terça-feira, 1 de junho de 2010

UM ANO SEM O DR. HAROLDO JUAÇABA


Há precisamente um ano, em 01.06.2009, familiares, colegas e amigos do Dr. Haroldo Gondim Juaçaba estavam indo deixá-lo na sua derradeira morada. Encerrava-se ali um capítulo, o último por sinal, da história de vida do pranteado extinto. A partir de então, sucederam-se as homenagens póstumas à sua pessoa, tão rica de virtudes, enquanto permaneceu vivo.
Muito embora nunca tenha sido um político militante, o Dr. Haroldo fez política no seu cotidiano, quando cuidou dos interesses da coletividade e quando revelou incrível habilidade no trato das relações humanas. Não sem razão, ele foi alvo, portanto, de honrarias na Câmara Municipal, na Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional. Seu nome virou uma legenda e está inscrito nos anais dessas Casas do Povo.
Na Universidade Federal do Ceará (UFC), onde pontificou como um dos mais renomados professores, titular da disciplina de Cirurgia da Faculdade de Medicina, o Dr. Haroldo foi lembrado como o mestre de muitas gerações, aquele que exercia o seu ofício como médico do corpo e da alma, seguindo, fielmente, os preceitos deixados por São Lucas.
Nas entidades associativistas de que tomou parte, como membro atuante, o Dr. Haroldo recebeu seguidas homenagens, enaltecendo a sua valorosa cooperação. Um exemplo disso está na forma como a Academia Cearense de Medicina rendeu-lhe um preito de gratidão, pela dignidade conferida àquele sodalício, quando se fez patrono da cadeira de Nº 57.
Na sociedade, a perda do Dr. Haroldo foi muito lamentada, não só por ter sido ele um “gentleman”, da melhor espécie, mas porque as rodas sociais de que participava ficaram menos ricas, sem o contributo da sua invejável cultura.
Na família, particularmente, a última viagem do Dr. Haroldo soou como a queda do baobá, a gigantesca árvore que acumula reservas de água incalculáveis, nunca se deixando abater, por mais dificuldade que trouxesse a estação. Com toda a certeza, quem mais sentiu pesar, diante desse doloroso transe, foi a sua companheira de mais de 60 anos, Heloísa Juaçaba, musa inspiradora, eterna namorada, mãe dos seus cinco filhos, uma figura exemplarmente solar que iluminou todos os seus dias, até que a indesejada das gentes viesse arrancá-lo dos seus braços.
No Instituto do Câncer do Ceará, onde permaneceu como Vice-Presidente, de 1944 a 1990 e como Presidente, de 1990 a 2009, o Dr. Haroldo Juaçaba deixou perpetuada uma marca de seriedade, de honradez, de compromisso com o trabalho em favor dos doentes, especialmente os mais pobres, não tendo sido menores os seus esforços para pavimentar a instituição que criou e que ajudou a crescer, com camadas de material humano, científico e tecnológico, capaz de fazê-la resistente ao tempo e apta às inovações.
De todas as manifestações havidas em louvor à grandeza desse grande homem, a mais justa talvez tenha sido a de dar o nome Hospital do Câncer Haroldo Juaçaba ao complexo hospitalar que ele, movido por um espírito de determinação incomum, resolveu implantar, em meados de 1995, dando início à construção da parte física, seguida da sua aparelhagem, até novembro de 1999, quando se deu a sua inauguração.
Decorrido, nesta data, um ano da passagem do Dr. Haroldo para o outro lado do mistério, o mínimo que se pode dizer é que ele, em vida, conseguiu passar para outros, como verdade insofismável, a senha cunhada pelo também médico Bezerra de Menezes: “sem a caridade, não há salvação”.


Elsie Studart Gurgel de Oliveira


Nota: A Missa de um ano de falecimento ocorrerá hoje (01/06/10), às 18h30, na Igreja de São Pedro (Rua Almirante Barroso, 1.011 - Praia de Iracema).

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