sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A FISIOLOGIA DO PINHEIRO X A BIOQUÍMICA DO RAMOS

Por volta de 1955, no Instituto Evandro Chagas da Faculdade de Medicina, da recém-inaugurada UFC, o Prof. João Ramos estava ministrando uma aula da sua cadeira de Bioquímica aos acadêmicos do segundo ano, quando foi interrompido pelo seu dileto amigo Prof. Aloísio Pinheiro, o catedrático de Fisiologia, que, pondo a cabeça junto à porta, saudou-o:
– Bom dia, Prof. João Ramos.
– Muito bom dia, Prof. Aloísio – secundou o colega, sinalizando para que o outro entrasse.
O Prof. Aloísio Pinheiro atendeu ao convite e direcionou à turma um sonoro:
– Bom dia, caros alunos.
– Bom dia, professor – responderam, em uníssono, os discentes.
O Prof. Aloísio, que costumava provocar o mestre João Ramos em reuniões reservadas, no tocante aos seus respectivos setores de estudo, quis tornar pública a “rivalidade” de conteúdo, dizendo:
– Professor João Ramos quando é que o senhor vai se convencer de que a Bioquímica que você leciona não passa de um capítulo da Fisiologia?
A resposta não se fez por esperar, com aquele que se tornaria um intrépido bombardeador de nuvens e abnegado fazedor de chuvas, o Prof. João Ramos, que de pronto, retrucou:
– Sim, já me convenci, é um capítulo da Fisiologia – e arrematou – aliás, o único.
O alunado caiu na gargalhada, enquanto o Prof. Aloísio Pinheiro bateu em retirada. Depois disso, os docentes continuaram grandes amigos e a rixa científica entre eles desapareceu.

* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.166.

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