressivas. Tentou fazer pós graduação em Economia na Unicamp, mas acabou fracassando, não conseguiu sequer fazer um simples exame de qualificação de mestrado. Mesmo assim, durante anos foi apresentada como "doutora" em Economia. Quis-se aventurar no mundo de negócios, mas também malogrou. Abriu em Porto Alegre uma lojinha de mercadorias populares, conhecidas como "de 1,99". Não deu certo. Teve logo de fechar as portas.
Caminharia para a obscuridade se vivesse num país politicamente sério. Porém, para sorte dela, nasceu no Brasil. E depois de tantos fracassos acabou premiada: virou ministra de Minas e Energia. Lula disse que ficou impressionado porque numa reunião ela compareceu munida de um laptop. Ainda mais: apresentou um enorme volume de dados que, apesar de incompreensíveis, impressionaram favoravelmente o presidente eleito.
Foi nesse cenário, digno de O Homem que Sabia Javanês, que Dilma passou pouco mais de dois anos no Ministério de Minas e Energia. Deixou como marca um absoluto vazio. Nada fez digno de registro. Mas novamente foi promovida. Chegou à chefia da Casa Civil após a queda de José Dirceu, abatido pelo escândalo do mensalão. Cabe novamente a pergunta: por quê? Para o projeto continuísta do PT a figura anódina de Dilma Rousseff caiu como uma luva. Mesmo não deixando em um quinquênio uma marca administrativa um projeto, uma ideia, foi alçada a sucessora de Lula.
Nesse momento, quando foi definida como a futura ocupante da cadeira presidencial, é que foi desenhado o figurino de gestora eficiente, de profunda conhecedora de economia e do Brasil, de uma técnica exemplar, durona, implacável e desinteressada de política. Como deveria ser uma presidente a primeira no imaginário popular.
Deve ser reconhecido que os petistas são eficientes. A tarefa foi dura, muito dura. Dilma passou por uma cirurgia plástica, considerada essencial para, como disseram à época, dar um ar mais sereno e simpático à então candidata. Foi transformada em "mãe do PAC". Acompanhou Lula por todo o País. Para ela e só para ela a campanha eleitoral começou em 2008. Cada ato do governo foi motivo para um evento público, sempre transformado em comício e com ampla cobertura da imprensa. Seu criador foi apresentando homeopaticamente as qualidades da criatura ao eleitorado. Mas a enorme dificuldade de comunicação de Dilma acabou obrigando o criador a ser o seu tradutor, falando em nome dela e violando abertamente a legislação eleitoral.
Com base numa ampla aliança eleitoral e no uso descarado da máquina governamental, venceu a eleição. Foi recebida com enorme boa vontade pela imprensa. A fábula da gestora eficiente, da administradora cuidadosa e da chefe  implacável durante meses foi sendo repetida. Seu figurino recebeu o reforço, mais que necessário, de combatente da corrupção. Também, pudera: não há na História republicana nenhum caso de um presidente que em dois anos de mandato tenha sido obrigado a demitir tantos ministros acusados de atos lesivos ao interesse público.
Com o esgotamento do modelo de desenvolvimento criado no final do século 20 e um quadro econômico internacional extremamente complexo, a presidente teve de começar a viver no mundo real. E aí a figuração começou a mostrar suas fraquezas. O crescimento do produto interno bruto (PIB) de 7,5% de 2010, que foi um componente importante para a vitória eleitoral, logo não passou de uma recordação. Independentemente da ilusão do índice (em 2009 o crescimento foi negativo: -0,7%), apesar de todos os artifícios utilizados, em 2011 o crescimento foi de apenas 2,7%. Mas para piorar, tudo indica que em 2012 não tenha passado de 1%. Foi o pior biênio dos tempos contemporâneos, só ficando à frente, na América do Sul, do Paraguai. A desindustrialização aprofundou-se de tal forma que em 2012 o setor cresceu negativamente: -2,1%. O saldo da balança comercial caiu 35% em relação à 2011, o pior desempenho dos últimos dez anos, e em janeiro deste ano teve o maior saldo negativo em 24 anos. A inflação dá claros sinais de que está fugindo do controle. E a dívida pública federal disparou: chegou a R$ 2 trilhões.
As promessas eleitorais de 2010 nunca se materializaram. Os milhares de creches desmancharam-se no ar. O programa habitacional ficou notabilizado por acusações de corrupção. As obras de infraestrutura estão atrasadas e superfaturadas. Os bancos e empresas estatais transformaram-se em meros instrumentos políticos a Petrobrás é a mais afetada pelo desvario dilmista.
Não há contabilidade criativa suficiente para esconder o óbvio: o governo Dilma Rousseff é um fracasso. E pusilânime: abre o baú e recoloca velhas propostas como novos instrumentos de política econômica. É uma confissão de que não consegue pensar com originalidade. Nesse ritmo, logo veremos o ministro Guido Mantega anunciar uma grande novidade para combater o aumento dos preços dos alimentos: a criação da Sunab.
Ah, o Brasil ainda vai cumprir seu ideal: ser uma grande Bruzundanga. Lá, na cruel ironia de Lima Barreto, a Constituição estabelecia que o presidente "devia unicamente saber ler e escrever; que nunca tivesse mostrado ou procurado mostrar que tinha alguma inteligência; que não tivesse vontade própria; que fosse, enfim, de uma mediocridade total".

