quarta-feira, 22 de setembro de 2021

A VARIANTE DELTA E O FUTURO DA COVID-19

Por Lígía Kerr (*)

A vacinação contra a Covid-19 está crescendo no país, embora muito aquém do que vimos há 11 anos quando o país, único no mundo, vacinou 88 milhões de brasileiros em 3 meses contra o H1N1.

Após 6 meses do início da vacinação, temos cerca de 18% de brasileiros completamente vacinados. Não faltaram obstáculos impostos pelo governo federal na aquisição das vacinas.

Apesar dos percalços, resultados positivos podem ser vistos através da queda de casos e óbitos na maioria dos estados brasileiros, em especial no Ceará.

Estes resultados, provavelmente, são frutos tanto da vacinação, como também de medidas de distanciamento, uso de máscaras e fechamentos parciais ou quase totais em diferentes momentos da economia.

Entretanto, tudo indica que ainda não vencemos a pandemia. Temos que olhar o que está acontecendo no mundo, pois, sem dúvidas, pode afetar o Brasil.

Algumas experiências apontam para o que pode acontecer no futuro próximo. Os EUA, por exemplo, têm doses suficientes para vacinar mais de 2 vezes sua população e não conseguem passar dos cerca de 50% vacinados.

Fake News sobre as vacinas, atingindo especialmente apoiadores do ex-presidente Trump, e a desigualdade social, maior entre negros e latinos, praticamente paralisaram o avanço da vacinação neste país.

O governo liberou precocemente o uso de máscaras dentro e fora dos ambientes. Os casos de Covid-19 cresceram 70% em uma semana, as internações 36% e os óbitos 26%.

Mais de 50% dos casos são pela variante Delta. Este crescimento também foi ocorreu em outros países que abriram totalmente a economia e abandonaram o uso de máscaras, como Israel e Holanda.

Os aumentos predominam entre os não vacinados. Mas vacina não é um escudo com 100% de proteção e previnem melhor a internação grave e o óbito.

Com a variante Delta as vacinas têm reduzido a proteção contra a infecção pelo SARS-CoV-2. Assim, mesmo um indivíduo vacinado pode ter uma doença leve, mas estará transmitindo para outros.

Estamos atrasados. Pouco mais de 1% da população de países pobres está vacinada. O enfrentamento da Covid-19 requer ação conjunta e coordenada entre os países.

Enquanto houver países com explosões de casos, novas variantes podem ser gestadas e produzir um vírus que vença totalmente a proteção natural de quem já teve a infecção, ou a adquirida pela vacina.

A hora é de cuidado e de máscaras... sempre!

(*) Médica epidemiologista e professora da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/8/2021. Opinião. p.23.


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