domingo, 17 de maio de 2009

A FARRA HONORÍFICA DE FORTALEZA

O jornalista Fábio Campos dedicou a sua coluna “Política”, de O Povo, em 27/06/07, para tratar da profusão de medalhas que existem e são habilitadas para concessão, no âmbito da Câmara Municipal de Fortaleza (CMF). Segundo o colunista, um levantamento sobre tais medalhas e honrarias, feito por Papito Oliveira, então Assessor Parlamentar, com a louvável intenção de elaborar um projeto de resolução que findasse com a "farra das medalhas", colheu uma vexatória situação.
Foram identificadas, em setembro de 1999, trinta e duas modalidades de honrarias que poderiam ser conferidas pela Câmara, por iniciativa própria, ou de atendimento a alguma proposição da Prefeitura de Fortaleza. A diversidade era tanta que, na mesma raia ou com idêntico pretexto, havia até indigesta sobreposição no variado “menu” de medalhas, para todos os sabores: municipalista, educação, saúde, turismo, esportes etc.
De todas as comendas, sem dúvida alguma, a de maior apelo é a do Boticário Ferreira, destinada, em tese, aos que prestaram "relevantes serviços” a Fortaleza, sendo a mais fartamente distribuída a qualquer um, desde que caia nas graças de um edil da CMF.
As contundentes denúncias publicadas na mídia local, quanto a esse descalabro suscitaram à proposta da sua moralização numérica, mas não qualitativa, restringindo a uma concessão, para cada vereador, por ano de mandato, o que redundaria em 164 medalhas do Boticário, por legislatura, sem contar as habilitações de eventuais suplentes, como potenciais proponentes.
Aliás, já houve até quem sugerisse à CMF firmar uma parceria com afamada marca de perfumes, incluindo o galardão nos “kits” promocionais da perfumaria, o que traria a vantagem de ser também uma medalha de agradável aroma.
Agora, para celebrar os dez anos do levantamento retro-aludido, seria de bom alvitre que a mesa diretora da CMF fizesse um “upgrade” das comendas municipais existentes e tornasse de conhecimento público a relação dos beneficiados e dos seus correspondentes propositores, no último decênio, salvaguardando, assim, os interesses dos contribuintes fortalezenses, que rogam por zelo maior na aplicação dos recursos advindos de seus surrupiados bolsos.

Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza

* Publicado in: Jornal O Povo, 17/05/09 Fato Médico. p.8.

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