Fonte: O ESTADO DE S. PAULO.

domingo, 21 de setembro de 2014

CONDOLÊNCIAS POR PROF. ARTUR EDUARDO BENEVIDES


É com imenso pesar que registro aqui o falecimento hoje, 21 de setembro de 2014, por volta do Prof. ARTUR EDUARDO BENEVIDES, o Príncipe dos Poetas Cearenses, imortal, ex-presidente e atual presidente de honra da Academia Cearense de Letras (ACL).
Nascido em Pacatuba, Ceará, em 25/07/1923, e filho de Artur Feijó Benevides e Maria do Carmo Eduardo Benevides. Fez os seus estudos preparatórios no Colégio São Luís e no Liceu, em Fortaleza.
Era formado em Direito, pela então Faculdade de Direito do Ceará, tendo integrado a Turma Sobral Pinto, de 1947, da qual constava entre os bacharelandos o meu genitor Luiz Carlos da Silva, de quem ele foi particular amigo e compadre.
Ocupou o cargo de Chefe da Procuradoria da extinta Legião Brasileira de Assistência (LBA) no Ceará. Também era graduado em Letras, em 1970, atividade proeminente do seu exercício profissional e de sua própria existência, uma vez que abriu mão da prática advocatícia, passando a dedicar-se à literatura e ao ensino superior.
Era membro titular da ACL, desde 13 de novembro de 1957, tendo sucedido ao Ac. Tomás Pompeu Filho, como ocupante da Cadeira 40, patroneada pelo médico e professor Visconde de Sabóia. Presidiu esse silogeu no período de 1994 a 2003.
Escritor fecundo, destacando-se como poeta, contista e ensaísta, com autoria de 46 títulos, que lhe renderam mais de trinta prêmios literários. Era o último remanescente dos fundadores do Grupo Clã, uma importante confraria literária que vicejou no Ceará.
O corpo do ilustre acadêmico encontra-se no Palácio da Luz, a sede da ACL, situado à Rua do Rosário Nº1, com missa de encaminhamento às 9h30min, de amanhã (22/09/14), seguida de sepultamento no Cemitério São João Batista, às 11h.
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Do Instituto do Ceará e da Academia Cearense de Medicina

BELOS CAMINHOS VI

 



 
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

BELOS CAMINHOS V





 Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sábado, 20 de setembro de 2014

BELOS CAMINHOS IV


 
 



Fonte: Circulando por e-mail (internet).

