segunda-feira, 27 de outubro de 2014

SANTA BERNADETE: a simples e humilde camponesa de Lourdes


Santa Bernadete, também conhecida como Santa Maria Bernadete e Santa Bernadete Soubirous, nasceu no moinho de Boly, perto de Lourdes, na França, em 7 de janeiro de 1844. Era a primogênita de Francisco Soubirous e Luise Castérot.
Seu pai era um pobre moleiro, que vivia em condições precárias. Para piorar a situação, a região, com a quebra das colheitas, passou a enfrentar uma grave crise financeira, deixando a família Soubirous endividada, o que a levou a perder a pequena propriedade. Por isso, expulsos de sua terra, os Soubirous se mudaram para Lourdes, em condição de miséria.
Em 1855, Bernadete foi vítima da cólera, sobrevivendo à doença, com a saúde comprometida, ainda sofria com os constantes episódios de crise de asma brônquica, para os quais não se contava com tratamento efetivo.
A infância de Bernadete foi uma longa noite de trevas, marcada por fome, privações, doenças, desprezo. Para ser uma boca a menos a alimentar, dos 12 aos 14 anos, ela trabalhou como empregada doméstica, e depois foi pastora de ovelhas, sem qualquer remuneração. Ela não pode frequentar a escola, permanecendo analfabeta até aos 14 anos, o que dificultou o aprendizado do Catecismo e a realização da Primeira Comunhão.
Em 11 de fevereiro de 1858, ela recebeu uma visão da Virgem, assim descrita: Bernadete, sua irmã Toinette e a amiga Baloume foram buscar lenha na gruta de Massevieille ou Massabielle (no dialeto local). Nesse dia, Bernadete viu uma mulher de branco, com um rosário na mão e um cinto brilhante. No instante dessa visão, Bernadete disse que ficou temerosa e começou a rezar o terço. Então seu coração se acalmou e ela teve serenidade para saber que realmente se tratava de uma aparição de Nossa Senhora.
A partir desse momento, Bernadete teve 18 aparições de Nossa Senhora, acontecidas entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858. Na aparição do dia 25 de fevereiro, Nossa Senhora determinou que Bernadete cavasse o chão na gruta Massabielle. No local que ela cavou, brotou uma fonte de água pura que jorra até os dias de hoje. Desse dia em diante, milhares de curas extraordinárias já aconteceram a enfermos que se banharam nas águas abençoadas da gruta de Lourdes.
Mais tarde, na 16ª aparição, essa mulher se revelaria ao mundo: Eu sou a Imaculada Conceição. Na verdade, Bernadete desconhecia o Dogma da Imaculada Conceição, proclamado pelo Papa Pio IX, em 1854, quatro anos antes das aparições em Lourdes.
Em uma das aparições, Nossa Senhora falou a Bernadete: Não prometo fazer-te feliz nesse mundo, mas sim no outro. E, com efeito, Bernadete foi submetida a incontáveis interrogatórios, dúvidas e questionamentos efetivados por autoridades eclesiais e por pessoas céticas ou incrédulas. Contudo, para surpresa e admiração de todos, Bernadete defendeu as aparições de Imaculada Conceição com plena força e inteira convicção, sem perder de vista suas caras virtudes: a simplicidade e a humildade.
Numerosos milagres aconteceram na gruta de Lourdes desde o tempo das aparições até os dias atuais. Santa Bernadete realizou muitos milagres em vida e mais ainda após a sua morte. Por causa dos milagres e das visões, a fama de Bernadete se disseminou e, de todas as partes, muitas pessoas vinham a sua procura.
Para escapar do assédio dessa gente, Bernadete, que tanto aspirava ser freira, refugiou-se em uma casa do Convento das Irmãs de Caridade em Nevers, Lourdes, onde ela recebeu aulas, aprendeu a ler e escrever, e, de próprio punho, fez o primeiro relato das aparições de Lourdes.
No convento de Saint Gildad, Bernadete sentiu ratificada sua vocação para a vida religiosa, iniciando seu noviciado em 1866, quando foi admitida na Ordem. Em 30 de outubro de 1867, fez a profissão religiosa nas Irmãs da Caridade de Nevers, na França.
Bernadete dedicou sua vida ao cuidado dos necessitados, como enfermeira, pois, desse modo, ela se sentia realizada, podendo demonstrar o amor de Deus aos doentes e aos indigentes, dando-lhes alento, conforto e esperança. Assim viveu até sua morte.
Santa Bernadete, portadora de tuberculose, sofria de uma doença que a deixou inteiramente paralisada em seus últimos anos de vida. Ela faleceu, enquanto orava a Virgem Maria, em 16 de abril de 1879, estando totalmente imobilizada na cama.
Os milagres atribuídos à intercessão de Bernadete foram estudados e confirmados pela Igreja. Assim, em 8 de dezembro de 1933, festa da Imaculada Conceição, o Papa Pio XI celebrou a canonização de Santa Bernadete de Lourdes. A santidade de Bernadete foi reafirmada durante sua permanência no convento, visto que muitos testemunhavam o amor, a fé, a perseverança e o carinho que ela demonstrava para com todos.
Hoje, mais de um século após sua morte, o corpo de Maria Bernadete permanece incorruptível, continua intacto, estando exposto em uma redoma de vidro, na Igreja do Convento de Saint Gildard de Nevers. Por isso, o povo passou a denominá-la de Santa Dormente, pois, em seu leito de morte, parece que ela está apenas dormindo.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas

* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 10(86): 3-4, setembro de 2014.

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