quinta-feira, 26 de agosto de 2021

A GRAVE RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E COVID-19

Por Paulo Eduardo Campelo (*)

O mundo vive hoje com duas pandemias graves e de grande impacto na vida das pessoas: a obesidade e a Covid-19. A obesidade, pandemia mundial do século XXI, mais do que duplicou desde 1980.

Em 2019, mais de 2,3 bilhões de pessoas no mundo têm excesso de peso. Nesse grupo, temos 650 milhões com obesidade - quantitativo que representa mais que o dobro da população dos Estados Unidos.

Um dado ainda mais preocupante são as 41 milhões de crianças com menos de cinco anos com excesso de peso ou obesidade em 2019, segundo a Unicef.

Com alto nível de gravidade, de forma rápida e crescente, há pouco mais de um ano enfrentamos a Covid-19, outra pandemia do século XXI, e, até o momento, são 128 milhões de pessoas atingidas no mundo.

Quando juntamos os dois graves problemas de saúde pública, não há um quadro favorável. O pior é a correlação entre as duas pandemias: pacientes acometidos pelo coronavírus com índice de massa corporal (IMC) mais elevados, ou seja, com obesidade, apresentam maior risco de hospitalização.

Estudo do Centers for Disease Control and Prevention (CDC-EUA) com quase 150 mil pacientes adultos internados com Covid-19 demonstrou que 50,8% tinham obesidade.

O mesmo estudo demonstra que, quanto maior a obesidade, maior o risco de internação e também de morte.

O risco de morte aumentou mais de 8% para os pacientes com obesidade grau 1 (IMC de 30 a 34,9) para 61% em pacientes com obesidade grau 3, com IMC igual ou maior que 45.

Fato é que já sabíamos da correlação da obesidade com as doenças cardiovasculares, o diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer e que as doenças cardiovasculares e câner são as doenças que mais matam no mundo em números por milhão de habitantes.

A obesidade é uma pandemia complexa e silenciosa, em evolução nas últimas décadas, de tratamento multidisciplinar e que ainda é negligenciada.

Já a Covid-19 é uma pandemia aguda e recente que pode ser agravada pela obesidade, mas que vacinas têm sido promissoras na prevenção e gravidade.

O nosso alerta é que ambas precisam de políticas públicas de prevenção, atenção e muito cuidado nas suas condutas para evitar mortes precoces. 

(*) Cirurgião geral e bariátrico.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/7/2021. Opinião. p.18.

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