O Instituto Militar de Engenharia (IME), integrado à estrutura organizacional do Exército Brasileiro, é uma instituição de ensino superior, responsável pela formação de engenheiros, em várias modalidades, para atendimento às necessidades de serviços de Engenharia do nosso exército e também de entidades da sociedade civil, visto repartir, igualmente, as suas vagas para a Ativa e a Reserva.
A excelência do ensino do IME, tradicionalmente reconhecida, manifesta-se no elevado padrão do engenheiro por ela diplomado, o que faz com que esse profissional seja alvo da cobiça do segmento privado, que não raro lhe oferece empregos, com salários tentadores, na certeza de estar assegurando, alto rendimento, via contratação desse recurso humano, notadamente diferenciado.
O ensino público, gratuito e, sobretudo, de alta qualidade, combinado com a boa aceitação no mercado de trabalho, para os civis, e a garantia da carreira de oficial militar, aos alunos da ativa, converte o vestibular do IME em um dos mais concorridos do país, não apenas numericamente, porquanto tratar-se de uma clientela de vestibulandos, posicionados entre os melhores de cada turma, e que se preparam para fazer exames que exploram conteúdos especiais, além daqueles usuais do segundo grau, e normalmente não cobrados nos concursos para ingresso em universidades, públicas ou privadas, de distintos pontos do Brasil.
No último certame, 2.419 candidatos disputaram as oitenta vagas, merecendo assinalar que, por local de inscrições, as três primeiras cidades que mais aprovaram e classificaram foram Rio de Janeiro, Fortaleza e São José dos Campos, respectivamente, com 31 (38,8%), 22 (27,5%) e 11 (13,8%), e juntas somaram 80% das vagas. O resultado do Rio, especialmente, prende-se ao fato de deter a maior concorrência (36,1%), face à localização do IME na capital carioca, enquanto o de São José dos Campos reside, certa e principalmente, na existência de um grande “cursinho” preparatório, com exclusividade, para os vestibulares tidos como dos mais difíceis do Brasil.
Contudo, os números atestam, de modo inegável, que a melhor “performance” nacional, foi a de Fortaleza, ostentando 16,1% de aprovação, mais que o dobro da média nacional (7,3%), e confrontando com os auferidos em outros centros, como Rio de Janeiro (7,8%), São Paulo (4,5%) e São José dos Campos (14,6%).
Os “cabeças-chatas” alencarinos assumiram ponderável parcela das vagas e revelaram desempenho superior, nesse vestibular do IME, para 2006, mercê da capacidade pessoal de cada um, porém na dependência direta do aprendizado propiciado por boas escolas particulares, e do esmerilamento proporcionado por alguns colégios locais, que mantêm turmas especiais para os chamados “Vestibulares do Sul”; só para exemplificar: um deles, o Farias Brito, aprovou na primeira chamada 11 alunos dos 80 incluídos na listagem inicial de aprovação. No resultado final, dos 48 cearenses aprovados para o IME, 26 eram originários do Farias Brito e 22 egressos de outras escolas de ensino médio, com boa presença no Estado, diga-se de passagem.
O possível sentimento de perda, esboçado por pais desses exitosos adolescentes cearenses, é, em parte, sublimado por esses familiares, diante da convicção de que, apesar da saudade, seus filhos obterão uma formação melhor, ganharão em autonomia e terão maior chance emprego futuro. Não há, todavia, maiores prejuízos para as universidades cearenses, mesmo perdendo algumas dezenas dos melhores "cérebros", da área tecnológica, para institutos localizados no Rio ou São José dos Campos, porque ainda sobram candidatos com excelente nível para ascenderem às vagas aqui ofertadas.
* Publicado In: Jornal O Povo. Fortaleza, 26 de abril de 2006. Caderno A. p.7.
"Ainda Estou Aqui"
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