quinta-feira, 1 de novembro de 2012

USP: VINTE ANOS DEPOIS

Em 5 de dezembro de 1990, em São Paulo, fomos submetidos à defesa de tese de doutorado em Saúde Pública na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), tendo recebido, na ocasião, nota máxima de quatro dos cinco examinadores, e merecido fartos elogios dos integrantes da banca, com a recomendação de converter a tese em livro, o que foi feito, posteriormente.
Com essa defesa, encerramos o ciclo de formação pós-graduada na USP, que fora precedido pela Especialização e pelo Mestrado em Saúde Pública, nessa mesma instituição, tendo sido um privilegiado por ter sido orientado pelo Prof. Dr. Ruy Laurenti, que viria a ser guindado ao cargo de Reitor da USP, com quem preservamos uma sólida e fraternal amizade.
Não houve, de todo, a ruptura do cordão umbilical que nos prendia à USP, porquanto a ela voltamos, diversas vezes, para participar de cursos, reuniões e bancas examinadoras de doutorado, demonstrando que um bom filho à casa retorna, fazendo isso sempre com incontida satisfação.
Em consonância com o nosso desempenho na pós-graduação, não nos faltaram, à época, convites para ingresso no quadro docente da FSP/USP, para que ali fizéssemos a nossa carreira acadêmica, de professor e pesquisador. Em que pese a honrosa posição de integrar o magistério da maior e mais acreditada universidade brasileira, declinamos das ofertas, mercê das razões afetivas conectadas às raízes cearenses e do tácito reconhecimento de que poderíamos ser de maior valia ao nosso torrão alencarino.
Agora, decorridos vinte anos do doutoramento, é hora de prestarmos contas do que fizemos, a fim de atestarmos o acerto da decisão tomada, quando optamos por exercer as atividades docentes e profissionais na Terra da Luz. Com efeito, as cifras são, por si, exuberantes, uma vez que, dos mais de dois mil e quinhentos títulos de nosso curriculum vitae, cerca de 76% foram incorporados após o doutorado.
Nossas atividades foram concentradas no âmbito do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece); mas, houve também incursões em prol de outras tantas instituições locais, de natureza pública ou privada, e entidades de caráter social, profissional ou religioso.
Duas das mais marcantes missões, cumpridas por nós, na Uece, foram as seguintes: presidimos não só a comissão, que elaborou o projeto e implantou o Mestrado em Saúde Pública, cuja coordenação ficou conosco durante seis anos, mas, também, presidir a comissão responsável pelas criação e implantação do Curso de Medicina, colocada sob nossa direção por cinco anos.
Um componente importante de nossa atuação foi a formação de recursos humanos em saúde, notadamente a de especialistas no campo da Saúde Pública, já que, nesses últimos vinte anos, organizamos e coordenamos 21 cursos, ministramos 50 disciplinas e orientamos 20 monografias de conclusão de curso de especialização, concorrendo para a inserção de mais de mil sanitaristas, no âmbito estadual e até nacional. No que concerne à formação de pós-graduandos stricto senso, ministramos 44 disciplinas e orientamos 29 dissertações de mestrado; em andamento, encontram-se, sob nossa orientação, quatro mestrandos e seis doutorandos.
A nossa produção intelectual, apenas das duas décadas mais recentes, a conferir em nosso curriculum vitae da Plataforma Lattes do CNpq, exibe os seguintes números: livros (52), capítulos de livros (44), artigos em periódicos científicos (54) e temas livres apresentados em eventos científicos (120). Como pesquisador, conduzimos mais de trinta pesquisas, a maioria delas financiadas por instituições de fomento à pesquisa, das quais resultaram artigos científicos, capítulos, livros, relatórios técnicos etc.; oferecemos, ainda, relevante contribuição à formação de pessoal de pesquisas, em função das bolsas auferidas nesses projetos.
Claro está que a exposição dos feitos acima, longe de se caracterizar com uma vaidade das vaidades, ou de ser um vitupério, deixa patente o componente “workaholic”, que faz parte de nossa personalidade, além de servir de lastro ao compromisso de garantir um retorno social ao capital despendido em nossa formação educacional, tanto pessoal como público (UFC, USP, SESA, Uece, ICC etc.), provando, assim, a certeza da opção do engajamento laboral na terra que nos serviu de berço.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular da Uece
* Publicado In: APESC Notícias, 12 (50): 4, outubro de 2012. (Órgão de divulgação da Associação dos Professores do Ensino Superior do Ceará).

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