NEGRO FUGIDO
Tobias Monteiro - "O Jornal", 5 de dezembro de 1925
Conduzido, com a família imperial, para o cais Faroux, afim de embarcar na lancha que o devia levar para bordo do Parnaiba, o imperador Pedro II não deixava de protestar:
- Não embarco; não embarco a esta hora!
E ao braço do Conde d'Eu, que o puxava docemente:
- Não embarco a esta hora, como negro fugido!
REGIMES NOVOS, HOMENS NOVOS
Alfredo Pujol - Discurso na Academia Brasileira de Letras
Fiel ao imperador exilado, de quem se fizera amigo, e cujas nobres qualidades sempre engrandeceu, o conselheiro Lafayette absteve-se de qualquer solidariedade com o novo regime. Tendo-lhe alguém perguntado por que não intervinha na organização das novas instituições, objetou:
- Regimes novos requerem a direção de homens novos. Veja o exemplo do conselheiro Saraiva, o chefe liberal de maior prestígio no segundo império... Foi deputado à constituinte republicana. Apresentou uma infinidade de emendas ao projeto de constituição, e viu-as quase todas, senão todas, rejeitadas pelos cadetes da República!
A SOBERANA DO MUNDO
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 111
Com a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823, foram presos diversos deputados, e, entre eles, Antônio Carlos. Recebida a ordem de prisão, marchou o brilhante parlamentar à frente dos oficiais. Ao passar, porém, junto a unia das peças de artilharia postadas em frente ao edifício da Câmara deteve-se, respeitoso.
- Obedeço à soberana do mundo! - disse, numa continência.
E passou adiante, sorrindo.
A LISONJA
Narrado por Lauro Müller
Desde o seu aparecimento na política nacional, patenteou João Pinheiro as suas altas virtudes de homem de Estado. Eleito presidente de Minas, Lauro Müller, seu amigo íntimo, chamou-lhe a atenção para os perigos da bajulação.
- Toma cuidado com os bajuladores, João. Eles são os nossos maiores inimigos. Não te atordoes com a lisonja!
Ao fim de alguns meses, encontraram-se os dois amigos em Belo-Horizonte, onde João Pinheiro era louvado e "engrossado", como possível sucessor de Afonso Pena.
- Então, como vão os bajuladores? Tem sido muito incensado?
- Ah, meu velho, - respondeu o republicano mineiro, - que gente intolerável!... que coisa indigna, a lisonja...
E em voz baixa, rindo:
- Mas, deixe estar, "seu" Lauro, que é bom como o diabo!...
PALAVRA DE IMPERADOR
Henrique Marinho - "O Teatro Brasileiro", pág. 53
Fernando de Almeida, empresário teatral, havia mandado vir da Europa uma companhia dramática, que aqui chegou em 1829, no dia mesmo em que falecia esse empresário. Abandonada a companhia, os artistas lastimavam-se por toda parte, como um rebanho que tivesse perdido o pastor. E era um desses atores que se queixava, quando ouviu, de repente:
- E não estou eu aqui?
Era Pedro I, o qual, nesse mesmo dia, nomeou uma comissão para dirigir oficialmente a companhia.
AS LEIS
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 78.
D. José da Cunha Azeredo Coutinho, bispo de Pernambuco, falecido em 1821, foi um dos prelados mais ilustres que o Brasil tem possuído. Certo dia, falava-se sobre leis.
- As leis, meu filho... - fez o sacerdote.
E definiu:
- As leis são teias de aranha que servem para apanhar insetos, mas que se deixam romper pela pressão de qualquer corpo mais pesado!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)
Uma bossa nova sobre a série de Fibonacci
Há uma hora
2 comentários:
mto interessante seu blog
Caro Jailson Zanini,
Muito obrigado pelo estímulo. Espero continuar oferecendo um blog contendo assuntos diversificados e atraente ao público que o acessa.
Marcelo Gurgel
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