quarta-feira, 19 de junho de 2024

O RIO GRANDE DO SUL E SUAS AGENDAS

Por Heitor Férrer (*)

O primeiro ministro Benjamin Natanyahu será lembrado pelo povo de Israel como o dirigente que não protegeu suas fronteiras e, por omissão, permitiu o ataque terrorista do Hamas dentro do território israelita, com milhares de judeus mortos. Natanyahu negligenciou, sabe de sua omissão e de sua condenação política e prolonga a guerra para manter-se no poder.

Antes do início da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, ouvi na rádio O POVO/CBN uma entrevista do governador Eduardo Leite, onde ele dizia que, "se as previsões de chuvas se concretizarem, será a maior tragédia climática no estado". Não deu outra: as previsões se concretizaram e o Rio Grande do Sul vive o pior drama de sua existência.

Eduardo Leite sabe de sua omissão, tergiversa e chegou ao absurdo de dizer que o estado, hoje completamente destruído, tinha outras agendas. Já não tem mais, governador. A agenda agora é a de um estado destruído e que precisará de R$ 200 bilhões para voltar a ser apenas o que já era, apenas para se erguer. No ranking dos estados brasileiros, o Rio Grande se situa como o 4º maior PIB do país, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Para termos ideia de valores, na peça orçamentária do estado em 2023, toda a arrecadação realizada para pagar todas as despesas de saúde, educação, segurança, investimento, etc. foi de R$ 70 bilhões. Com recursos próprios, o estado teria que parar todas as suas ações governamentais por três anos para se reconstruir. Com tragédia semelhante em 1941, de lá para cá, a agenda do estado teria que ter se concentrado na sua estruturação para evitar novas ocorrências. Pouco foi feito.

Diferente de Natanyahu, Eduardo Leite não quer que a guerra climática se prolongue; ele não cai ao término dela, não será punido por sua omissão. Sua culpa se dilui com os governadores passados, que foram tão omissos quanto ele e deixaram o estado a mercê dos eventos climáticos e da própria sorte

Como lição, nunca é demais lembrar o que o mundo diz sobre a Holanda, que tem grande parte de seu território, inclusive a capital Amsterdan, abaixo do nível do mar: Deus fez o mundo e os holandeses a Holanda.

(*) Médico e ex-Deputado estadual (Solidariedade).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/05/2024. Opinião. p.17.

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