BELOS CAMINHOS III



 


 
Fonte: Circulando por e-mail (internet).

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

SANTIDADE NA ORAÇÃO E NO TRABALHO

Por Pe. Geovane Saraiva

Comemoramos no dia 11 de Julho o Dia de São Bento. Bento quer dizer benção, quer dizer bendizer, abençoar. Toda benção vem de Deus, Senhor da vida, da história e da criação e dele depende a pessoa humana, os animais, a natureza e toda realidade que existe no universo (cf. Gn 1, 22ss). Benção é considerada como uma manifestação da força divina e que passa de pai para filho, pela palavra transmitida e mesmo pelo gesto das mãos. Olhemos para Jesus em chamar para si as crianças e as abençoar (cf. Mc 6, 41).
É por aí que devemos olhar para São Bento. Ele nasceu em Úmbria, na Itália (480-547). Estudou na cidade eterna e tornou-se uma figura humana extraordinária, que marcou e influenciou em profundidade os destinos da humanidade, ao escolher o Senhor por sua herança e sua taça, consciente de que lhe coube por sorte uma boa parte; sim, o mais belo e o que há mais maravilhoso, a eternidade (cf. 15, 5).
Bento vai para a gruta de Subiaco, reunindo um grupo de fiéis seguidores, com o desejo viverem a partir do Evangelho, fazendo uma rica experiência do amor de Deus, indo mais tarde para o Monte Cassino. Não existia até então na Europa, ao contrário do Oriente, instituições com uma força mística dessa natureza. São Bento sentiu-se inspirado e motivado para a contemplação e o tempo de solidão naquele lugar apropriado e sagrado, Subiaco, foi preciosíssimo e fundamental no seu projeto de vida, à luz da Palavra de Deus.
São Bento deixou para trás sua casa, seus bens e sua família, com uma única vontade: experimentar e fazer a vontade de Deus, buscando um estilo de vida e de santidade, pela oração e pelo trabalho, que escolheu como lema: “ora et labora”, tornando-se um cristão por excelência, na compreensão da Palavra de Deus, convicto de que a mesma tinha que ser vivida em profundidade na comunidade.
O Monte Cassino foi o local sagrado e de fato próximo da glória de Deus. Lá construiu o histórico mosteiro e escreveu a sua regra de vida, difundida em muitos países da Europa, valendo o título de patriarca do monaquismo do Ocidente. “O Deus, que fizestes o abade São Bento preclaro mestre na escola do vosso serviço, concedei que, nada preferindo ao vosso amor, corramos de coração dilatado no caminho dos vossos mandamentos” (Missal Romano, p. 616).
No cume de um lugar santo e abençoado, lugar de Deus (cf. Mt 5, 1ss), edificou o Mosteiro, considerado um centro de irradiação da vida monástica, na contemplação, na oração e na meditação, realizou o sonho ideal da vida consagrada, vivendo em comunidade a Palavra de Deus, sob o comando de um mestre espiritual, o abade. Esse jeito de viver cresceu de tal modo, que duzentos anos mais tarde, a regra São Bento vigorava em toda a Europa, eliminando praticamente todas as demais formas de vida consagrada.
São Bento foi e continua sendo uma benção e um patrimônio para todos nós cristãos. Que ele nos inspire, na nossa realidade atual, com seus desafios e suas exigências, a vida cristã, com equilíbrio, conscientes de que somos chamados, através do trabalho e da contemplação da Palavra de Deus, a encontrar Jesus, nosso Mestre. Numa palavra, colocar na nossa mente e no nosso coração o lema de Bento de Núrsia: – “ora et labora”.
Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza.
Fonte: Espiritualidade O Povo, de 31/08/2014. Espiritualidade. p.16.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

IMPRENSA AMORDAÇADA

Por Ricardo Alcântara (*)

