Por Tales de Sá Cavalcante (*)
O saudoso e genial
educador cearense Lauro de Oliveira Lima contava que ensinara o seu
cachorro a falar. Curiosos iam a sua casa para ver o cão fenômeno. Ele pedia
várias vezes ao cachorro que lhes dissesse boa noite. Mas o animal permanecia
mudo. Lauro, então, saía-se com esta: "Ensinar eu ensinei. Mas foi ele que
não aprendeu."
Na web, Evaristo de
Miranda postou o seguinte texto, atribuído ao meteorologista Carlos Magno:
"Ao fugir da fome na Europa, em meados do século XIX, Herr Blumenau
recebeu duas orientações: rumar ao Brasil, onde já havia outros imigrantes
alemães, e tomar cuidado com os indígenas do Vale do Itajaí-Açu, 'muito
violentos'. Chegou em setembro de 1850, subiu o rio com cuidado.
Os indígenas habitavam
num platô. Ele se estabeleceu na margem oposta, com 17 companheiros e famílias.
Plantaram, colheram, sempre monitorando os indígenas. Passaram dois anos e
eles não atacaram [...] Herr resolveu visitar a tribo. [...] O cacique recebeu
aqueles brancos louros e altos. Blumenau sentiu-se acolhido, falou das
vicissitudes da Europa, das razões de migrar ao Brasil e do mau jeito de terem
se assentado em suas terras. Ficou espantado quando o cacique lhe disse:
'Aquelas terras não são nossas. São das águas'. A história daí em diante é
conhecida e lembrada quase regularmente, a cada 15 anos, no Vale do
Itajaí, como agora em Porto Alegre." Talvez seja esta mais uma dentre
outras lições que nos foram ensinadas pelos indígenas e nós não aprendemos.
A meu juízo, a mãe terra
enfrenta uma crise climática e, segundo Renata Cafardo, no Estadão, "os
que concordam com a tese são sempre maioria entre os jovens. Resta aos governos
investir neles; e só se faz isso com educação". Enchentes como a atual
podem ser causadas por anomalias meteorológicas raras, pela ação do ser humano
no meio ambiente ou pelos dois fatores. Quanto ao primeiro, resta-nos
tomar medidas preventivas, mas o segundo é de responsabilidade dos
habitantes do planeta. Que gaúchas e gaúchos, aliados a todos os brasileiros,
repitam como mantra a frase de Genuino Sales: "Uma coisa é o que eu faço,
outra coisa é o que nós fazemos."
(*) Reitor do FB UNI e
Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/05/24. Opinião, p.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário