sábado, 24 de abril de 2010

DESPEDIDAS DE UM VICENTINO PARA O DR. VINICIUS

Como poderia pressupor que a minha visita ao Vinicius, na tarde do domingo – dia 11 – no Hospital São Mateus, fosse o último adeus, pois apenas dois dias depois, já em seu lar, confortado por seus queridos familiares, partiu para a eternidade.
Imbuído de fé indômita e robusta, alicerçada na solidez granítica de profundos conhecimentos, vivendo plena e estoicamente segundo os ensinamentos do Divino Mestre, calcaste, Vinicius, teus atos nos preceitos evangélicos, onde hauriste forças suficientes para os embates incessantes dos tufões que se desencadeiam no “mare-magnum” da existência.
Foste modelo de batalhador incansável, numa vida de muitas lutas, de dignidade, de amor ao próximo, de insigne historiador e de conselheiro nas horas difíceis.
Não se pode esquecer o teu semblante sereno e acolhedor, a tua alegria de viver, um dom indizível de Deus, o teu entusiasmo, o teu desprendimento, a tua simplicidade, tuas mãos sempre estendidas para doar.
Na longa caminhada de quase 90 anos, cercado por esposa e filhos e tantas outras pessoas, que contigo colaboraram na seara do Senhor, te propuseste a realizar os planos de Deus, tendo como lema: servir!
Fundaste, em 25 de maio de 1.988, a Conferência Vicentina Nossa Senhora Mãe da Igreja, aqui representada por vários de seus confrades e que, há 22 anos, vem desenvolvendo uma atividade profícua em prol das pessoas carentes.
Em teu fecundo apostolado, todo ele enaltecido pela abnegação, pelo heroísmo e pelo labor incessante, o espírito filantrópico e altruísta sobrepairou altaneiro, guindando-se nos píncaros, onde são glorificados os apóstolos do bem e da verdade.
Se escultor fosse, esculpiria uma estátua, cujo semblante sereno e acolhedor, espelhasse sempre o teu ideal: as mãos estendidas, prontas para o gesto de um longo abraço, como se quisesse pousar sobre as mazelas deste mundo e transformá-las em quietude e felicidade, num amplexo longo e cristão, que envolvesse todos: os pobres, os esquecidos, os aflitos, os negros e brancos, os necessitados e os abastados. A estátua teria, ainda, uma capa ampla como a de São Vicente de Paulo, mas estranhamente sem botões, para que pudesse ser ofertada, a qualquer momento, sem paga ou recompensa, aos que estivessem tristes, revelassem desânimo e àqueles que tivessem fome ou necessidade de uma palavra amiga.
Vinicius, baluarte da Igreja Católica, baluarte da Sociedade Médica São Lucas, baluarte da Sociedade de São Vicente de Paulo, modelou seus atos nos Santos Evangelhos, e, no ocaso de sua vida, pôde afirmar como São Paulo, em sua segunda carta a Timóteo: “Combati o bom combate. Terminei a minha carreira, guardei a fé”. (II TIM 4,7).
Obrigado
Narcélio Sobreira
19.04.10
* Texto lido pelo autor na Missa de 7º Dia do Dr. Vinicius Barros Leal

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog