quinta-feira, 26 de maio de 2011

O BRASIL ANEDÓTICO XXVIII

MARTINHO DE CAMPOS, PROFETA
Taunay - "Reminiscências", vol. I, pág. 156.
Em uma das últimas sessões de 1872, Martinho de Campos estava na tribuna, quando lhe deram um aparte. Perdendo a serenidade, de que raro se afastava, não se conteve. E bradou:
- Fique certo o sr. D. Pedro II, que não se fechou a barra por onde saiu o senhor seu pai!
A SOBERBA DO POETA
Oliveira Lima - "O Jornal", 5 de dezembro de 1925
Um dos maiores desejos de Pedro II era conhecer pessoalmente Victor Hugo, então no esplendor da notoriedade e da glória. Ao chegar a Paris em 1877, procurou fazer sentir ao poeta o prazer que sentiria se recebesse a sua visita.
O antigo solitário de Guernesey era, porém, soberbo até à inconveniência.
- Eu não visito imperadores, - respondeu.
Pedro II, ao ter notícia da resposta, sorriu.
- Não faz mal, - disse. - Eu procurarei conhecê-lo.
E generoso:
- Victor Hugo tem sobre mim o triste privilégio da idade e também a superioridade do gênio. Far-lhe-ei, eu, portanto, a primeira visita.
UM MESTRE DE POLIDEZ
Alfredo Pujol - "Machado de Assis", pág. 53.
Estava Machado de Assis na sua mesa de diretor de seção na antiga Secretaria da Indústria, quando foi procurado por um cavalheiro, interessado no despacho de certo papel. Machado declarou-se contrário à sua pretensão, mas o sujeito insistiu, querendo convencê-lo, e declarando que não se conformava com aquela solução. O despacho tinha que ser favorável.
- Nesse caso... fez o romancista, pondo-se de pé.
E indicando ao desconhecido a cadeira de que acabava de levantar-se:
- O senhor diretor não quer sentar-se, para lavrar o parecer?
O DEDO DE RIO-BRANCO
Taunay - "Reminiscências", vol. I, pág.15.
O Visconde do Rio-Branco, quando orava, estendia com freqüência, ora o braço direito, ora o esquerdo, puxando de vez em quando os punhos, ou então levantava no ar o dedo indicador da mão direita fechada. Esse hábito deu ensejo a um verso de Joaquim Serra, que exclamava:
"Embainha, ó Rio-Branco, esse teu dedo!"
O próprio Visconde comentava, às vezes, com espírito, esse seu gesto, explicando
- Quando a idéia, não vale por si para ir bastante alto, suspendo-a na ponta do dedo!
Esse movimento, que era peculiar ao grande tribuno da lei de 28 de setembro, tornou-se famoso no tempo. Certo dia, perguntou o Imperador ao Marquês de Abrantes que tal achava Rio-Branco.
E com entusiasmo:
- Quando ele não pode alcançar a nota que tem de dar, fisga-a na ponta do dedo, e mostra-a ao público!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)

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