A justiça no Brasil enfrenta um sério adversário: os juízes de primeira instância, vulneráveis a pressões e assédios de toda sorte. O problema é mais grave quando suas decisões solapam preceitos constitucionais, como, por exemplo, a liberdade de expressão.
A edição recente da revista Isto É saiu de circulação por ordem, vejam só, de uma juíza da Vara da Família (é quem estava de plantão) porque trazia a informação de que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa havia citado o governador do Ceará no seu depoimento.
A juíza impediu que a revista, segundo ela, “veicule fatos desabonadores a Cid Gomes”. Isto É não cometeu aquele “crime”, se o é, por si. A revista não acusou o governador de nada! Apenas registrou uma informação: ele houvera sido citado no depoimento do réu.
Citado, qualquer cidadão pode ser a qualquer momento em algum depoimento em juízo. O julgo de responsabilidade, porém, só principia com a apresentação de indícios. Citados, vários outros governadores foram, inclusive o falecido Eduardo Campos, de Pernambuco.
Eles integram uma longa lista, oferecida pelo ex-diretor em regime de “delação premiada”, como agentes públicos que teriam recebido, segundo a versão pessoal de um réu confesso, favorecimento financeiro como partícipes de uma rede de tráfico de influência. Ele diz.
Não só estes. Figura de maior expressão, Lula também foi citado: segundo Paulo Roberto, eram frequentes seus encontros com o ex-presidente para tratar do esquema e, até agora, Lula não cogitou de se submeter ao desgaste, maior, de cercear a liberdade de imprensa.
Importante ainda destacar que, antes de publicar a matéria, Isto É quis ouvir o governador, a quem dirigiu duas perguntas esclarecedoras: se ele confirmava as relações com o réu e se o diretório partidário liderado por ele recebeu recursos do esquema noticiado.
A juíza, uma plantonista, acatou argumento de que as informações não deveriam ser divulgadas, pois fornecidas em “segredo de justiça”, decisão contrária ao que já fora firmado pelo próprio Supremo Tribunal Federal: segredo de justiça não alcança a imprensa.
A reação de Cid Gomes lhe trouxe quatro problemas que ele não tinha: o primeiro é que cercear a liberdade de expressão é uma atitude simbolicamente estigmatizada numa sociedade que guarda péssimas lembranças de duas décadas e meia sob um regime de terror.
É de efeito ainda mais incerto no curso de um período eleitoral, quando os adversários estão mobilizados para provocar desgastes. E pior: seu candidato, do PT, fundado e dirigido por vítimas da ditadura militar, herda um legado de tolerância que deve ser observado.
Em segundo lugar, Cid apenas conseguiu jogar ainda mais luzes sobre uma denúncia que poderia relativizar, por exemplo, emitindo uma nota que descredenciasse o apreço à verdade de seu acusador a partir de sua própria condição moralmente desfavorável: é réu!
Três: Ao tentar calar a denúncia de modo autoritário, incorreu na tola ilusão de que com isso encerraria o caso, quando, de fato, deu a ele um potencial de multiplicação ainda maior, argumento facilmente comprovado pela própria existência deste artigo que escrevo.
Por fim, colocou-se na prontidão rígida do pânico, mais próprio a quem teme ver reveladas verdades inconvenientes do que àqueles que, inocentes de fato, costumam reagir com a maior serenidade de quem se sente seguro de suas salvaguardas de defesa.
Cid Gomes iniciou seu mandato com um escândalo de ampla divulgação na imprensa nacional: o voo de férias em jato particular ao lado da sogra, entre outros. E vai terminar com outra notícia desabonadora na grande mídia: como um ditadorzinho do semiárido.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Defesa de Dissertação em Saúde Coletiva (UECE) de Elzo Pereira Pinto Junior

