Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Francisco, aluno do curso de contabilidade
de uma universidade carioca, era um jovem estudioso, responsável, dedicado e
sempre se destacava como o primeiro da turma. Suas notas variavam de 9 a 10.
Por outro lado, professor José era um exemplo de mestre. Já com certa idade,
porém cumpria rigorosamente com suas obrigações de mestre. Tinha o respeito e a
admiração de todos os alunos. Suas aulas eram muito concorridas, pois vários
alunos de outras turmas também participavam. Todavia, o professor José era
muito rigoroso e não admitia perguntas tolas e fora do assunto que estava
apresentando. Muitas vezes ficava zangado e respondia com rispidez. No entanto,
vale ressaltar, seu profundo conhecimento de contabilidade e ainda sua didática
positiva. Certa vez, o competente professor José dava uma aula sobre a
estrutura de um balanço contábil. Aula fundamental no curso de contabilidade.
Dizia ele: o balanço possui duas partes, ou seja, o ativo e o passivo. De forma
resumida, pode-se dizer que na primeira parte estão três itens básicos:
Disponível, Realizável e Imobilizado. Mostrou o que significava os mencionados
itens, de forma bastante clara, bem como suas composições e como poderiam
ocorrer alterações. Também de forma resumida explicou os dois itens do passivo,
o Não Exigível e o Exigível. Logo em seguida, os alunos começaram a fazer
perguntas e debater com o mestre modificações no balanço empresarial, déficit,
superávit, endividamento, empréstimos, aumento de capital, financiamentos, etc.
Tudo era explicado da melhor maneira possível pelo ilustre mestre. Querendo
provocar a turma, o professor José perguntou: qual é melhor ser devedor ou
credor? A resposta dos discípulos foi unânime: credor. Revidou o professor: e
quando o devedor não paga? Os alunos ficaram atônitos. Francisco, o melhor
aluno de todos, perguntou: qual a solução, professor José? O mestre respondeu
que seria o cartório. Francisco disse: se não resolver? O professor ficou
aborrecido e ressaltou: polícia, se não resolver, exército se não resolver,
aeronáutica para jogar uma bomba na casa do devedor. A turma ficou muda, com
sorriso reprimido e perplexa. Tal situação faz lembrar o grande Nelson
Rodrigues em “A Vida Como Ela É...”
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 17/02/2022. Ideias.
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