Quando o Instituto do Câncer do Ceará (ICC) foi criado, em 1944, ter câncer valia como uma sentença de morte. As pessoas com mais posses, acometidas pela doença, buscavam tratamento no eixo Rio/São Paulo. Os menos afortunados, e que constituíam a maioria, ficavam no Ceará, recorrendo à Santa Casa de Misericórdia, onde o Instituto do Câncer fazia seus atendimentos. Antes de chegar ao prédio em que se encontra, o ICC teve outros endereços. Passou pela Praça José de Alencar (Faculdade de Medicina) e ocupou espaço no Hospital das Clínicas, no bairro Rodolfo Teófilo.
O mito de que tratamento bom para câncer, era fora do Ceará, foi sendo desfeito, à medida que novas formas terapêuticas, destinadas a combater o câncer, iam sendo agregadas à Instituição. O certo é que o ICC cresceu tanto, que chegou a hora em que já não era mais possível atender às pessoas, apenas ambulatorialmente. A situação se agravava, principalmente quando havia necessidade de cirurgia e não tinha para onde encaminhar os doentes com câncer.
Essa situação prolongou-se por muito tempo, a despeito de o ICC buscar, de todas as maneiras, assegurar ao doente um tratamento à altura das suas necessidades, obviamente que dentro dos limites da Instituição. Primeiro, foi a vez da radioterapia. Depois, veio a quimioterapia. Essa história foi se arrastando, pontuada aqui e ali pela aquisição e/ou doação de um novo aparelho, sempre a se depender da boa vontade dos benfeitores e mesmo de alguns gestores públicos.
Em 1995, 51 anos depois da criação do ICC, o Dr. Haroldo Juaçaba, então presidente do ICC, resolveu dar a largada para a construção do Hospital do Câncer. Mais quatro anos, e ele era entregue à população. De lá para cá, cresceram os atendimentos numa velocidade jamais imaginada. Chega-se agora a 2009 e aí está o Hospital do Câncer, que há pouco tomou o nome do Prof. Haroldo Juaçaba.
O desenho do atual ICC é moderno e eficiente. O seu planejamento estratégico, elaborado por uma consultoria qualificada, com suporte do pessoal do ICC, estabelece metas de crescimento para os próximos anos. A nova estrutura administrativa tornou a instituição mais enxuta e com melhor definição das suas responsabilidades. O organograma atual do ICC dá visibilidade para que se faça uma leitura da missão institucional, através das unidades estruturantes criadas, para viabilizá-la. Em primeira linha, estão o Hospital do Câncer, unidade operacional, com grau de excelência; a Escola Cearense de Oncologia, incumbida de formar pessoal qualificado para atuar na área oncológica; e a Rede Feminina, onde pulsa, com mais vigor, o coração do ICC, pelas ações solidárias que fazem parte do seu cotidiano. Como unidades de sustentação, encontram-se a Diretoria Corporativa de Negócios, a Diretoria de Suporte Corporativo e a Diretoria de Responsabilidade Social.
À luz da história, o que mais pode ser dito do Instituto do Câncer do Ceará, completando nesse 25 de novembro de 2009, 65 anos de brilhante atuação, é que para a entidade crescer, da forma como cresceu, foi fundamental o pulso forte dos seus dois primeiros presidentes – Waldemar de Alcântara (1944-1990) e Haroldo Juaçaba (1991-2009), os quais souberam aliar competência, bom senso e espírito humanitário, para tornar a Instituição aniversariante a melhor referência no tratamento do câncer, no Estado do Ceará e até nas regiões Norte-Nordeste.
Atualmente, a entidade é presidida pelo Dr. Lúcio Alcântara que, por sinal, já ocupou a vice-presidência do ICC, e que há cerca de 10 anos vinha sendo mantido como presidente, em exercício da instituição; à frente da Diretoria Geral do Instituto está o Dr. Sérgio Juaçaba.
Os anos vindouros prometem outras grandes realizações, como é o caso da construção da Casa Vida, para abrigar um número cada vez maior de doentes pobres, vindos do interior, para tratamento no Hospital do Câncer; tem-se mais em vista, a viabilização de um projeto de engenharia, cuja finalidade é erguer um prédio de 12 andares, para atendimento ao paciente do SUS. Metas físicas traçadas deverão ser cumpridas, ampliando-se, no Estado, os números de atendimentos, balizados pelos mais modernos recursos que a cancerologia oferece.
O mais importante, em tudo isso, é a valorização do capital humano, posto à disposição do paciente com câncer, pelo ICC, tal como o respeito que a Instituição devota a essa sua clientela, na medida em que coloca, ao seu dispor, todo um aparato médico/tecnológico capaz de derrubar o mito de que “câncer não tem cura”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa do ICC
* Publicado in: Jornal O Povo. Fortaleza, 22 de novembro de 2009. Caderno A (Opinião). p.7.
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