Flagrante da banca com o mestrando, logo após a defesa de dissertação do fisioterapeuta Elzo Pereira Pinto Junior. Elzo está ladeado pelos professores Marcelo Gurgel Carlos da Silva e Thereza Maria Magalhães Moreira, à esquerda, e por Kelly Leite Maia de Messias, à direita.
(Foto cedida por Thaís Brasil).
Elzo Pereira Pinto Junior e Marcelo Gurgel Carlos da Silva.
(Foto cedida por Thaís Brasil).
Aconteceu na manhã de ontem (16/9/14), na Universidade Estadual do Ceará, a defesa de Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPSAC) da UECE.
A banca examinadora, composta pelos Profs. Drs. Marcelo Gurgel Carlos da Silva, Kelly Leite Maia de Messias e Thereza Maria Magalhães Moreira, aprovou a Dissertação “INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM MENORES DE CINCO ANOS E EXPANSÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NA BAHIA: um estudo ecológico com dados em painel”, apresentada pelo mestrando e nosso orientado ELZO PEREIRA PINTO JUNIOR.
Com essa conclusão, completamos 39 (trinta e nove) orientados de mestrado.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor do PPSAC-UECE

 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

GILMÁRIO MOURÃO TEIXEIRA: tisiologista de renome internacional


Gilmário Mourão Teixeira nasceu em 25 de dezembro de 1919, em Jaguaribe-CE.
Cursou o Seriado em Fortaleza, no Liceu do Ceará, de 1936 a 1940; depois, foi para Recife-PE, onde estudou o Propedêutico Pré-médico, em 1941 e 1942.
Fez a graduação em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Recife (a atual Universidade Federal de Pernambuco-UFPE), de 1943 a 1948. Tornou-se Doutor em Medicina, pela UFPE, em virtude da obtenção da Livre-Docência em Tisiologia, em 1956. Complementou a sua pós-graduação, com cursos e estágios de aperfeiçoamento médico realizados principalmente no exterior.
Ingressou no magistério superior, em 1950, em Fortaleza, como professor da Faculdade de Medicina do Ceará e da Escola de Serviço Social do Ceará. Em 1951, entrou como docente da Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo.
Com a instalação da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1954, foi enquadrado como professor catedrático de Patologia Geral da Faculdade de Medicina (FMUFC), passando depois a professor de Tisiologia, no Departamento de Medicina Preventiva da FMUFC. Na UFC, ocupou ainda as seguintes funções: membro do Conselho Universitário; diretor e professor do Curso de Especialização em Pneumologia; chefe do Departamento de Medicina Preventiva; membro do Conselho Departamental da FMUFC.
Como médico tisiologista, Gilmário Mourão Teixeira exerceu cargos e funções diretivas em organismos nacionais, engajados no combate à tuberculose.
De grande relevo foram os cargos e funções exercidos por esse tisiologista brasileiro em organismos internacionais, valendo destacar os desenvolvidos no âmbito da Organização Pan-americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS), junto aos Ministérios da Saúde de vários países americanos.
Gilmário Mourão Teixeira foi, ou tem sido, ativo participante de diversas sociedades médicas, nacionais e internacionais. Foi intensa a sua participação oficial em congressos e seminários realizados no Brasil e no estrangeiro, com mais de uma centena de apresentações, como expositor convidado.
Paralelamente às suas atividades de professor, médico e consultor, cuidou da sua produção intelectual, tendo seu nome inserido em quatro livros: “A cura aberta da caverna tuberculosa do pulmão”, “Control de Tuberculosis en América Latina”; “Controle da Tuberculose” e “Tuberculose – Guia de Vigilância Epidemiológica.
Sua produção científica é sobretudo marcada por agregar conhecimentos científicos à prática médica e sanitária, resultando em mais de trinta publicações, além de 32 editoriais relacionados à luta contra a tuberculose no Brasil.
Como reconhecimento de sua competência técnica e do seu profícuo labor, foi alvo de muitas distinções e honrarias.
È membro honorário da Academia Cearense de Medicina, empossado em 12 de maio de 2006, o qual, por sua constante presença nos eventos acadêmicos, dignifica o sodalício.
Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina – Cad. 18

* Publicado In: Jornal do médico em revista, 10(57): 9, julho-agosto de 2014. (Revista Médica Independente do Ceará).

