terça-feira, 28 de dezembro de 2021

NATAL: tempo de renascer

Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)

Todos os anos é possível observar casas, lojas e ruas decoradas, anunciando a proximidade do Natal. Contudo, uma pergunta me inquieta: qual o real sentido desta festa? Acredito não ser o único a trazer essa inquietação no coração. Penso que muitos sentem que a superficialidade chegou à celebração deste evento da agenda cristã, tão sufocada por interesses consumistas e a vergonhosa manipulação e distorção dos símbolos religiosos. São excessos e despropósitos que maculam o verdadeiro sentido do Natal.

O secularismo e o consumismo obscurecem no coração humano o sentido e o desejo de celebrar. Afinal, como celebrar o mistério de um Deus feito homem, numa sociedade que vive praticamente de costas para Deus e destrói a dignidade do seu rosto presente em cada ser? Para muitos, pouco importa crer ou não que Cristo nasceu. Sua vida segue do mesmo jeito. Será? Muitos parecem não necessitar de Deus e não acreditar que a proximidade com Ele mude algo em sua existência.

Há muito tempo, alguns filósofos falaram da “morte de Deus”. Não será que a morte de Deus arrasta consigo, também, “a morte do homem”? Penso que isso possui uma relação direta. Quando se tira Deus do horizonte humano, abre-se espaço para que a dignidade humana seja violentada em toda a sua amplitude e se reduz a existência humana a nada. O Natal não pode ser a festa dos que se sentem distantes de Deus. O Deus que se aproxima nos atrai ao seu coração bom e misericordioso. No coração desta festa, há uma chamada para que absolutamente todos se aproximem de Deus, que se mostra na fragilidade de uma criança.

O Deus inacessível se fez humano e sua proximidade misteriosa nos envolve. No menino nascido em Belém, a verdade e a bondade de Deus pelas criaturas aparecem de maneira mais terna e bela. Não necessitamos do renascimento de Deus em nós? Que Sua luz brote em nossas consciências, que abra caminho em nossos conflitos e contradições.

Ele pode nascer em cada um de nós. Felizes os que, diante do barulho e de todos os apelos do mundo, ousam abrir o coração ao Deus Emanuel e O acolhem no presépio de seu coração sedento e agradecido. Esses viverão o Verdadeiro Natal...

(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do Seminário Apostólico de Baturité.

Fonte: O Povo, de 18/12/2021. Opinião. p.18.

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