terça-feira, 31 de janeiro de 2017

ANEDOTAS DO QUINTINO III


Quintino Cunha era um notável poeta. Ficou famoso por motivos menos nobres é verdade, mas não menos interessantes. As suas respostas ferinas às provocações, as suas atuações como advogado dos oprimidos e a sua inteligência invejável e invejada, fizeram dele um mito. Muitas histórias surgiram e foram atribuídas ao Quintino. Nem todas são verídicas, mas a maioria tem registro. Aqui estão algumas das mais curiosas e também as suas melhores poesias. Esta seção pretende fazer justiça ao mérito de Quintino como poeta, já que, como repentista, é incontestável. Além disso, visa preencher uma lacuna. Até então, não existia nenhuma alusão ao célebre cearense na internet.
A Repartição
Quintino entra numa repartição do governo - Comissão de Estradas e Rodagens. O tesoureiro, que, no momento, contava dinheiro, quis impedir a sua entrada.
- Não pode entrar, aqui é uma Repartição!
- Então cheguei em boa hora. Reparta comigo, diz o poeta.
Mas, o tesoureiro insiste:
- Doutor Quintino, isto aqui é uma comissão!
- Melhor ainda. Diz o poeta. - Quero "comer" também!
(Plautus Cunha - Anedotas do Quintino)
Fazendinha da Fome
Quintino, certa feita, foi convidado a passar um final de semana em uma fazenda de um conhecido. Lá chegando na sexta-feira à noite foi muito bem recebido pelo dono da casa e pelos serviçais. Apesar disso, passaram-se as horas e nenhuma comida era servida. Por volta do horário da ceia foi servido um caldinho de bila (consomê de feijão verde) acompanhado duma nesga de pão passado na nata, e pronto!
Passou-se assim o sábado, no mesmo modelo. Porém, com uma noite de apetitosos sonhos com pão de milho no leite do coco, coalhada, mel de rapadura, carne de sol, um alguidar cheio de farinha de mandioca e os beijus saindo de dentro, de quebra um copo de quibebe de murici ou um copo duplo da garapa de cana com limão. Acordou babando. Com as tripas revirando de fome vestiu as calças pulou a janela e logo no caminho recitou:
"Adeus fazendinha da fome
jamais me verás tu
aqui criei ferrugem  nos dentes
e teia de aranha no cu ".
(Enviada por Eristow Nogueira)
Quintino no bonde
Quintino entrou no bonde e procurou lugar para se sentar. Logo viu um assento vago ao lado de uma senhora com ares muito antipáticos. Mesmo assim resolveu se sentar e educadamente pediu licença:
- Por favor, posso me sentar?
A senhora olhou para o Quintino com desdém e perguntou:
- Com esta cara?...
Quintino não se fez de rogado e respondeu calmamente:
- Não senhora, com está bunda!...
(Do anedotário popular - Redação: Ceará-Moleque)
Fonte: Internet (circulando por e-mail e sem autoria definida).
Nota: Muitos causos de Quintino Cunha foram contados por seu filho Plautus Cunha, no livro Anedotas do Quintino. 16a Edição. Fortaleza-CE: Editora Ângelo Accetti, 1974.

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