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

PERGUNTAR SERÁ PECADO?

 Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta

De quando em vez surpreendo-me com coisas que já sei. Desta vez foi com a pesquisa de julho de 2010 do Tribunal Eleitoral sobre o nível da escolaridade do eleitor brasileiro. Se não, vejamos: de um total de 135,8 milhões de votantes, 5,9% são analfabetos, 35% informaram saber ler e escrever, mas a maioria não concluiu o primeiro grau escolar, o que significa que não frequentaram escola e provavelmente não sabem interpretar textos.
Apesar de concordar com a ideia de que o processo democrático é algo dinâmico e em constante aperfeiçoamento, enquanto os regimes ditatoriais são estáticos e donos de uma verdade que é a do ditador, acredito no que ensina o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920): "A Democracia é a melhor forma de governo, porém possui o seu calcanhar de Aquiles. É o seu colégio eleitoral".

Continuo.
O voto de curral era a expressão empregada para designar o sistema eleitoral onde a eleição era manipulada pelos Coronéis, figuras que detinham o poder social e político em diversas regiões do País. Não importando a forma de governo central, Brasil Colonial, Império ou República, quem mandava e desmandava eram esses pequenos caudilhos. O seu poder assemelhava-se ao feudo medieval, mas em lugar de fossos e muralhas havia cercas de arame farpado para guardar seus eleitores de cabresto...

Com o advento da TV e da eletrônica pensei que muita coisa iria mudar. Mudou sim, mais muito pouco. Nas grandes cidades - ou na maioria delas - quem manda são os donos da Mídia, principalmente os donos das cadeias de TV. De um povo cuja cultura vem das novelas, dos programas de baixo nível, desestruturado, analfabeto, o que se poderá esperar como resultado eleitoral?
Olhando de determinado ângulo este tal progresso tecnológico, tenho cá minhas duvidas. Quem sabe com esses esclarecimentos, venhamos a fazer escolhas piores do que as que fazíamos antes. Não há mais barreira física contra a informação: onda de rádio, sinal de televisão ou onde despontam os sinais da Internet com a sua democratização da informação.

A informação penetra em todos os lugares e lares. Esboroaram-se os castelos dos nossos antigos coronéis. E tem mais, pelo andar da carruagem, a cerca do curral e os poderes dos coronéis estão ultrapassados, mas não deixam de existir - subliminarmente. Agora o céu é o limite. Ou dizendo de outra maneira: continuamos cercados pelos arames farpados do analfabetismo, agora intoxicados pelos marqueteiros eleitoreiros com suas mídias sociais.
Sem Educação e Ensino não haverá tecnologia que seja capaz de fazer avançar a Democracia Brasileira. Ficamos no mesmo coronelismo, agora apenas camuflado. Que importa se a urna é eletrônica, quando a massa eleitoral não tem escola para aprender ou se esclarecer? Se a cabeça do votante continua desinformada e agora mais confusa.

Para concluir, vou confessar uma coisa (sem saudosismo piegas). No tempo dos coronéis era tudo mais simples e havia um folclore mais engraçado. Costumo dizer: sem humor, do que vale viver? Havia todo um folclore envolvido, cujo centro era, na maioria das vezes, o chefe político ou o dito coronel. O voto era passado das mãos do coronel para o eleitor em cédula dobrada e quando o pobre do eleitor queria ver o nome em que ia votar, o chefe, o capataz ou o cabo eleitoral ou qualquer coisa que o valha gritava: "Pra que olhar primeiro se você nem sabe ler e depois o voto é secreto. Você não sabe disso? Seu idiota! Quer ir pro xilindró? Olha o meganha aí para te prender..."
Agora tudo mudou, graças a tal da(s) cestas(s) básica (s)???
Tenho minhas dúvidas!

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
 

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