terça-feira, 24 de agosto de 2021

PELA VACINAÇÃO DOS ESTUDANTES DA SAÚDE

Por João Macêdo Coelho Filho (*)

O processo de imunização em Fortaleza vem aos poucos avançando, com repercussão positiva na redução do número de casos de Covid-19 e da letalidade.

Foram cumpridas etapas importantes como a vacinação dos trabalhadores da saúde, dos idosos e dos grupos com comorbidades, graças ao empenho e à competência dos nossos gestores da saúde.

No momento em que já se inicia a fase de vacinação da população geral, percebe-se, no entanto, que um grupo com alta exposição ao vírus, e pertencente a uma faixa etária com aumento de casos e de mortes, ficou lamentavelmente esquecido.

Falo dos estudantes da área da saúde que estão em atividades práticas presenciais nas enfermarias, emergências, UTIs, centros cirúrgicos, ambulatórios e vários outros espaços institucionais.

Em algumas situações, o contato desses alunos com os pacientes é especialmente de risco, com exposição a aerossóis, como nas aulas de Otorrinolaringologia e do curso de Odontologia.

Ressalte-se que, em um momento de grande tensionamento do sistema de saúde, essas práticas são fundamentais, pois assegurarão o cumprimento das atividades acadêmicas e a consequente formação dos profissionais que atuarão na linha de frente do atendimento.

Temos como Universidade feito a nossa parte, honrando as colações de grau neste tempo de tantos desafios na área de saúde.

Porém, a não vacinação do alunato, embora não seja um fator que venha a impedir a realização das práticas, em face de todos os cuidados de biossegurança adotados e da não documentação de transmissão nas aulas, gera certamente insegurança entre discentes e docentes.

Determina possiblidades de evasão, suspensão de matrícula, e de prejuízos adicionais ao aprendizado. Até o momento somente os alunos concludentes e do Internato foram contemplados pela vacinação, ficando excluída a grande maioria que não se encontra nesse período.

Colocar a vacinação dos estudantes da área da saúde no rol da população em geral não nos parece justo.

Deveriam ter prioridade agora. Se todo o pessoal da saúde já foi vacinado, inclusive os que não estão na linha de frente, o que é muito bom, por que deixar de fora os alunos?

Solicitamos, respeitosamente, que os gestores e autoridades reflitam sobre esse ponto.

(*) Médico geriatra e diretor da Faculdade de Medicina da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/06/2021. Opinião. p.19.

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