quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Surpreenda os que perderam: assuma o comando

Por Ricardo Alcântara (*)
O prefeito Roberto Cláudio sabe: sua vitória eleitoral sobre Elmano de Freitas, apertada, aumentou ainda mais sua responsabilidade. O maior desafio será o de bem usar a força dos seus atos para unificar as expectativas de uma comunidade dividida.
Empossado, não poderá ser prefeito apenas da maioria matemática que lhe deu a vitória. Precisará de uma larga, autorizada maioria que lhe garanta suficiente estabilidade para contrariar aqui e ali parcelas dela sem comprometer o ânimo geral da comunidade.
A primeira pergunta que ele deveria fazer é: – Por que assim o fizeram os que não votaram em seu nome? A resposta é metade do caminho. Boa parte deles não morria de amores pela prefeita, nem foram tocados por nenhuma revelação carismática de seu adversário direto.
A constatação nos leva a outra pergunta: – Qual certeza o eleito não conseguiu incutir nessas pessoas? Simples: a certeza de que governaria no uso pleno da autoridade que elas estariam lhe conferindo. Pesou a possibilidade de ver o prefeito tutelado pelo governador.
Parte da cidade temeu, com certa razão, ver todos os ovos na mesma cesta. Claro, não se cogita que vá agora ignorar seus patrocinadores. Seria ingratidão. Nem responder com temerária má vontade aos compromissos que uma eleição caríssima como a dele impôs.
Mas o eleito não deveria se preocupar tanto com as expectativas dos que votaram nele, pois será mais fácil satisfazê-los. Seu sucesso depende muito mais da sua capacidade de reverter as expectativas dos que se refugiaram em outra escolha. Deveria surpreendê-los.
Como? Com um governo que tenha a sua cara. E quem dá ao governo a cara de seu governante é o perfil técnico, político e subjetivo de sua equipe. Digo isso porque corre na cidade um boato nefasto para a sua sorte, tão negativo que até parece coisa da oposição.
Diz-se que o secretário de governo do estado, Arialdo Pinho, estaria forçando a indicação de um filho dele para a Secretaria Municipal de Turismo. Pense uma escolha inconveniente. Digo, e repito, que o boato é nefasto sem nada ter contra o rapaz, que sequer conheço.
As razões são muitas e a nódoa do nepotismo é a menor delas. A indicação confirmaria o estado de tutela, dada a centralidade que o secretário ordena no governo. Mas isso poderia ser reparado pelo (tudo é possível) notável desempenho do garoto. Mas há outros males.
Arialdo, o operador, é alvo fácil dos jatos de lama que nele se atira por razões que ora declino de apontar. Acresça aí o inconveniente de ser ele um empresário com variados interesses no ramo em que o filho atuaria com força de mediação pública.
Em torno do prefeito, há suficiente tutano. Assim, de cabeça, eu poderia citar pelo menos uns cinco Alexandres Pereiras e outros cinco Aloísios Carvalhos entre os bons talentos públicos emergentes que com assiduidade frequentaram seu comitê de campanha.
A gestão só começará de fato quando a outra metade da cidade que não votou nele perceber que o Palácio do Bispo não será salão de despachos para os assuntos municipais de interesse do governo do estado. Antes disso, esqueça: a divisão permanecerá. Mas faço votos que não.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

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